29.

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A semana correu e lá vamos nós para mais um dia de luta. A visita desse final de semana cairia no domingo, assim passei o sábado todo só por conta das coisas que tenho que levar, conferir a data de vencimento da carteirinha e tal. Olhei novamente no grupo com as meninas se as coisas estavam certas e por fim, fui dormir na casa da minha sogra.

Sandra: Carol, levanta. — Ela me balançava com toda calma quase me ninando. —
Carolina: Desse jeito eu não levanto mesmo. – Falei preguiçosa, me levantei devagar e ainda fiquei uns cinco minutos tomada pelo sono. Levantei e fui direto pro banheiro e tomei um banho esperto, sem molhar cabelo. Ao sair coloquei um sutiã de pano, calcinha, calça jeans e uma blusa do Ícaro. Passei um reboco bem de leve no rosto e sai do quarto indo pra cozinha. — Quer ajuda com algo?
Sandra: Só coloca as coisas na sacola pra mim. — Foi me dando as vasilhas e eu separei e guardei. —
Carolina: Alguém dormiu pra você na fila?
Sandra: Aham. Pedi o Dru, dei ele uma pedra e ele foi. — Dru era um noiado muito prestativo. —
Carolina: Bem melhor, vai entrar rapidinho então.
Sandra: Mais é bem provável você entrar primeiro que eu.
Carolina: Verdade. — Ficamos conversando até terminar as coisas. Subi pro quarto e acordei a Mel, dei nela um banho da cabeça aos pés pra despertar, vesti a roupa nela e deixei ela na sala tomando café e fui pro Messias. Dei nele um banhozinho só pra tirar o cheiro de leite mesmo, vesti ele e passei perfume pro papai sentir o cheiro do neném. —
Sandra: Pronta, Carol? — Assentiei. Ela pegou as sacolas e colocou no carro, coloquei o Messias na cadeirinha e a Mel já sentou na dela, prendeu o cinto e eu só conferi. Sentei no banco do passageiro e as seis da manhã partimos. — Pegou tudo, né? — Conferi minha bolsinha novamente e tava tudo lá. Liguei a rádio baixinho e encostei no banco, fomos o caminho todo que é BEM longo só conversando. Fomos chegar quase oito horas. — Tranca o carro e deixa a chave com a Baiana. — Pegou as coisas na correria e saiu vazado pra pegar a senha com o Dru. Tirei minhas sacolas e botei no chão, tirei a Mel da cadeirinha e depois o Messias. Tranquei tudo. —
Carolina: Filha entrega a chave e a bolsa praquela moça. — Tirei os cadastros, identidades e dei a Mel as coisas, ela foi correndo e apontou pra cá. Acenei meia desengonçada e ela fez um joia, a Mel voltou e então fomos pegar a fila prioridade. As oito horas o portão abriu mais começou a chamar mesmo quase nove, af que ódio! Na revista da comida não deixaram entrar uma vasilha de carne. —
Agente: Essas porra parece que não tem ouvido, já falei que isso não vai mais entrar aqui. Se os presos quiser comer comida boa que come em casa. — Jogou minha vasilha no chão fazendo as carnes tudo caírem. — Limpa isso daí se não você não entra. — Engoli o choro e respirei fundo, catei as coisas rapidinho e joguei no lixo. Segurei na mão da Mel e a agente ainda fez hora pra me liberar. — Vaza! — Eu sai andando me sentindo sufocada por causa do choro preso. —
Elaine: Vem ca, Carol, vou te ajudar. — A cunhado do grupo falou, sorri de lado e ela pegou duas sacolas minha. — Fico puta com essas desgraçadas, acha que a gente tá aqui porque quer e gosta! Namoral fala pro teu marido o que aconteceu.
Carolina: Melhor não, ele vai se estressar querer fazer bobeira e vai cortar minha visita.
Elaine: Mais você sabe que isso é cisma, né? Por ser mulher de quem é! — Assentiei. — Eu elas já nem mexem mais comigo, sabe que eu bolo e ainda faço a cabeça do meu marido.
Carolina: Mais por causa disso cês ficou de castigo um ano, né? — Ela concordou com uma careta no rosto. —
Melissa: Mamãe, to cansada. — Disse com a mão agarrada na minha perna. —
Carolina: Calma, filha.
Sandra: Demorou, Carol. — Ela tava parada perto do pátio me esperando. — Ei.
Elaine: Oi, senhora tá bem?
Sandra: Sim e você? Obrigada, tá?! — Disse pegando as sacolas. —
Elaine: To bem, por nada. Tchau, boa visita. — Ela se despediu de mim com um beijo no rosto e continuou andando com seu filho. —
Carolina: A agente jogou o filé de peixe fora. — Falei com raiva. — Encrencou comigo.
Sandra: Imaginei. — Adentramos a sala e ficamos aguardando o Ícaro chegar. Quase meia hora depois ele entrou acompanhado de dois agentes penitenciários, com um sorriso nos lábios. Me deu um beijão que eu chorei na hora. —
Zatão: Saudades pô!
Carolina: Também meu amor. — Alisei o rosto dele e a Mel se enfiou no meio, ele pegou ela no colo e deu aquele cheiro. —
Melissa: Te amo!!! — Depois dos comprimentos a gente se sentou e ele ficou com o Messias no colo.

Horas depois...

Zatão: Esquece não que eu te amo, fiquei felizão de ter te visto pô.
Carolina: Eu também amo você! — Falei chorosa. — Sempre vou está contigo.
Zatão: Já sabe né? Se precisar de alguma coisa pode chegar no Baiano e da ideia. — Assentiei chorosa. Ele segurou meu rosto com as duas mãos e olhou nos meus olhos. — Chora não. A pena é longa mais não é perpétua, logo mais vou tá na rua com você e com nossos filhos. — Assentiei. Ele beijou minha boca e depois minha testa. — Vem ca, Mel. — Ela veio correndo, agarrou ele e começou a chorar. — Chora não, filha, quê isso? Quer deixar o papai triste pô?
Melissa: Você vai embora com a gente?
Zatão: Só outro dia. — Ela agarrou ele pelo pescoço e não quis soltar mais, o a gente bateu na porta novamente e eu puxei ela que fez pirraça. — Quié, Melissa? Pode parar pô. — Falou sério e ela parou de espernear, mas continuou chorando. — Se você ficar chorando não vou deixar sua mãe te trazer mais. — Levantou e olhou pra mãe dele e pro Messias. — Caralho cês são minha vida, amo demais. — Trocou umas palavras com ela e eu juntei as vasilhas, dei o último beijo no meu amor e sai dali com o coração partido. Fui o caminho todo de volta chorando. —
Sandra: Vou comprar alguma coisa pra nós, tá? — Eu só assentiei e ela encostou o carro, desceu junto com a Mel e minutos depois voltou com pastel e caldo de cana. Parei de chorar e devorei tudo. — Esse choro era de fome nera não?
Carolina: To achando que sim viu. — Rimos e ela continuou o caminho.

- METADE DO FIM! - EM PAUSA.Donde viven las historias. Descúbrelo ahora