Meu pai já não sabia mais o que fazer o segundo soldado havia se matado, enquanto o salão de magias parecia um cenário de horror. Seis soldados, incluindo Apolônios, permaneciam inquietos delirando e se mutilando. O bom e velho Sieguifried estava esgotado, não tinha mais nenhum feitiço na manga, todos os soldados relatavam entre um delírio e outro que tudo era culpa do mago negro. Aquilo interferia os pensamentos do líder branco, que já possuía um péssimo relacionamento com Derfel, mas não cabia a ele a decisão da investigação. Há dias pedia uma audição com o rei, mas parecia que Gerard estava aéreo, fora de si. Toda a sua atenção era para Emma e os dois passavam mais tempo dentro do quarto do que fora dele. O único que possuía a atenção do rei naqueles dias era Amiel, que recebia visitas quase diárias do soberano de Soleria junto ao General.
Dois elfos vieram para tentar ajudar, mas ao ver a cena grotesca, nada puderam fazer. Pelo contrario o relato de uma peste se espalhou por toda a Cidade branca causando pânico para as pessoas, o boato de que o mestre da magia negra havia trazido a doença dos orcs, fluía em todas as bocas, deixando de ser sussurros e se tornando berros agonizantes dos parentes dos doentes.
— Gaiga, o que está acontecendo? — Perguntou Ragnar entrando horrorizado no salão de magias. — Porque não me chamou antes? — Meu pai olhou com desprezo o General. — Eu sei que não sou muito bom com magias, mas esses são meus soldados. Eu precisava de um relatório do que ocorria com eles e não saber através de uma fofoca.
— Fofoca? — Perguntou o preocupado Sieguifried.
— Os elfos, eu sabia que era uma péssima ideia chama-los. — Resmungou meu pai.
— Podem ter sido os estudantes também! — Completou o velho mago.
— Eles sabem que eu arrancaria a cabeça deles. Ragnar preciso falar com Gerard. A única coisa que eles falam é que Derfel trouxe a doença.
— Então isso também é verdade? — Perguntou o incrédulo General.
— Parece que a população está muito bem informada do que acontece aqui. — Resmungou meu pai encarando o velho mago. — Sim Ragnar, isso também é verdade. Derfel tentou me procurar a uns dois dias atrás, mas é impossível parar de cuidar dessas pessoas. Em um momento de descuido um rapaz quase arrancou a própria cabeça. — Meu pai falava quase sem respirar.
— Gaiga, a quanto tempo você não dorme? — Perguntou o General, sendo respondido com outro olhar de desprezo de meu pai.
— Dormir? Como? — Perguntou ele mostrando a situação caótica. — Eu preciso do rei, preciso pegar orientações com ele a respeito de como proceder.
— Se o rei está ocupado, nos tomamos conta da situação. — Respondeu o General.
— Mas eu preciso de ordens. — Resmungou meu pai, enquanto Ragnar abria a sala de magia e segurava pelo braço uma arrumadeira que passava pelo corredor.
— Traga-me Derfel aqui, AGORA! — Praticamente berrou o General, assustando a moça que saiu correndo na direção dos cômodos do mago negro. — Até este imbecil está doente? — Perguntou Ragnar apontando o queixo para Apolônios.
— Eu pensei que vocês eram parentes. — Comentou o velho mago.
— Somos, ele é sobrinho da minha irmã, ou alguma porra assim. Tem até algum talento com a espada, porém, é um sanguessuga. Depende dos outros para crescer, fora que é mentiroso também. — Disse encarando o rapaz que tinha o olhar vítreo e nem o percebeu ali.
— Você não deveria falar assim dele, ele também tem bastante talento nas artes mágicas. Não concordo com isso que você fala. — Completou meu pai, foi a vez do General lhe dar um olhar de desprezo.
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Soleria - A Canção de Dama Lua
FantasyFilhos sempre querem ter histórias maiores do que as dos seus pais. Mas quando você é filho do maior mago do reino e melhor amigo do príncipe, isso se torna algo bastante complicado. É para isso que se tratou a vida de Tai, criar histórias que invad...