XXII - OS GUARDIÕES

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Salomon olhava em volta dando alguns passos em frente. Enxergava apenas um terreno seco e grandes paredões de rocha vermelha. Ao longe, grandes dunas formavam um mar de areia e até o horizonte amarelo não se via mais nada além do deserto. Diferente de Karkariá que era noite, ainda era dia em Mengie e o sol jazia escaldante acima das cabeça dos seguidores. O portal por trás deles se fechou subitamente, como se dissipasse com o vento, que aliás, a brisa seca jogava areia sob os olhos dos seis jovens.

O ancião olhou para eles, mesmo com a face escondida demostrava certa preocupação. Era perceptível que algo não muito agradável estava acontecendo.

— Vocês sabem que em Mengie existe apenas um único local e em um único lugar que um portal pode ser aberto. Aqui mesmo em Méyrios, o bosque das fadas. Pelo o que podem ver, algo muito sério aconteceu. Até um ano atrás não existia esse deserto.

Os jovens entreolhavam-se sem fazer ideia do que dizer a respeito, mas Meicy tomou a inciativa e a coragem de falar.

— O que pode ter feito isso?

— Não faço ideia. — Salomon respondeu de imediato. — Mas para qualquer feito, estamos aqui para investigar. — Salomon virou o corpo. — Vamos andando! Procurar um lugar que haja sombra e aguardar os dois guardiões para darmos início ao treinamento deles.

Todos concordaram e se puseram a caminhar no terreno seco e buscavam mirar seus olhos para a próxima sombra a vista. Kainã já ofegava, sedento. Tão acostumado ao clima frio de Hidda para chegar naquele deserto flamejante. Olhou para a sua irmã ao lado.

— Esse lugar é horrível! — Ele comentou.

— Pois acostuma-se! Há lugares bem pior que esse.

— Não duvido. — Ele suspirou entediado. — E para piorar ainda mais, esse mundo é selvagem! — Ele fez uma expressão rancorosa. — Odeio viver no passado!

Lirah olhava para os próprios pés, analisando a areia que pisava. Ela tentava esconder um sentimento ruim que a abominava. Uma péssima sensação, quase como que percebesse uma presença maligna naquele lugar. Meicy percebeu a preocupação provinda dela.

— O que há Lirah? — Ele perguntou.

Lirah manteve o seu silêncio, porém, Millo do outro lado também a questionou.

— Também está incomodada com o calor? — O índio perguntou.

Lirah sorriu com a pergunta. Geralmente o calor lhe fazia bem, tanto que a sua pele alva ficava bem mais corada com aquele clima. Entretanto, não era isso que a angustiava. Ele olhou para Salomon, que estava distante o suficiente para escutar murmúrios.

— Há algo estranho nesse lugar. — Ele disse no tom mais baixo o possível. — Uma energia ruim.

Meicy observou o local desértico e compartilhava da mesma sensação que a amiga.

— Melhor falarmos sobre isso depois. — Ele pediu em voz baixa. — Fiquem atentos para qualquer aparição no plano espiritual.

Millo gelou repentinamente. Mal haviam chegado a Mengie e já estavam diante de um suposto problema. Tentou não pensar muito nisso e prestar atenção no caminho que seguia. Eles já estavam próximos a sombra de um gigantesco paredão de pedra, entretanto, avistaram dois semblantes desconhecidos. Mesmo a distância, notava-se uma mulher e o mais inusitado, um homem bem alto, magro e de cor de pele extremamente azul escuro.

Legend - O Feiticeiro Oculto (Livro 2) EM REVISÃOWhere stories live. Discover now