Pedido

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Eu preferia não ter descoberto o quanto o juiz estava me afetando, descobri assim que entrei em seu escritório. Seus olhos estavam fixos no computador e nos papeis a sua frente, o que acabou me dando alguns segundos para admirá-lo. Mesmo demoníaco, conseguia ser atraente, não conseguia evitar.

Nos dias em que trabalhei com ele, não escutei nada sobre uma esposa ou namorada. Alguém como ele, como poderia estar sozinho?

Provavelmente por ser demoníaco.

Sorri ligeiramente ao dar de ombros ao avançar para a minha sala, enquanto contava os minutos para o intervalo do almoço, pois assim poderia ficar afastada dele. Afastada da atração que eu sentia por ele.

O que eu estou fazendo?

Acabei me perguntando ao perceber que não havia passado da segunda pagina do relatório que o juiz, provavelmente, deixou em cima da minha mesa. Por mais que eu tentasse me concentrar ainda vinha na minha mente a sua voz ao dizer que iria parar de me tratar como criança.

— Qual o meu problema? – Acabei murmurando em desgosto ao fechar os olhos durante alguns segundos e assim que os abri, senti a minha respiração parar. O juiz demoníaco estava parado no batente da porta, olhando-me com um sorriso perverso na face.

— Talvez seja a minha beleza – Falou totalmente confiante ao cruzar os braços evidenciando os músculos. Sua camisa social branca apenas deixava tudo pior. Para mim, é claro. – Está tão hipnotizada que não está se concentrando, não é? Tenho esse efeito nas mulheres.

— Deveria parar de ser tão iludido. As mulheres não são tolas ao ponto de se sentirem atraídas facilmente por velhos ranzinzas. – E como se estivesse brincando comigo, ele sorriu largamente exibindo seus dentes perfeitos. – O que realmente pretende com isso? – Questionei assim que ele andou em minha direção. O som de seus passos fizeram com que a minha saliva se tornasse difícil de engolir e meu coração batesse em ansiedade, esperando por algo que provavelmente não iria acontecer.

— Preciso querer algo? – Sorriu ainda mais ao contornar a mesa, segurar na minha cadeira, forçando-me a encará-lo. Sua mão foi em direção ao meu rosto, acariciando-me levemente.

O que eu poderia fazer em uma situação como essa?

Gritar?

Afastá-lo?

Isso seria impossível.

Admiti ao fechar os olhos, entregando-me as suas caricias. Seu dedo contornou meus lábios com leveza e lentidão. O que diabos eu estava fazendo? Foi o que me perguntei ao levantar abruptamente da cadeira, assustando-o. O juiz demoníaco apenas me encarou perplexo esperando mais alguma reação, enquanto eu havia enlouquecido.

Segurei a sua camisa com força, puxando-o para mim.

— Se for fazer algo, apenas faça. Não continue agindo dessa forma ridícula – Disse impaciente ao soltá-lo, contudo sua mão segurou o meu pulso. – O que foi agora?

— Sempre gostei desse seu lado selvagem – Admitiu sério ao beijar o meu pulso e em seguida, puxar-me em direção ao seu corpo. Seus braços circundaram a minha cintura, enquanto eu hesitava em retribuir aquele abraço.

Havia passado por situações que faria qualquer um desconfiar de gestos assim, mas por algum motivo, meus braços se moveram por conta própria e logo meus braços haviam circundado o seu corpo.

— Não me bata – Pediu antes de me afastar levemente e grudar nossos lábios.

Aquele era o meu primeiro beijo após tanto tempo e a sensação foi maravilhosa. Os lábios do juiz demoníaco conseguiam deixar o meu corpo languido, enquanto suas mãos passeavam pelo meu corpo, contornando-o. Jamais havia me sentindo daquela forma antes. Ansiando tão fortemente por alguém como estava com ele.

Senti meu corpo ser empurrado em direção a mesa, minha bunda foi de encontro a madeira, e um suspiro involuntário escapou dos meus lábios.

Eu não poderia destruir todas as minhas chances dormindo com ele ali. Ele era o meu chefe. Aquele era o meu trabalho.

Acabei me dando conta ao abrir os olhos e empurrá-lo.

— Juiz Maison, esse é o meu local de trabalho.

— Eu sei – Ele não pareceu surpreso ou abalado com a forma que eu falava.

— Então pare com isso. Não sou a mesma garota de antes.

— E isso torna tudo melhor – Sorriu ao tentar se aproximar de mim novamente, mas acabei recuando e andando para o lado oposto. Eu estava fugindo dele.

— Só pare – Pedi – Não quero voltar a ser mesma garota que implora por atenção ou que não pensa em si mesma. Eu me tornei uma pessoa melhor, não destrua isso.

Algo em minhas palavras o fizeram recuar e sair sem falar nada.

O que eu estava fazendo com a minha vida?

Eu deveria ir atrás dela e agarrá-lo ou apenas ignorar?

Pela primeira vez, fiz o que minha consciência – e não o meu corpo – desejava. Permaneci na minha sala fingindo ler o relatório quando na minha mente existia apenas a lembrança dos lábios dele.

CONTINUA....

MAISON [ Concluído] Where stories live. Discover now