Depois de manter Aleksei informado, Maks voltou suas atenções para a garota oriental ferida, que entre sua agonia, gritava frases incompreensíveis, no idioma japonês. Suas expressões demonstravam uma terrível mistura de medo e dor.
—Calma, viemos para ajudá-la...! – o Caçador tentava explicar, apreensivo, no entanto, não era compreendido. Ela se mantinha muito agitada, tornando seu estado, cada vez pior. Quando ameaçava tocá-la, ficava histérica e, quando se debatia, piorava o sangramento. Um enorme círculo escarlate já se estendia pelo chão, sob seu corpo pálido e enfraquecido.
—Ela tem de ser levada para um hospital imediatamente! – observou Mikhail, parecendo ainda mais preocupado. – Acho que esse ferimento está muito grave para você poder fazer alguma coisa, cara! Vai ser perigoso se tentar aquela sua parada de cicatrizar. – De soslaio, olhava com aflição para aquele ferimento aberto.
Muito aberto.
Chegava a ter a angustiante sensação de que toda a parte abaixo do joelho poderia, a qualquer momento, se separar do resto do corpo.
Mas não melhorou muito quando focou mais abaixo, naquele tapete de sangue que se expandia ao redor, crescendo de tamanho embaixo dela. – Ai, meu Deus...! – Se ainda houvessem cabelos na sua cabeça, metade já teriam sido arrancados, mesmo sob a balaclava. – Ela tem que se acalmar...! Faz ela ficar calma, cara! – gritou, a histeria já pedindo passagem. – Faz alguma coisa!! – E se levantou, ainda com as mãos sobre a cabeça; girou nos calcanhares e se afastou alguns passos, apenas para retornar no instante seguinte, mantendo a mesma dificuldade em olhar a cena, ficando cada vez mais angustiado.
Maks tentava ignorar a reação desesperada de Mikhail. Reação, aliás, que naquele momento, não estava sendo de muita ajuda; apenas contribuía para deixar todos ali mais tensos.
Ele precisava conquistar a confiança da moça para poder ajudá-la e era necessário ser compreendido. Algo que não seria conseguido com tanta facilidade. Afinal de contas, para aquela assustada japonesa, um desconhecido foi o responsável pelo massacre, sendo ele e Mikhail simplesmente mais dois desconhecidos que apareceram do nada e falavam uma língua estranha.
E, para piorar tudo, estavam mascarados.
Maks decidiu, então, retirar a balaclava e mostrar o rosto. O fato de não parecer mais um assaltante ajudaria a ganhar a confiança dela. Mikhail entendeu aquele gesto e fez o mesmo.
Só que ainda não seria suficiente.
Mas a solução veio de maneira inesperada, quando Maks, sem opções, segurou firme nos braços dela, já disposto a imobilizá-la de maneira mais bruta. A jovem fechou os olhos com força.
"Por favor, não me mate...!" – implorou ela silenciosamente em seu pensamento.
E, desta vez, Maks compreendeu as palavras.
Ele percebeu, então, que o contato físico poderia manter uma comunicação mental com outras pessoas que não faziam parte do time de Caçadores. E essa linguagem mental mostrou ser a mesma em qualquer idioma, pois mesmo sem saber nada de japonês, os pensamentos dela soaram claros na sua mente quando ouviu. – "Acalme-se por favor, eu só quero ajudá-la." – ele pediu, soltando-a. Ergueu as mãos espalmadas diante dela, pedindo calma. – "Não vou te machucar. Somos amigos. Só quero te ajudar."
—Mas... como fez isso...?! – perguntou ela em voz alta, assustada, olhando para os lados após aquela inesperada comunicação mental.
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Legado da Destruição - Caçadores de Nômades
Action(Vencedor do Prêmio Wattys 2020) - Nômade: definição - aquele que não tem casa ou não se fixa muito tempo num lugar. Mas havia uma cidade onde os Nômades ganharam uma definição bem incomum: pessoas (ou criaturas semelhante a pessoas) que vag...