Capítulo 24 - CONTATO

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      Depois de manter Aleksei informado, Maks voltou suas atenções para a garota oriental ferida, que entre sua agonia, gritava frases incompreensíveis, no idioma japonês. Suas expressões demonstravam uma terrível mistura de medo e dor.

      —Calma, viemos para ajudá-la...! – o Caçador tentava explicar, apreensivo, no entanto, não era compreendido. Ela se mantinha muito agitada, tornando seu estado, cada vez pior. Quando ameaçava tocá-la, ficava histérica e, quando se debatia, piorava o sangramento. Um enorme círculo escarlate já se estendia pelo chão, sob seu corpo pálido e enfraquecido.

      —Ela tem de ser levada para um hospital imediatamente! – observou Mikhail, parecendo ainda mais preocupado. – Acho que esse ferimento está muito grave para você poder fazer alguma coisa, cara! Vai ser perigoso se tentar aquela sua parada de cicatrizar. – De soslaio, olhava com aflição para aquele ferimento aberto.

      Muito aberto.

      Chegava a ter a angustiante sensação de que toda a parte abaixo do joelho poderia, a qualquer momento, se separar do resto do corpo.

      Mas não melhorou muito quando focou mais abaixo, naquele tapete de sangue que se expandia ao redor, crescendo de tamanho embaixo dela. – Ai, meu Deus...! – Se ainda houvessem cabelos na sua cabeça, metade já teriam sido arrancados, mesmo sob a balaclava. – Ela tem que se acalmar...! Faz ela ficar calma, cara! – gritou, a histeria já pedindo passagem. – Faz alguma coisa!! – E se levantou, ainda com as mãos sobre a cabeça; girou nos calcanhares e se afastou alguns passos, apenas para retornar no instante seguinte, mantendo a mesma dificuldade em olhar a cena, ficando cada vez mais angustiado.

      Maks tentava ignorar a reação desesperada de Mikhail. Reação, aliás, que naquele momento, não estava sendo de muita ajuda; apenas contribuía para deixar todos ali mais tensos.

      Ele precisava conquistar a confiança da moça para poder ajudá-la e era necessário ser compreendido. Algo que não seria conseguido com tanta facilidade. Afinal de contas, para aquela assustada japonesa, um desconhecido foi o responsável pelo massacre, sendo ele e Mikhail simplesmente mais dois desconhecidos que apareceram do nada e falavam uma língua estranha.

      E, para piorar tudo, estavam mascarados.

      Maks decidiu, então, retirar a balaclava e mostrar o rosto. O fato de não parecer mais um assaltante ajudaria a ganhar a confiança dela. Mikhail entendeu aquele gesto e fez o mesmo.

      Só que ainda não seria suficiente.

      Mas a solução veio de maneira inesperada, quando Maks, sem opções, segurou firme nos braços dela, já disposto a imobilizá-la de maneira mais bruta. A jovem fechou os olhos com força.

      "Por favor, não me mate...!" – implorou ela silenciosamente em seu pensamento.

      E, desta vez, Maks compreendeu as palavras.

      Ele percebeu, então, que o contato físico poderia manter uma comunicação mental com outras pessoas que não faziam parte do time de Caçadores. E essa linguagem mental mostrou ser a mesma em qualquer idioma, pois mesmo sem saber nada de japonês, os pensamentos dela soaram claros na sua mente quando ouviu. – "Acalme-se por favor, eu só quero ajudá-la." – ele pediu, soltando-a. Ergueu as mãos espalmadas diante dela, pedindo calma. – "Não vou te machucar. Somos amigos. Só quero te ajudar."

      Mas... como fez isso...?! perguntou ela em voz alta, assustada, olhando para os lados após aquela inesperada comunicação mental. 

Legado da Destruição - Caçadores de NômadesWhere stories live. Discover now