XLVI - A SENTENÇA

39 5 0
                                    


 Meicy abriu os olhos e ergueu a face. Kelmo abaixou a espada e olhou para a maga.

— Meicy! — Lirah pediu. — Não se entregue! Não faça isso!

— O que pensa que está fazendo? — Kainã esbravejou no ouvido dela, segurando-a pelos cabelos.

Lirah o ignorou.

— Por favor... Lute por sua vida. Você é inocente. Você está vivo, você não é culpado pelo desaparecimento de Isth. Não permita que a seita o puna injustamente.

Meicy queria concordar com ela, mas ela havia se esquecido das pessoas que ele matou no Instituto.

— Obrigado Lirah, por se preocupar, mas... eu não consigo me controlar. — Meicy falou infeliz.

— Não, Meicy!

Lirah se encontrava em uma tormenta sem fim. A sua vontade era a de agir, de invocar suas chamas e de se livrar de Kainã, e assim poder salvar Meicy. Porém, ela tinha medo. Era covarde demais para poder desafiar a seita dessa forma. Infelizmente.

— Por favor! Fuja! Eu não quero te perder de novo!

Kainã perdeu a paciência, com força ele jogou a maga contra o chão.

— Eu já me cansei de você e essa choradeira! — Ele berrou. — O que pensa que está fazendo? Traindo a seita que te acolheu?!

Lirah o fitava horrorizado. Estava paralisada pelo medo, sentia o seu corpo trêmulo e o estômago revirar em um enjoo demasiado. Parecia que suas forças haviam sido sugadas. Prestou atenção quando o seu marido desembainhou a espada.

— Você é tão inútil quando a minha irmã e tão desgraçada quanto esse feiticeiro imundo! Nem mesmo para a minha diversão você soube me agradar. Merecia isso há muito tempo. Morra vadia!

— KAINÃ! — Kelmo correu desesperadamente e por mais rápido que corresse parecia estar em câmera lenta.

Kelmo sabia que não conseguia chegar a tempo para deter Kainã. Tocou em seu colar de teleporte e desapareceu com a luz branca, mas quando reapareceu próximo a cruzar a sua espada contra a do irmão, o seu corpo foi jogado subitamente por uma força inexplicável. Não somente ela, mas todos que estavam ao redor de Meicy foram varridos, sendo jogados contra as árvores, até mesmo a Lirah.

Meicy estava de pé, punhos cerrados, olhar penetrante e um semblante assustador. O seu poder exalava no exterior, contornando o seu corpo em uma aura esverdeada. As mechas de seus cabelos chicoteavam no ar como se uma forte brisa os açoitasse.

Kelmo estava deitada na grama, junto às raízes de uma árvore. Estava atordoada ainda tentando entender o que tinha acontecido. Sentia fortes dores pelo impacto e mal conseguia se mover, mesmo assim, tentou se erguer. Gemendo e com os braços bambos, se levantou apoiando no tronco da árvore. Ela olhou em volta. Alguns caçadores tiveram mais sorte com o impacto e já estavam em pé, no entanto, um tanto relutantes.

Kainã ainda gania, ele havia chocado contra uma árvore. Deveria ter quebrado alguma costela. Ele resmungava e praguejava o feiticeiro. Kelmo pensou em ir ao encontro dele, mas, seria melhor evitar contato com o seu irmão.

Lirah continuava deitada, com o corpo em posição fetal. Ela estava em choque, percebia pelo seu corpo trêmulo, mas fisicamente não parecia estar ferida. Millo e os seus filhos tentavam se erguerem lentamente, ainda sentindo o impacto no copo.

Legend - O Feiticeiro Oculto (Livro 2) EM REVISÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora