Karma

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Dor nas costas e uma noite inteira passado em clara com medo da cama de armar me esmagar esse foi o resultado em tentar seguir a ordem do juiz demoníaco. A cama pareceu confortável até me deitar e esperar um minuto. Em pouco tempo senti todas as dores possíveis e incomodas. Pedir para alguém dormir naquilo deveria ser considerado tortura.

Aquela deveria ser a sua forma de punição, eu acho. Levantei ao colocar os pés no frio piso que assemelhava-se a madeira. A casa do juiz conseguia ser extremamente fria pela manhã ou o problema poderia ser eu. Abri a porta do escritório ficando surpreendida pelo silencio. A casa parecia imersa na escuridão.

Continuei a andar com cuidado, já que a última coisa que desejava era fazer algum barulho e olhar novamente naqueles olhos.

Eu deveria tentar fugir.

Olhei para a minha perna recordando da tornozeleira, a minha nova algema.

Como se eu pudesse.

Passei a mão pelos meus cabelos, arrumando-os levemente assim que entrei na cozinha imaculada. O cheiro de limpeza denunciava que o juiz não havia cozinhado naquela manhã.

Ele pode não ter acordado ou simplesmente saído.

A curiosidade preenchia cada partícula do meu ser, entretanto saber onde ele estava nada alteraria em minha vida, já que iria continuar presa naquele apartamento. Presa naqueles 100 metros ou algo assim.

— O que eu deveria fazer agora? – Acabei me perguntando em voz alta ao retornar para a sala, deixar o meu corpo cair no sofá e olhar para o teto imaculadamente branco. – Um juiz poderia comprar algo melhor.

— Poderia, mas não gosto de gastar meu dinheiro em bobagens – A voz dele fez com que eu saltasse do sofá, assustada. Aquele juiz tinha essa característica irritante. Ele sempre me assustava – Estou curioso sobre o motivo de estar interessada em meu dinheiro. Não tenho cofres em casa, então assaltar a minha casa não é uma boa opção.

— Não sou uma ladra – Acabei me atrevendo a falar impetuosa. O som da minha voz soou como um desafio, eu sabia disso. Breno sempre falava em como parecia estar prestes a desafiar todos a minha volta. – Estava curiosa, como qualquer um estaria.

— Curiosidade é perigosa, sabia disso? – Sua pergunta não parecia ser casual, muito longe disse. Havia algo nas entrelinhas. Era isso ou estava sendo paranoica. Meus olhos foram em direção aos seus pés, os quais possuíam um belíssimo sapato preto. O juiz encontrava-se bem vestido para os primeiros horários da manhã. Seu terno combinava com a sua blusa social azul e sua gravata prateada. Ele parecia perfeito. Uma imagem perfeita de um homem, se não abrisse a boca. – Lembre-se que isso não são férias e como é uma prisioneira deve trabalhar. Seu primeiro trabalho será arrumar a casa, lavar as roupas e fazer a comida.

Tudo isso parecia o trabalho de uma empregada. O juiz demoníaco deveria desejar uma empregada, mas era mão de vaca demais para pagar uma.

— Não sou uma empregada.

— Se fosse não estaria sendo punida por um crime como agora, tenho certeza disso.

Mais uma alfinetada que atingiu o seu objetivo. O desgraçado sabia como fazer com que eu desviasse o olhar dele.

— Se não fizer, não irá comer. Não irei retornar para casa tão cedo. Sou um homem benevolente, como havia lhe dito.

— Aos meus olhos é apenas um demônio.

— Demônio, Lúcifer, diabo... acredita realmente que me importo quando diz isso? Para mim, criaturas do inferno são como eu, aplicam punições para os culpados. Isso que diz é como um elogio, senhoria rebelde.

MAISON [ Concluído] Donde viven las historias. Descúbrelo ahora