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O ser humano é dos animais mais adaptáveis, recordo as palavras que sempre me foram ditas desde pequena

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O ser humano é dos animais mais adaptáveis, recordo as palavras que sempre me foram ditas desde pequena. A qualquer situação com a qual sejamos confrontados conseguimos sempre arranjar uma forma de sobrevivermos.

Não há muito que se saiba sobre o novo Estado desde que foi instituído. Grande parte desse secretismo leva-se a questões que transcendem a compreensão humana, porém não a minha.

Eu tinha oito anos quando fui levada dos braços do meu pai por um kakoi. Disseram que era o dever de todos os cidadãos entregarem os seus filhos. Pelo menos essa é a sua campanha em todas as aldeias e agrupamentos por onde passam mensalmente. A maioria deixa-os raptarem os seus filhos sem luta, pois alegam ser grandes apoiantes do Estado. No entanto deduzo que nessa noite, e nas seguintes, a culpa os consuma. Entretanto esse sentimento atenua. Mas isso não aconteceria se sequer desconfiassem para onde os seus filhos estão a ser levados.

Lembro-me de ser colocada na parte trás de uma carrinha sem janelas com mais dez outras crianças todas com idades semelhantes à minha. Na altura obviamente não entendi o motivo. Ninguém espera que o inferno realmente exista e sequer considera que seja para lá que nos estejamos a encaminhar.

Chorei o caminho todo. Nunca fui de gostar muito de estar acompanhada de estranhos. Talvez se deva mesmo da minha personalidade ou de toda a protecção que o meu pai me infligiu. De qualquer modo, chorei sem parar, mas o mais baixo que pude. Não ia permiti-los ver as minhas lágrimas.

O local para onde fomos levados é um velho edifício prisional que foi aproveitado e reconstruído como base para o exército kakoi, que posteriormente vim a saber que denominam por Quartel. Na minha visão da altura, o edifício era uma torre sombria que só de olhar para ela me provocava um arrepio na espinha.

Não me recordo de muito mais dessa noite. Sei que fomos levados para um dormitório, onde se encontravam centenas de crianças com as mesmas características que nós, só que de diferentes idades. Nessa noite, dormi entre intervalos desejando que o meu pai me fosse buscar.

Os meus próximos dez anos foram uma ininterrupção de dor e terror Pois aqui está o que os pais queridos não sabem quando não lutam pelos seus filhos quando são levados: eles vão tornar-se nas cobaias do Estado. Os meus dias foram passados entre treinos madrugadores de como nos defender e matarmos quem precisássemos, tardes no laboratório a ser injectada com estirpes diferentes até encontrarem a quantidade certa para o meu organismo, e noites de agonia e sofrimento com os efeitos que tudo provocavam em mim. Nós éramos e somos o protótipo do homem invencível que o Estado deseja para se tornar o maior opressor que a humanidade já conheceu.

Sentada na cama, de volta ao esconderijo subterrâneo, encolho-me o mais que posso. Abraço as minhas pernas numa tentativa de controlar a torrente de sentimentos que me inundam a alma e a mente.

Nunca mais quero voltar àquele sítio. O que resta de mim quebra-se em pedacinhos ainda mais pequenos só de pensar nisso.

Nunca mais quero sentir o monstro em mim a despertar.

Nunca mais quero sentir o monstro em mim a despertar

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Ideias:

Eu sei que este capítulo é muito pequenino em comparação ao que costumo publicar, mas escrevi-o num ímpeto de mostrar-vos um pouco do passado da Imogen. Ainda falta muito sobre o que ela viveu, mas assim já têm uma pequena ideia do que são feitos os kakois e porque são assim.

O que achas da nossa protagonista?

Não te esqueças da estrelinha.

Atenciosamente,

a autora.

Filhos das RuínasDonde viven las historias. Descúbrelo ahora