Verdades ocultas

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Eu sabia que aquela insanidade do juiz acabaria com a minha paz. É claro que eu sabia, mas ainda assim foi difícil sair de seu carro segurando a sua mão. Ele queria afirmar para todos que estávamos juntos, e não se importava com o escândalo que aquilo poderia gerar tanto para mim quanto para ele.

Oliver Maison era obstinado. Isso eu precisava admitir, mas até que ponto isso poderia ser benéfico ou prejudicial?

Os olhares de todos se voltaram em nossa direção, e como resposta, Oliver segurou em meus ombros, me puxando ainda mais contra o seu corpo.

Eu estava feliz? Muito.

Eu estava assustada? Mais do que estava feliz.

Meu pai havia me ensinado a não confiar nas pessoas, a sentir medo dos homens e principalmente a mentir para sobreviver. E estar em uma situação em que não precisasse de nada disso para sobreviver ainda era estranho.

Mas no fundo sabia que precisaria continuar desconfiando, já que Maison estava me enganando de alguma forma, da mesma forma que eu o enganava. Éramos dois mentirosos acreditando em nossas mentiras.

Acabei deixando um sorriso escapar por reflexo, e não demorou para sua mão me apertar ainda mais contra o seu corpo ao passar pelo corredor. Todos que trabalhavam com o juiz, nos olhavam espantados. Eu era apenas uma delinquente que seduziu o juiz. Eles deveriam estar pensando em algo assim.

― Não deveria ficar nervosa – O juiz obstinado falou sem ao menos hesitar ao mudar sua expressão ao olhar para mim. Ele não parecia interessado nas outras pessoas a nossas volta, e de alguma forma que aos olhos dele, existia apenas nós dois naquele corredor. Ele era realmente um homem muito mal.

― Isso vai acabar te prejudicando.

Não tinha como aquele show não influenciar na carreira dele a partir daquele momento, apenas se estivesse me usando para encontrar o meu pai.

Eu deveria testá-lo? Apenas para ter certeza.

Mas o que faria depois? Fugir novamente?

Eu estava cansada de fugir.

― Não sou um moleque, Anna – Ele falou assim que paramos em frente a porta de sua sala – Tenho trinta e quatro anos. Sei que toda ação vai gerar uma reação, mas não vejo como nosso namoro pode acabar me prejudicando. Você não é mais a jovem delinquente de antes, e eu sou solteiro. O que faço em minha hora vaga não diz respeito a ninguém.

― Insistiu em vir abraçado e de mãos dadas para o trabalho – O relembrei ao sorrir – Isso significa que eles podem falar alguma coisa.

― Que falem – Deu de ombros ao abrir a porta, encontrando Beatriz sentada em sua cadeira. Ela mantinha uma expressão calma ao olhar para o casal – Beatriz, eu não esperava por você. Algo aconteceu? – Ela negou ao manter o olhar em Anna.

― Ela é realmente jovem – Sorriu levemente ao apoiar o queixo com sua mão, colocando o cotovelo em cima da mesa. – Mas não gosto de me envolver em relacionamentos alheios. Vim pedir um mandado.

― Poderia ter feito isso a qualquer juiz. – O juiz disse com o olhar sério. Eles pareciam se desafiar.

― Poderia, mas não teria graça. Preciso de um mandado de busca e apreensão.

― Sabe que preciso de mais informações do que isso. – Ele soltou a minha mão, se afastando levemente. Ele sempre tinha a tendência a fazer isso em situações que envolvessem a mulher em sua frente. – Anna, pode comprar café para mim? – Ele queria que eu ficasse longe. Retirou um dinheiro do seu bolso e me entregou. – Tem uma cafeteria aqui em frente. Um café simples.

MAISON [ Concluído] Where stories live. Discover now