Capítulo XIX. Adiante

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Youra

— Meus pais já virão me buscar para...

— Quinze minutos, só quinze minutos! — Taehyung me interrompeu ao me puxar para fora de casa e entrar em seu lar, abrindo a porta com determinada destreza. — Eu quero mostrar algo a você.

As duas semanas haviam passado com determinada pressa, a qual somente percebi quando recebi uma mensagem de minha mãe, avisando-me que voltariam para a cidade com o intuito de me levar para a capital. Eu arrumava minhas vestimentas em uma mala quando Taehyung apareceu logo pela manhã, com a energia obstinada de uma criança e me levou para sua casa, cujos degraus da escada quase me levaram ao chão diversas vezes ao tentar acompanhar seus passos longos.

Desde àquela manhã quando me fotografou, Taehyung se mostrara cada vez mais afável e de uma energia invejável, seus olhos tinham um brilho embutido indecifrável, no entanto, sua alegria era facilmente contagiosa ao me balançar de um lado para o outro em um abraço caloroso. Então, de todos os lugares que já visitei, descobri que o meu favorito era no aconchego de seus braços ao me rodearem, trazendo-me a segurança de um porto seguro, sentia-me cada vez mais confiante perante minhas palavras.

Com sua mão segurando meus dedos, ele me guiou até uma porta e parou por um tempo, escrutinando cada detalhe dos desenhos encrustados na madeira. Em seguida, Taehyung apertou com mais força o nosso contato e respirou antes de se virar para mim.

— Eu nunca mostrei para ninguém esse cômodo. — Falava devagar, como se estivesse medindo suas palavras. — Ele meio que faz parte de mim. — Segurou a maçaneta e eu mordi o lábio inferior, curiosa. — E queria muito sua ajuda.

Então, ele abriu a porta e um quarto branco invadiu meus olhos. Sem móveis, exceto por um armário de mármore, as paredes eram preenchidas por fotografias presas a um fio de fibras de bambu e um ar álgido serpenteou por nós dois quando eu pude ver com certa nitidez cada momento capturado. Eu estava boquiaberta: na extensão de todas as quatro paredes era preenchida por trabalhos de Taehyung e, naquele momento consegui assegurar com todas as palavras que ele foi moldado para pertencer àquele ramo.

— Você fez tudo isso? — Perguntei ao me virar para ele.

— As fotografias, as decorações...

Calou-se quando me aproximei de uma em específica. As mãos diminutivas de Wook seguravam o dedo indicador de Haneul e eu estreitei os olhos, lembrando-me de cada relato de Taehyung sobre seu passado. Direcionei meu olhar para as fotografias superiores. Havia uma de Haneul encarando sua aliança deitada em um sofá. Outra também focalizava nela, no entanto, com o detalhe de sua barriga proeminente enquanto fitava-a embevecida o ser humano que carregava. Todas as imagens representavam o passado de Taehyung.

O que eu esperava ser domada por um sentimento de egoísmo e de inveja, na verdade, foi vencido pelo zelo da felicidade de Taehyung. Em cada momento capturado, eu poderia dizer em alto e bom som de que ele foi feliz com Haneul.

Mergulhados em um silêncio nostálgico, permiti-me aventurar sobre o passado de Taehyung, associando cada fotografia com uma parte de sua história e somente percebi que sorria quando pude ver minha imagem refletida em uma câmera pendurada em um dos cantos da sala. Recobrando-me para o presente, balancei minha cabeça para os lados e voltei meu olhar para Taehyung, que me fitava com certo brilho embutido.

— Você queria minha ajuda com o quê exatamente? — Perguntei e ele piscou os olhos algumas vezes, como se também estivesse despertando de um estupor.

Um sorriso consternado se aflorou com delicadeza em seus lábios e ele se direcionou ao armário, abrindo-o e revelando sua coleção de câmeras fotográficas. Agachando-se na parte inferior da cômoda, puxou uma gaveta que estava preenchida por álbuns e pegou um deles. De uma madeira com adornos em dourado, Taehyung me entregou o álbum e eu o segurei, ainda com uma interrogação pincelada em meu semblante.

Fotografia DesbotadaWhere stories live. Discover now