XXXVIII - DE VOLTA À LAUCANA

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Lirah caminhava por um corredor aberto. O chão era pavimentado por ladrilhos escuros e ásperos, as colunas eram de mármore branco — coberto por trepadeiras de flores azuis — na qual suspendiam o outro piso superior. A vista era para a floresta densa e ao longe no horizonte um cânion. A paisagem era espetacular, principalmente ao amanhecer como naquela ocasião. Aquela grande estrutura era o novo Instituto, construído há séculos, tão grande quanto o de Sagnows. Não se assemelhava como um castelo como no passado e nem mesmo eram divididos em duas estruturas, agora era única, se localizando próximo às Colinas das feras. O antigo Instituto ainda existia em ruínas, onde a relva já havia coberto guarde parte dele. Estava ali como um grande marco ou uma péssima lembrança, onde muitos morreram lutando e ali eram eternamente homenageados.

Os passos da maga sapateavam no piso, ela caminhava com certo receio. As suas mãos suavam abraçadas ao um groso livro de capa de couro. Sentia as suas bochechas corarem ao se aproximar de seu destino. Os cabelos vermelhos e curtos dançavam em seus ombros com o movimento de seu corpo e a franja caía sob seus olhos rubros. A brisa fria da matina balançava o tecido leve de seu manto, desenhando os contornos de seu corpo.

Lirah virou o corpo para a entrada de uma ala. Dava a um outro corredor que se tornava escuro a medida que se aprofundava em seu interior. Claro, apesar de parecer bastante desprotegido, o local estava selado por um encantamento dos bruxos.

A jovem maga deslizou a mão no ar e tocou na barreira que impedia qualquer um de entrar ali, mesmo por teleporte. Embora ela haver sido obrigada a se tornar caçadora, ainda estudava bruxaria — mesmo sendo proibida disso. Millo sempre a auxiliou lhe arranjando livros importantes, tendo o bruxo permissão de Ganna secretamente.

Lirah carregava no pescoço um conjunto de colares diversos, incluindo o cristal de teleporte. Ela segurou um pingente de prata em formato de pentagrama — Sendo este pertencente à Millo e também sendo um item obrigatório a todos os bruxos. — Era um objeto encantado para realizar rituais, sendo desnecessário desenhar a estrela. A maga retirou o colar do pescoço e colou o pingente na barreira em sua frente. Era só recitar uma frase sidelênica para quebrar a barreira.

Lifárius enisahus. — Ela falou mentalmente.

Nem precisou bastante esforço, a barreira invisível se desfez como um manto que caísse lentamente no chão. Lirah recolocou o colar no pescoço, respirou fundo e adentrou-se. Caminhava silenciosamente sem olhar ao redor. Eram celas com grades de ferro, mas todas estavam desocupadas, menos uma. Era um tipo de prisão especial, feito apenas para membros da própria seita para aguardarem algum julgamento. Ela chegou até a última cela e olhou para o interior onde um homem ali estava deitado em algum tipo de colchonete. Ela segurou na grade com uma mão e observava tristemente.

O homem apesar de estar deitado e com o corpo coberto pela metade por um lençol, ele estava com os olhos bem abertos. Os seus cabelos claros estavam bem maiores que o de costume, as suas expressões faciais estavam marcadas pelo tempo e o corpo que era robusto e musculoso estava um tanto mais franzino. As tatuagens na face pareciam mais foscas e cinzentas e até mesmo o olhar para o vazio parecia não ter esperança alguma. Lirah tremeu os lábios, tentou conter o choro, mas o homem já havia notado a sua presença.

— Você novamente. — O homem falou, sem mover os olhos. — Não deveria estar aqui.

— Você sabe que sempre venho. — Ela sorriu, timidamente.

— Você se arrisca, Lirah. — Ele se sentou e olhou para ela. — Não vale a pena isso.

— Eu só... queria que visse ver comigo o Sol sair atrás dos montes. E... — Ela olhou para o livro em suas mãos. — Também lhe trouxe isso. São antigas fábulas. Vai lhe ajudar a passar o tempo.

Legend - O Feiticeiro Oculto (Livro 2) EM REVISÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora