paranóias

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Dois dias depois, eu estava melhor mas nem tanto quanto gostaria. Havia sido diagnosticada com intoxicação alcoólica, mas por algum motivo aquilo não batia como verdade. Levanto um pouco tonta e cambaleio até o banheiro e giro a torneira de água quente do chuveiro entrando na água em seguida e tomando um senhor banho.

....

Após estar trocada e pronta tranco a porta do quarto de Michael e abro o armário em busca de minha maleta médica. Essa pulga atrás da minha orelha estava fazendo eu acreditar que havia algo errado com os resultados do exame feito pelo doutor Vásquez, e também não podia confiar em Murray, então faria meu próprio exame de sangue.

Com certa dificuldade coleto o líquido vermelho e quente de uma das veias do antebraço, guardo em um frasco de vidro fechado e coloco no freezer do mini bar escondido.

Batidas na porta me assustam, meu coração da um pulo. Não que eu estivesse fazendo algo errado, só não queria que ninguém soubesse, principalmente Michael.

-Alissa? -chamou ele em tom preocupado- está tudo bem?

- Só um minuto meu bem... -digo nervosa guardando a maleta de apetrechos no armário novamente. Corro para abrir a porta e Michael me olha desconfiado. -Desculpe... Estava me trocando.

- Ah... -disse ele pensativo- Não é bom que tranque o cômodo, pode passar mal e ninguém conseguiria entrar pra te ajudar. Está melhor?

-Eu estou ótima... Um pouco de dor de cabeça apenas. -lhe dei um sorriso forçado- Nada que um analgésico não resolva.

- Suas bochechas estão mais coradas mesmo.. -ele sorriu- nada de beber novamente, isso não te faz nenhum bem você sabe..

- É eu sei. -apesar de saber que não havia sido o álcool resolvi concordar com ele pra não dar o que falar.- Vou ter que fazer minha mala logo mais, está preparado para o grande adeus?

Minha tentativa de distrai-lo funcionou com êxito. Ele mudou de expressão e me abraçou carinhosamente.

- Ninguém vai dizer adeus aqui.. você sabe disso. -declarou muito certo de si- Queria que esquecesse aquela última briga que tivemos.. vou me dedicar mais a você. E para provar vou levar você a uma festa amanhã a noite. Pública.

Engoli em seco. Apesar de não gostar de ser escondida por Michael, agora era o pior momento para ele me mostrar ao público. Eu estava prestes a voltar ao hospital e com tudo oque estava acontecendo chamaria atenção desnecessária.

- acho que não estou bem para uma festa ainda... -digo me desfazendo do abraço e indo até a penteadeira - além disso... O trabalho começa na segunda, eu deveria estar me preparando para voltar às mesas de cirurgia...

Ele me olha confuso

-Nada como suturar corações... Retirar tumores.. transplantes. -sorri fingindo falsa animação- Empolgante!

- Gostos peculiares os seus. -ele faz uma careta e se senta numa poltrona próxima a cama, me observa de longe.- Não pode mesmo ficar mais tempo aqui?

Suspiro enquanto brinco com a escova de cabelos.

- Eu gostaria muito. - digo sincera - Mas já tem médicos demais nessa casa.

Mordi a língua após dizer aquilo, pois notei como a expressão dele mudou. Ele tamborilou os dedos pacientemente no braço da poltrona e me encarou abertamente.

- Não quero que fique como médica. Nunca te pedi isso. -seu tom era grave e sério- você está certa, ha médicos o suficiente aqui, e eu quero que fique como mulher, como minha mulher. Quero que me acompanhe, quero que esteja ao meu lado, para me amar e apoiar, compreender e enfrentar. Eu estou pronto para tudo isso, eu quero você na minha vida por completo, eu estou apaixonado por você Alissa , Deus sabe disso, como estou. -fez uma pausa e continuou- Sabe que se quiser ficar comigo ... Eu não quero que desista da sua carreira mas deve saber que tudo irá ser diferente. E talvez isso te arruine, talvez você não consiga entrar mais num hospital sem as pessoas te assediarem antes, durante e depois do trabalho. Eu não quero te colocar nessa posição mas preciso. Preciso que escolha, ou será seu trabalho ou será eu.

Fiquei paralisada ao ouvir seu discurso. Eu não tinha pensado nas coisas com tanta clareza quanto agora porque antes nada havia sido falado, e eu estava na minha zona de conforto. Foi como um choque pra mim porque eu não queria perder minha carreira, e também não queria perder Michael.

Antes que eu pudesse rebater ele continuou a falar.

- Eu não quero que decida isso neste momento, quero que pare e pense nas suas prioridades. Quero que tenha certeza da resposta que irá me dar. -ele levanta caminha até mim e se abaixa segurando minha mão. Eu o encaro apavorada.-. Não quero que fique assustada, quero apenas que relaxe e escolha o melhor pra você.

- Na festa .. eu te darei a resposta na festa. -digo quase como um sussurro. Percebi minha garganta seca e devia ser o nervoso. Ele continuava me olhando com carinho e eu não pude resistir, beijei seus lábios com paixão. Eu estava apaixonada por aquele homem.

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