Capítulo XVIII. Desavença

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Youra


Quando o sinal de encerramento das aulas soou pelos corredores em estampidos espaçados junto ao anúncio de que as notas da prova de biologia estavam no mural direcionado ao terceiro ano, mais do que rapidamente os alunos guardaram seus materiais e se amontoaram sobre o painel do corredor. Eu estava mais do que ansiosa, entretanto, enfrentar aquele mar conturbado de pessoas me obrigou a fazer um esgar com a boca quando Mi Hee me convidou para segui-la a fim de verificar suas excelentes notas.

Ainda sentada, esperei com certa calma a sala se encontrar em um silêncio quase aconchegante, que foi dissipado por completo quando Hoseok adentrou novamente saltando até parar diante de mim e de So Ah, que mexia com determinado desinteresse em seu celular.

— Um perfeito 8. — Ele disse em um tom alto, quase gritando, o que obrigou minha amiga contrair suas feições em uma careta.

— E vou dar um perfeito soco em você se não se controlar.

Suas palavras pareceram não surtir efeito algum em Hoseok, pois, ao ver Mi Hee entrando na sala com a postura relaxada, ele correu até ela e a levantou em um abraço de urso. Com o semblante transfigurado pelo susto, Mi Hee se apoiou nos ombros dele e nos olhou com uma pergunta desenhada em seu cenho franzido.

Eu sou o namorado mais sortudo desse mundo! — Exclamou ao colocá-la no chão e entregar um beijo no topo de sua cabeça.

Em um ato de repulsa, So Ah revirou os olhos, contudo, no instante seguinte, ao se deparar com Ji Soo balançando as mãos com a finalidade de chamar a atenção de minha amiga, o sorriso mais complacente dela foi aberto e eu, somente pude me debulhar em uma risada curta.

— Você está igualzinha ao Hoseok. — Sussurrei para So Ah e ela bagunçou meus cabelos antes de partir para se encontrar com Ji Soo. — Não tem moral alguma para debochar do Hobi.

Concedendo-me ao silêncio que permeou pelos corredores no espaço de quinze minutos, deixei um suspiro modelar meus lábios ao colocar sobre meu ombro minha mochila e caminhar até o painel de notas. Minhas mãos estavam suadas. E, por consequência de um nervosismo iminente, respirei profundamente ao procurar meu nome na lista.

Correndo o olhar de nome em nome, achei-o escondido.

"Park You Ra.....8.5"

Surpresa com meu próprio feito, cambaleei para trás até me escorar na parede oposta com a boca desenhada em um perfeito "O", que foi substituído por um sorriso triunfante. Em seguida, recompondo-me de minhas emoções, aproximei-me novamente do painel em busca de um nome em específico e, quando o vi, meu coração descompassou em um ritmo mais lento, como se estivesse absorvendo a dor de uma nota baixa.

"Hwang Jae Hwa.....4.0"

Eu não sabia o que sentir. Estava sendo gradualmente dividida entre o sentimento de decepção e de acolhimento em relação a Jae Hwa e não pude evitar de murmurar palavras de alento para mim mesma, decidindo se deveria ir atrás dele. Jae Hwa havia me procurado alguns dias durante as semanas que se seguiram, porém, em todas as tentativas, escondia-me nos mais diversos locais.

Sua imagem era a última que eu gostaria de ver naquele tempo.

Inclinada para o senso de procurá-lo e proferir algumas palavras sobre o que havíamos passado, cheguei mais perto da janela do corredor, sua posição estava ao lado do painel e vi o jardim do colégio se moldar em um verde uniforme, cujas árvores eram adornadas pelas flores de diferentes cores. E, sentado sob a sombra de uma árvore, vi Jae Hwa escrutinando suas próprias mãos.

Fotografia DesbotadaWhere stories live. Discover now