18.

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Depois daquele dia o tempo correu mais ainda. Meu chá de bebê estava quase chegando, só faltava quatro dias.

Eu já estava com sete meses, literalmente uma dona redonda. Estava toca inchada e ganhei corpo demais, de menos peito kkkkkk o riso é totalmente de desespero. Eu não podia ficar fazendo esforço pra não acontecer o pior com minha gestação, então to só no repouso.

Eu fico mais na casa do meu crush porque a Camila não para em casa, sei nem o que é ter irmã mais. Minha mãe é a mesma coisa, me dá total assistência dia de semana, mas quando chega sexta ela já me despacha e eu prefiro vim pra cá, do que ir pra casa do meu pai.

Falando nisso... só Deus sabe a falta que ele me faz. É de partir o coração. Eu soube que ele daria as bebidas pro chá de bebê, que comprou algumas coisinhas pra Melissa mais vim falar comigo que é bom, até hoje nada!

Sandra: O que tanto cê pensa aí em? — Ela apareceu na sala. —
Carolina: Em nada, só to com sono. — Fingi um bocejo. —
Sandra: Sei. — Me olhou desconfiada. — Eu vou sair, tabom? Daqui a pouco o Ícaro chega.
Carolina: É eu sei, ele me ligou já. — Ela me deu um beijo na testa, beijou minha barriga e saiu pra rua com uma bolsinha. Essa dai juntou com minha mãe e não para mais em casa também. Na verdade acho que final de semana ninguém dessa favela fica em casa, só eu mesmo.

Eu já estava cansada de esperar o Zatão, cheia de sono e fome. Ele disse que ia trazer um lanche mais até agora não chegou, eu que não ia ficar esperando macho até altas horas da madrugada, ainda mais que hoje é dia de baile.
Ata!

Comi biscoito com iogurte e uma banana, apaguei todas as luzes e fui pro banheiro, escovei os dentes e corri pro quarto do crush. Liguei à luz e arrumei a cama, joguei dois edredom e liguei o ventilador. Fechei a janela e a cortina, fechei a porta e apaguei a luz. Me joguei na cama e apaguei.

Se tem uma coisa que odeio no Ícaro é quando ele chega e não tá nem aí se estou dormindo, faz um barulho da porra. Ele bate à porta do guarda-roupa, acende luz, apaga luz, senta na cama, levanta. Enche o saco de verdade.

Fiquei só observando, ele caçava alguma coisa pra vestir. Tava chapadinho. Depois de um tempo, ele colocou o samba-canção mesmo e veio pra cama.

Zatão: Ta acordada? Ih que zumbi!
Carolina: Como que não acorda? Parece que você faz de propósito, ain que ódio. — Levantei e fui pro banheiro, fiz xixi e voltei vendo ele deitadinho mexendo no celular. — Cadê o meu lanche?
Zatão: Ih você queria mesmo? Nem trouxe pô.
Carolina: Não ligou dizendo que tava esperando sair? Cadê? To com fome!
Zatão: Comprei não.
Carolina: Uai agora to sem entender. — Fui olhar as horas, quase cinco da manhã. — Bora, Ícaro quero comer. Vai dormir não. — Balancei mesmo. —
Zatão: Ta zoando com minha cara, né? Ih to cansadão!
Carolina: Por qual motivo? Trabalhando que cê não tava. Me deixou aqui esperando sozinha com fome e foi pra baile curtir, né? Ta certinho você! — Eu já tava tremendo, querendo chorar e ele nem aí, quase dormindo. — Muito otario você!
Zatão: Deita aí, pô, bora dormir. Para de bater neurose a essa hora. — Ignorei ele pagando a luz e saindo do quarto batendo à porta. Deitei no sofá e enfiei a cara na almofada sentindo as lágrimas descerem. — Vão deitar lá na cama, amor, para com isso! — Veio puxando meu pé. —
Carolina: Me deixa! Não me encosta. — Chutei a mão dele. — Sai daqui, Ícaro!!! — Ele me pegou no colo e me levou pro quarto, me colocou na cama e trancou a porta. Era melhor nem render então me cobri todinha e fiquei fungando. —
Zatão: Qual foi, preta, desculpa aí. — Ele abraçou minha cintura e eu permaneci calada. — Eu nem fiz nada de errado não, só fui pra fortalecer a tropa, um mano ganhou a liberdade.
Carolina: Eu quero dormir só faz silêncio por favor. — Ele beijou meu ombro e se calou, começou a fazer um carinho em mim enquanto a mente pensava.

Eu tinha que entender que quem estava grávida era eu e não ele, nem minha irmã, minha mãe. As coisas acabaram somente pra mim. Ícaro se esforçava tanto pra me dá atenção, trocou turno pra poder dormir comigo e tal.

Eu só fiquei bolada por ele não ter avisado, pô não custava nada. A gente já tava se falando no wpp, ele prometeu um lanche e nem trouxe.

Fiquei chateada mesmo. Eu já era sentimental, com essa gravidez então só piorou. As vezes nem eu me aguento.

Sandra: Já vai? — Perguntou quando eu saí pro quintal. Assentiei. — Ta cedo, menina, fica pra almoçar.
Carolina: Depois eu volto. — Dei um meio sorriso e sai fechando o portão. Ainda era cedinho, só comércio aberto e os meninos da contenção na rua. Essa hora geral desmaiado por causa do baile de ontem. Comprei um pudim na padaria e fui comendo. —
X: Desse jeito vai ter que trazer um guindaste pra te tirar do lugar. — Quando olhei nem acreditei, abri um sorriso e abracei. — Fazendo na rua a essa hora?
Carolina: Indo pra casa e vocês?
Rosângela: Viemos adiantado pro chá. — Entrei no carro e segui com eles, chegamos rapidinho. Minha vó fez café, bolo e quando terminou foi acordar geral. Minha mãe levantou tranquila, já a Camila xingou abeça. — Para de reclamar, garota. Fica aí perdendo noite de sono na balada e acha que vai dormir dia todo. Vai não!
Camila: Ih vó não me aluga não!
Flávia: Pode respeitar sua vó, Camila, to nem te entendendo.
Rosângela: Deixa ela! Na hora que precisar vem tratar bem... — Camila deu um abraço nela e eu ri. Acabei nem comendo do bolo porque tinha comido o pudim quase todo. Fui tomar um banho. —

- METADE DO FIM! - EM PAUSA.Where stories live. Discover now