Capítulo 49 - ALERTA

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        — O tipo mais nojento de ser humano — Kihara afirmou, dando sua opinião com uma expressão de asco enquanto comentavam sobre o criminoso que Kaneda havia subjugado por último, antes que pudesse consumar o ato bárbaro que pretendia contra a vítima.

      Apesar da ação dos Nômades que aterrorizavam as noites de Kyoto, crimes hediondos estavam crescendo de modo alarmante; e ocorrendo de maneira expressiva até mesmo durante o tenso período noturno, onde o medo causado pela constante presença das criaturas deveria refrear o ímpeto de todos.

      Mas não era bem assim.

      Assaltos, latrocínios, homicídios e estupros começavam a estampar as páginas dos jornais de modo nunca visto; com exceção, claro, dos terríveis tempos de guerra de décadas atrás.

      Apesar de que, atualmente, os cidadãos de Kyoto mais uma vez enfrentavam uma guerra em suas vidas. Embora diferente de todas as anteriores, não deixava de ser um conflito mortal por sobrevivência, onde a cidade se sentia invadida por criaturas que se moviam quase invisíveis entre a população, de maneira furtiva e, talvez, sobrenatural.

      E agora, o criminoso comum também estava começando a dar as caras com mais intensidade, parecendo até motivados pela presença perturbadora dos Nômades.

      Mesmo com números ainda baixos se comparados a países mais violentos, esses crimes hediondos já começavam a preocupar a população da cidade. E talvez, a única coisa boa desta nova realidade fosse o fato de que esses crimes considerados comuns mantinham a polícia de Kyoto bastante ocupada, sobrando pouco tempo para terem a chance de interferir nas ações dos Caçadores de Nômades.

      Diariamente, dezenas de pessoas deixavam Kyoto para trás, temendo por sua segurança e a de seus familiares. Um êxodo controlado onde procuravam abrigo em outras cidades, mas ainda alimentando a forte esperança de que poderiam voltar a seus lares em breve quando a situação fosse controlada.

      Estranhamente, não havia avanço na área de atuação das criaturas; as ações daqueles assassinos noturnos raramente ultrapassavam os limites da Velha Capital: Kyoto continuava sendo a única cidade onde os Nômades atuavam.

      — Tenho lá minhas dúvidas se ele estava vivo quando o colocaram na ambulância. — Maks deu sua opinião, franzindo o cenho, baseado na cena que presenciou. — Aqueles chutes meio que acabaram com ele...!

      — Mas levando em conta o que você nos contou, acho que foi mais do que merecido. — O anfitrião da casa concluiu.

      Houve uma concordância geral, até que Maks decidiu mudar de assunto, deixando de lado aqueles crápulas criminosos que nem mereciam ser mencionados. — Onde ela está agora? — perguntou, referindo-se à Ayumi, a pequena e talentosa artista mirim.

      — Lá em cima no quarto dela, brincando sozinha, como sempre. — Kihara respondeu, erguendo os olhos em meio a um sorriso.

      — E eu posso vê-la? — tornou a perguntar, se sentindo compadecido pela criança, além de impressionado com seu talento. — Ah, vai ter que me levar lá em cima para conhecer ela agora...! — enfatizou, ainda deslumbrado, com os olhos perdidos naquelas telas.

      — Desculpe, é melhor não. Ela não gosta muito de ser incomodada quando está lá, especialmente hoje. Mas outro dia eu a apresento a você — prometeu, sorrindo.

      A negativa deveria ter encerrado o assunto. Nada mais natural do que ele evitar que a menina se aborrecesse por causa de um estranho.

      Mas o Detector de Mentiras havia entrado em ação e o advertira que a última afirmação de Kihara era falsa. Uma leve preocupação abateu Maks. Provavelmente, não era nada demais.

Legado da Destruição - Caçadores de NômadesWhere stories live. Discover now