XXIX - A CAVERNA DE CRISTAL

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Meicy buscava se concentrar, mas o medo vencia a sua mente. De qualquer maneira, aquela era a única maneira de salvar Kelmo. A caçadora estava deitada, com os lábios manchados de sangue e vários ossos quebrados. O seu choque contra um paredão rochoso — quando Haiko a atacou — fora bastante violento. O jovem feiticeiro praguejava o elfo em pensamento, entretanto, a sua preocupação para com a caçadora era bem maior que alimentar a raiva contra o demônio naquele momento.

Eles estavam sob o mesmo paredão rochoso em que Kelmo foi jogada. Meicy tentava usar o seu poder de cura, pausando as suas duas mãos sob o tronco da jovem desfalecida. Ele estava impaciente, a luz verde penetrava naquele corpo enfraquecido já fazia mais de dez minutos, porém, sem sucesso. Ela havia se machucado bastante.

— Vamos Kelmo! Sobreviva! — Meicy clamava. — Por favor... — Ele sussurrou, procurando ainda um pouco de esperança que lhe sobrava.

Lembrou-se das palavras de Haiko quando ele o chamou de fraco. Ele deveria estar certo? Não! Ele não poderia estar. Meicy não era fraco, só ainda não estava preparado para derrotá-lo. O jovem feiticeiro se animou com esse pensamento, com isso, fortaleceu o seu poder de cura. Ele iria se fortalecer, custasse o que custasse, nem que para isso deixasse as trevas o dominar por vez.

Kelmo tremeu as pálpebras e franziu o cenho. Ela estava despertando. Meicy dissipou o seu poder imediato, temendo ser descoberto pela caçadora. Por sorte, ela não havia percebido. A jovem abriu vagarosamente os olhos reptilianos, embora ainda a sua visão estar bastante turva ela reconheceu o semblante embaçado de Meicy.

— Meicy? — Ela perguntou, tentando se levantar.

— Não se levante! — Disse Meicy, segurando nos ombros da caçadora. — Fique deitada. Irei preparar um chá com arniteia e limo. É ótimo para dores internas.

— Mas... Eu não sinto nada.

Meicy ficou em silêncio, pelo visto, havia funcionado. Kelmo estava curada e sem nenhum dano. Ele preferiu manter a sua atenção em sua bolsa com seus acessórios e ervas.

— Meicy! Onde está ele? Onde está o demônio? — Kelmo questionou, impaciente.

Meicy suspirou.

— Não se preocupe, ele já foi embora.

— Como assim ele foi embora? — Kelmo se pôs sentada. — Ele iria nos matar! O que aconteceu?

— Kelmo, esqueça isso e deite-se! Ele não está mais aqui!

Meicy tentava ser gentil e transmitir plenitude, mesmo sabendo que não conseguia controlar o tom de sua voz. Kelmo não estava satisfeita com aquelas respostas. Ela o encarou, como se tentasse estudar as suas expressões faciais.

— Você lutou com ele? — Ela perguntou e percebendo o silêncio dele, considerou aquilo como uma afirmativa. — O que você pensa que fez? Você é só um bruxo! Não pode lutar!

— Se eu não fizesse nada, ele iria nos matar.

— Que nos matassem! Eu não admito ser salva por um bruxo. E ainda por cima nem o derrotou. Seu verme insignificante! Gostaria de saber por que ainda está vivo?

Kelmo se levantou, olhou ao redor e encontrou a sua espada no chão. Não pensou duas vezes e a recolheu.

— Aonde pensa que vai? — Meicy perguntou.

Legend - O Feiticeiro Oculto (Livro 2) EM REVISÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora