32 | Machismo Enraízado

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     Kaike chegou tarde da noite no dia anterior, e levou uma bronca por causa disso

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     Kaike chegou tarde da noite no dia anterior, e levou uma bronca por causa disso. Afinal, todo mundo havia ficado preocupado e ele não atendia o celular. O moreno nem olhou no meu rosto quando passou emburrado para o quarto, o que me deixou levemente magoada. Não era como se eu tivesse culpa do que havia acontecido na escola. Ou será que eu tinha?

(...)

Amanheci sentindo minha cabeça latejar de dor, consequência de uma noite muito mal dormida. Isso já estava começando a virar rotina.

— Bom dia, querida — Dona Karla me cumprimentou quando eu sentei na mesa, já arrumada e medicada, para tomar o meu café da manhã.

— Quer ovos? — Koni perguntou, mostrando a frigideira que utilizava.

— Bom dia e, sim, seria ótimo, obrigada — os respondi.

Kailana e Kaike apareceram na cozinha, um atrás do outro, ambos calados e com expressões nada amigáveis.

— Bom dia, minhas crias — A mãe deles os cumprimentou, mas tudo o que recebeu em resposta foi um sorriso forçado da Lana e um olhar de lado do Kaike, que pegou uma torrada e saiu de casa com a mochila nas costas — Perdi alguma coisa?

Dona Karla olhou pra mim, esperando uma justificativa. Dei de ombros e arqueei as sobrancelhas, como sinal de que não fazia ideia no que tinha dado nos seus filhos. Mas também não era como se eu tivesse com o esse pique todo e com um sorriso feliz no rosto.

— Amor, só você tem um bom humor matinal — Koni a beijou na bochecha e depositou os ovos fritos em meu prato.

— Isso é verdade — concordei enquanto fatiava o pão para comer.

— Eu tô saindo — Kailana avisou em um tom neutro enquanto puxava a mochila e se dirigia até a porta.

— Espera, eu vou com você! — a avisei, me levantando rapidamente.

— Mas, Mel, você nem comeu — Dona Karla apontou para o meu prato cheio.

— Eu prometo comer no caminho — a tranquilizei ao jogar todo o ovo dentro do pão francês e o levar comigo.

  Quando fechei a porta, Lana já estava na avenida. A havaiana andava mais rápido que o normal, o que me fez concluir que ela estava me evitando.

— Lana! Espera! — pedi e corri para alcançá-la, mas ela não parecia disposta a colaborar, então fiz o que aprendi com o seu irmão nos últimos dias: me pus em sua frente, o que a fez parar abruptamente — Nós precisamos conversar.

— Sobre o quê exatamente? — ela cruzou os braços, claramente desconfortável.

— Sobre o fato de você estar toda estranha e estar me evitando?

— Eu tô normal — ela deu de ombros, olhando para os próprios pés.

— Fala sério, Kailana, você não consegue nem olhar na minha cara! — a acusei, cansada daquela situação — Eu só queria entender o que tá acontecendo. Você tá irritada comigo porque eu acabei estragando seu lance com o Heitor? Foi porque eu bati nele ou porque o Kaike acabou se intrometendo também? É isso? Não quer falar comigo por causa daquele cara?

De Sol a SolOnde as histórias ganham vida. Descobre agora