CAP.30 - O ladrão das sombras.

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Não tínhamos tempo a perder, precisávamos encontrar nossos amigos, enquanto a preocupação com Ulthred era algo que nos tirava a concentração. Naquele momento já não víamos movimentos na direção de onde ele se encontrava com o seu antigo mestre, e sua demora em nos encontrar me deixava desesperado.

Fora o caso de Cielo e Agnes, que foram arrastados pelo golpe de Mercur. Decidimos seguir o rastro molhado do rio feito pelo guerreiro, o que nos confortou por alguns instantes.

Os escravos perceberam a seriedade das batalhas, alguns chegaram a se ferir, fora os que também foram levados pela enxurrada de Mercur. Percebi que eles já não ficavam mais tão próximos a nós, mantendo distancia o suficiente apenas para alimentar sua curiosidade. Após uma longa caminhada, pude perceber um menino apontar para a esquerda e notei o que ele queria nos mostrar. Vimos por cima das árvores a silhueta de um grande castelo e ao nos aproximar mais, pude notar que era maior do que o de Soleria, com muito mais luxo também. Com certeza nosso inimigo estaria ali.

-Nenhum sinal de Abil. — Disse Rick quebrando o longo silencio que fazíamos. Não sei o motivo, mas desde que deixamos a batalha de Buks não havíamos falado nada, apenas concentrando nossos sentidos de soldados para notar possíveis ataques. Tudo estava acontecendo rápido demais, o ataque do capitão Brown, toda aquela historia no limbo e agora essa batalha de Paradiso, estava muito difícil de entender tudo.

— Não... precisamos ser mais rápidos e encontrar Cielo e Agnes também. — Completei, misturando os meus pensamentos aos dele.

E não foi preciso procurar muito, mais alguns minutos de caminhada e fui capaz de escutar o som de metal contra metal, a canção da espada como os mais velhos contam. Para falar a verdade aquele som aliviou um pouco a meu pensamento, pois se existia luta, significava que nossos amigos estavam vivos.

Chegamos finalmente na fonte do som, que era no pátio do grandioso castelo que era a morada do Guerreiro de diamante. A construção parecia muito com o lar dos príncipes de Soleria, porem, maior. A sua frente um grande vilarejo, que também era muito parecido com a Cidade Branca, com ruas de casas em forma de elipse se formando em frente ao castelo e um grande pátio no meio, onde encontramos nossos amigos. Tudo aquilo era muito esquisito, pois apesar das proporções maiores, não dava para acreditar em simples coincidência na similaridade entre os dois lugares.

Percebi Cielo se apoiando na Alabrasta, junto a Agnes e Abil, lutando contra um inimigo de armadura negra.

Ele tinha cabelos compridos e olhos puxados, a pele escurecida pelo Sol e falava bastante engraçado.

— Mais amigos para jogar! — Disse ele batendo palmas, quando nos viu chegar, chamando a atenção de nossos amigos a respeito de nossa chegada. Ele tinha um sotaque engraçado, e falava um pouco mais rápido do que uma pessoa normal, fazendo com que tudo que falasse parece com uma intensidade maior.

Foi notória a expressão de alívio no rosto de Cielo, enquanto Abil apenas sorriu em nossa direção. Porém, Agnes nos olhou por um curto espaço de tempo e voltou sua atenção para o oponente. Seu rosto estava fechado como eu jamais havia visto.

-Quem é o filho do rei? — Perguntou o guerreiro de armadura negra voltando sua atenção para nos dois. Nesse momento Abil partiu em disparada para o castelo deixando o guerreiro atônito com sua reação e quando finalmente deu por si e decidiu atacar o elfo pelas costas, foi travado por Cielo e Agnes.

— Elfo maluco da porra! — Resmungou Cielo com um pequeno sorriso de canto de boca.

O elfo manteve sua corrida até ser parado por um grupo de soldados, que rapidamente foi vencido por seu ímpeto. Parou apenas ao ouvir uma voz vinda acima de sua cabeça e ao olhar para cima, viu um grandioso guerreiro de armadura branca no parapeito do castelo. Percebemos mesmo a distância que aquele deveria ser Diamante.

Soleria - A Canção de Dama LuaWhere stories live. Discover now