Diamante

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Eu não tinha muita certeza das escolhas que fazia nos últimos tempos, mas sabia que muitas delas não estavam sendo boas pra mim mesma. Viver nessa bolha de indecisões e dúvidas acabava com o meu psicológico e eu acabava em frangalhos na maior parte do tempo. Isso precisava mudar, e naquela manhã de sábado, depois de uns mergulhos na água fria da piscina eu clariei minha mente e tomei uma decisão, iria até Michael. Essa história de ignora-lo havia de tornado ridícula e infantil, eu tinha trinta anos e era uma adulta responsável, a desculpa de estar de luto não cobria mais a verdade, e a verdade era que estava com medo dos meus sentimentos por ele. Michael estava certo, eu teria de escolher entre a cirurgia e uma vida a dois, com ele as coisas seriam assim, era uma grande escolha.

Estava pronta para assumir minha posição nesse caso, por isso dirigi até sua mansão em Beverly Hills acelerando ao máximo meu Porsche Cayenne, que parecia não obedecer minha urgência. Quando cheguei nos portões da grande e elegantíssima casa, fui muito bem recebida pelo porteiro e seguranças. Os cumprimentei educadamente e avancei com o carro na pretensão de estacionar na minha vaga de sempre, mas um carro estava estacionado no local, um vermelho, lustroso e afeminado carro. Isso me obrigou a estacionar do outro lado, no sol. Franzi o cenho, curiosa por quem poderia estar ali enquanto pego minha bolsa e ajeito o vestido rosa palido que usava, saio do carro com uma determinação fulminante em descobrir quem era aquela pessoa.

Passo pelo hall de entrada e ouço música, era a mais doce das sinfonias. Me lembro bem de ter ouvido ela ao lado de Michael depois de fazermos amor numa noite chuvosa. Sigo aquele som e ouço risadas e vozes de uma mulher. Meu coração dispara e penso em dar meia volta, ir pra casa parecia uma boa opção, antes que eu pudesse ver algo que não gostasse tanto assim. Mas meus pés teimosos e falta de noção sobre o perigo me levaram adiante, e então eu me vi dentro da sala privada de estar, onde passei muito tempo com ele. As luzes da manhã atravessavam o vidro colorido das janelas tornando o ambiente com um ar mágico e caloroso. Essa mesma luz iluminava uma loira de 1,77, trajando um finíssimo conjunto vinho, que destacava a delicadeza de sua pele alva. As bochechas coradas e travam em sintonia com os lábios vermelhos e carnudos, e um par de olhos verdes me fitavam, avaliadores. Engoli em seco, e nesse momento me repreendi por não ter escolhido um vestido melhor e sexy, ao invés de um delicado e modesto rosa pálido. Dou dois passos adiante jogando meu olhar sobre Michael que parecia embaraçado com minha súbita aparição. Ele estava sentado num sofá do lado oposto à mulher presente, se levantou e caminhou até mim. Não me beijou, nem abraçou, apenas tocou meu ombro esquerdo e sorriu timidamente.

- Alissa! Eu não sabia que viria! -disse com um tom inocente, e eu me perguntei se a surpresa era boa ou ruim.

- Deve ser porque eu não liguei para avisar. - respondi num tom brusco e tirei sua mão de mim. - Mas se eu soubesse que teria visitas eu poderia ter vindo mais cedo.

Olhei pra ele, que pareceu ter engulido em seco. A garota no sofá se levanta e caminha até nós, com toda a sensualidade que possuía.

- Você deve ser a médica de que Mike me falou! -a garota sorriu mostrando uma perfeita fileira de dentes brancos- Sinto muito por seu irmão! Que perca! -acrescentou e uma pontada de irritação me atingiu por Michael ter compartilhado esse episódio da minha vida com uma mulher desconhecida pra mim. - Eu sou Rebekah Stones, muito prazer.

Olhei para a mão estendida a minha frente e com muita falta de vontade a apertei brevemente. Ela sorriu ainda mais e olhou para Michael. Tocou seu ombro intimamente.

- Mike querido, eu tenho que ir agora ... Frederick e eu vamos almoçar juntos e estou atrasada! - beijou seu rosto e saiu do ambiente nos deixando em completo silêncio.

Segurei minha bolsa firme em meu ombro tentando ao máximo manter minha compostura, quando na verdade queria chorar. Não olhei para ele nem mais um segundo, fui até o quarto onde dormimos juntos para fazer minhas malas. Muitas de minhas coisas estiveram ali guardadas, e eu não imaginei que sentiria vontade de levá-las embora algum dia, mas me enganei.

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