*Capítulo Bónus* KAI

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* ATENÇÃO: Este capítulo não é continuação do capítulo 30

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* ATENÇÃO: Este capítulo não é continuação do capítulo 30. É um capítulo bonús, que realmente teve lugar semanas antes do ponto em que nos encontramos na história.


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– Sabes, miúdo, esta não é a primeira vez que me acorrentam. E, ao contrário de ti, posso ficar aqui uma eternidade. – Um sorriso provocativo desenhou-se nos lábios do kakoi.

Kai avançou, mais uma vez, sobre ele e deu-lhe um soco. Sentiu os nós dos seus dedos latejarem depois do golpe. Não estava a chegar a lado algum. Já ali estavam há mais de três horas, e ele ainda não lhes tinha dito nada com relevância para eles. O seu ombro reclamava da força exercida, o seu estômago de fome e os seus olhos de cansaço. Acreditava que até o prisioneiro encontrava-se cansado, embora estivesse a manter a fachada que tudo estava a diverti-lo.

– Isso não passa de um eufemismo.

O kakoi semicerrou os olhos. – Quando me soltar, criança...

– Deixa-me adivinhar. Quando te soltares, irás fazer-nos sofrer por cada segundo? – Kai seguiu a voz, embora soubesse quem era. Reconhecê-la-ia em qualquer lado.

Annaleah, encostada a um dos cantos do armazém, analisava as suas unhas, como se tudo o que estivesse a acontecer não fosse de grande importância para ela. Ele estava tão absorvido pelo seu cansaço que nem deu por ela a entrar.

Apesar da sua diminuta altura, Kai sabia que a rapariga era muito mais forte do que parecia. Muito magra, com os maiores olhos azuis que alguma vez vira em alguém, já lhe salvara a vida incontáveis vezes. Os anos passados a seu lado a lutar faziam dela a pessoa em quem ele mais confiava. Depois do seu irmão, Aidan, claro.

Obrigou-se a tomar atenção ao que estava a acontecer ao seu redor. Era precisamente por causa de Aidan que tinham aquele kakoi à sua frente, acorrentado a uma cadeira. Sentiu um arrepio inequivocamente a subir-lhe a espinha. Precisavam de descobrir algo. Ele era a sua última oportunidade para descobrirem o paradeiro do irmão.

O prisioneiro soltou uma gargalhada. – Contigo, farei muito mais do que isso. É uma promessa.

– Espero que tenhas aproveitado bem o teu milénio, depois de teres vendido a tua alma aos demónios – Annaleah ripostou.

O conhecimento geral era o de que ninguém sabia ao certo como os kakoi se tornavam neles mesmos. Somente se sabia que quando uma criança nascia com os olhos escuros, oito anos depois ela iria ser levada pelo exército kakoi para o lugar mais protegido de toda a Cidadela – o Quartel. Dez anos depois, essa criança iria sair, mas completamente modificada e do lado do Estado. Porquê somente crianças de olhos escuros? Ninguém sabia. O Presidente fazia questão de encobrir bem o que ali dentro se passava.

Kai, porém, sabia identificá-los e matá-los. Aliás, tanto ele como a rapariga sabiam bem o que estava à sua frente.

– Isso é tudo inveja, rapariguinha?

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