Capítulo 37 - MULHERES ESPERTAS

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      A exclamação foi interrompida quando o automóvel foi atingido na lateral, no lado em que Mikhail estava.

      Um segundo antes, pela janela do caroneiro, ela havia percebido um vulto que se precipitava contra eles, surgindo do meio das árvores.

      A batida ocorreu mais precisamente na parte de trás. O carro rodopiou pela pista, com a traseira fazendo um giro quase completo.

      Ela ainda conseguiu retomar o controle e fazer o veículo seguir em frente por alguns metros.

      —Merda! – berrou Mikhail, um pouco desorientado pela pancada súbita com o rodopio, enquanto sua mão direita alcançava a arma sob sua jaqueta.De relance, percebeu um pequeno vulto se afastando do veículo pelo outro lado, em direção às árvores.

      Mal teve tempo de sacar a arma e foram atingidos novamente. Desta vez, em cheio, também do lado do caroneiro, fazendo o Mazda esportivo ser até arrastado lateralmente. Todos os vidros laterais racharam no momento do impacto, desenhando caminhos tortuosos que lembravam teias de aranha.

      O veículo chegou a se inclinar um pouco, com as rodas do lado esquerdo se erguendo mais de cinquenta centímetros, até finalmente retornarem ao chão, em outra batida ruidosa, chacoalhando a lataria, já solta em vários pontos.

      Mikhail apontou a arma pela janela e, mesmo sem ver nada, disparou. O vidro explodiu quando atravessado pelo projétil, mas errou o alvo e um outro vulto continuou se afastando até sumir.

      —Minha janela! – exclamou ela instintivamente, logo após o disparo desfazer a janela em cacos. No entanto, sua maior preocupação ainda era saber o que os tinha atingido tão forte. – Que merda é essa, Mikhail? – perguntou, os olhos arregalados pelo medo. A escuridão lá fora não lhe permitia ver quase nada. – O que está...

      A frase foi interrompida por outra colisão. Agora do lado da motorista. Esta terceira foi a mais forte, fazendo o veículo finalmente tombar, rolando até a calçada do outro lado.

      Mesmo presa ao cinto, ela sentiu uma forte dor no pescoço devido ao impacto inesperado, que fez sua cabeça ser jogada para o lado de modo violento.

     E após a estranha colisão, novamente o vulto se afastou, buscando refúgio entre as árvores.     

      Desorientada e de ponta cabeça, Maya tentou desafivelar o seu cinto de segurança, mas Mikhail acabou notando aquilo e a impediu, segurando sua mão. – Não tira ainda! Não acabou!

      —O que!? – perguntou ela, sem entender o motivo, mas obedeceu, afastando a mão do botão na lateral do banco. Mas não achava nada agradável permanecer de cabeça para baixo, presa por aquela tira que a mantinha suspensa como um morcego.

      E além da posição desconfortável, a densa escuridão na qual o veículo mergulhou também a fazia se sentir tão cega quanto aqueles arrepiantes mamíferos alados.

      —Eles ainda vão...

      O tenso Caçador nem conseguiu concluir a frase: outro impacto os atingiu, ainda mais forte que o anterior, sendo este um impacto duplo, espantosamente sincronizado.

      Atingido desta vez, do lado do caroneiro, o carro novamente capotou, rolando várias vezes, subindo a calçada do outro lado da rua.

      Mas o veículo acabou retornando alguns metros, depois de rebater contra uma cerejeira ornamental, plantada sobre a calçada. No final do rolamento, pararam de novo sobre a pista.

Legado da Destruição - Caçadores de NômadesWhere stories live. Discover now