Cegado pelas luzes

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 - Oque esta fazendo aqui? - Michael exigiu saber assim que abri meus olhos. Sem mesmo perceber havia pegado no sono junto dele, perdendo a total noção do tempo, porém pela janela eu podia ver que era noite. - E então?

Ele me olhava com uma carranca de dar medo, automaticamente me levantei ajeitando a roupa. Me senti envergonhada por ter sido tão descuidada ao ponto de dormir, agora ali estava eu, com a cara amassada, sem respostas para dar a ele. Obviamente o efeito de seja la oque ele tenha tomado, havia acabado, e eu tinha á minha frente um Sr Jackson bem zangado. Tentei parecer autoritária e sair por cima na história toda.

- Bom... - limpei a garganta- Estava de olho em voce ora bolas. Peguei no sono. 

Não consegui olhar ele nos olhos, mas pude sentir seu olhar em mim, me avaliando. Pude sentir também o momento em que meu rosto começou a queimar de vergonha. Que humilhante.

- Eu não me lembro de ter pedido uma babá.  - ele declarou.

- Eu não sou nenhuma babá, eu só estava... só achei que... - me enrolei nas palavras e achei melhor acertar nele aonde doía. - E que história é essa de tomar tranquilizantes? Vai começar a se drogar novamente? achei que tivesse deixado isso para trás.

Ele cruza os braços e se serve de um copo d'agua, claramente sem jeito com minha pergunta. No seu rosto, uma bela expressão de revolta.

- Oque te faz pensar que isso seria da sua conta? Não estamos juntos mais... não te devo explicações. - disse por fim com voz grave. Aquilo fez meu coração doer.

- Estou usando o mesmo direito que usou para arranjar outro homem pra mim, lembra?  - solto uma risada cheia de escarnio- Pro meu bem... 

- Não tente mudar a situação aqui. 

- Pode não me dever satisfações sobre sua vida, mas deve á sua filha. Acha que ela não percebe oque esta acontecendo aqui? Acha que ela não ve? 

Sua expressão mudou rapidamente para curiosidade. Após um minuto de silencio ele voltou a falar.

- Oque Paris disse? - sua voz estava mais suave- Ela esta magoada?

- Ela esta sentindo falta do pai, ela quer voce perto dela. Não o Michael rabugento que tem sido, mas aquele atencioso e divertido. - suspirei passando as mãos no cabelo - Não sei se isso é por minha causa... Mas se for , voce precisa sair dessa, porque não fui eu quem fui embora, muito pelo contrário. Que adianta Conrad estar preso, e voce bancar seu próprio assassino? 

Minhas palavras ecoaram pelo quarto e fizeram se estender um silencio absoluto, e só depois de alguns minutos alguém falou, e fui eu.

- Eu vou embora. - decreto. -  Me desculpe por causar incomodo. 

Me senti ridícula e desnecessária ali. Parecia que tudo pelo que passamos, cada segundo de magica, amor e felicidade haviam se misturado á uma borra de tristeza dor e incertezas, e nunca voltaria a ser normal novamente . Acho que esse era o fim, o fim real da nossa relação. E pra que arrastar a coisa toda? Apenas estaríamos nos ferindo, nos enganando. De alguma forma quase que sorrateira, todas as situações de perigo e quase morte conseguiram nos afastar  e a única coisa que restou foi essa bola gigantesca de sentimentos reprimidos. Eu queria chorar, queria gritar, queria realmente morrer a saber que não era mais amada por ele. O homem que me dera vida podia tirar com tamanha facilidade, era desconcertante.

 Ele não se move quando atravesso o quarto em direção á porta, parece estático em seu lugar, Em conflito com  sua própria decisão. E  quando pensei que não teria mais jeito, ele segura quase que de forma violenta meu pulso, me impedindo de sair.

- Não... - ele disse cheio de oscilações na voz- São duas e meia da manhã. Pelo amor de Deus, não vou deixar sair daqui assim.  

olho para ele confusa do que queria. Seu toque em meu pulso se suaviza. 

- Não te entendo Michael... -percebo que as lagrimas estavam prestes a cair - Não pode agir assim comigo.. Não pode me largar e puxar de volta. 

- Eu sei... Sou um problema dos grandes. -ele disse- E sei que merece coisa melhor que isso... por isso fiz oque fiz, me perdoe. 

- Oque vamos fazer então? - perguntei exigente e inconsolável. - Fingir que não nos amamos?

- Eu não sei a resposta agora, mas com certeza quero que fique aqui. -Ele me puxa para perto e me  envolve em seus braços quentes, apoia o queixo no topo de minha cabeça e acaricia meu cabelo. - Não suporto ter ver chorar vida. 

 Suas palavras revestidas de açúcar me fizeram chorar ainda mais.

- shhh... por favor.. não. - ele diz tentando me acalmar- Alissa...

Posso ouvir seu coração acelerar no peito e o abraço mais forte. 

- Ninguém se compara a voce... Ninguém. - começo em tom baixo- Pare com esses remédios, jogue-os fora. Eu faço qualquer coisa pra te ajudar mas não os tome mais. 

- Por que? - ele quis saber, ergueu meu rosto até que eu fosse obrigada a encara-lo. - Porque esta tão nervosa sobre isso?

 pisquei algumas vezes e tentei secar o rosto. 

- Eu te amo demais, e tenho um mal pressentimento sobre esses remédios que voce toma. 

-Preciso deles Alissa... tenho problemas pra dormir, preciso dos remédios. Não posso parar com eles. Desculpe.

 Franzo o cenho incrédula, me afasto quase que instantaneamente de perto dele, uma bile subindo á garganta. 

- Então eu não vou ficar aqui assistindo voce se acabar. -disse eu por fim- Se não é capaz de pensar nem em sua família, Prince, Paris... quem sou eu pra exigir que faça por mim.   

- Alissa.. anjo.. Não vai acontecer nada de ruim.  Não precisa ficar assim... é claro que eu penso e amo todos, minha família, VOCE! 

Calcei meus sapatos com certa pressa me atrapalhando um pouco com os cadarços, estava totalmente pronta pra me mandar dali, quando ele veio pra cima de mim. Espalmei as minhas mãos no peito dele tentando empurra-lo, mas isso não impediu que seus lábios famintos se apoderassem dos meus, num beijo ardente cheio de paixão e necessidade. Retribui sua caricia na mesma intensidade, meu corpo ansiava pelo dele, cada célula, todo meu espirito precisava se encaixar ao dele para que assim eu me sentisse finalmente satisfeita, mas não era o certo. Não podia simplesmente dormir com ele e fingir que estava tudo bem, eu ainda tinha minhas magoas e ele continuava cometendo erros que me deixavam louca da vida. Com uma lufada de coragem interrompi o beijo, os pulmões necessitados de um pouco de ar. 

-Dessa vez eu não vou facilitar pra voce, dessa vez vai ter que lutar por mim. 

- como assim, aonde esta indo?

-Embora. - finalizo- Volto assim que voce decidir oque quer de verdade.  

 Dizendo isso, dou meia volta e saio. Sem olhar para trás. 




'Coração de diamante'Kde žijí příběhy. Začni objevovat