CAP.28 - Soldadinhos de Chumbo.

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JP sacudia animadamente as mãos, enquanto os outros dois meninos pareciam encantados com todas aquelas batalhas. Maggie percebeu que eu os encarava e me deu um doce sorriso. Olhei pela janela e ví que mais uma noite havia chegado.

— Está tarde! — Eu falei, chamando a atenção dos meninos.

— Não está não! — Reclamou JP. — Nem inventa de dormir, que agora chegou a parte da briga! — Disse ele socando o punho esquerdo na palma da mão direita.

— É mesmo vovô, não possuímos sono algum! — Reclamou Elric. Olhei para Arthur que apenas deu com os ombros e sorriu.

— Não estamos com sono então? — Olhei para Maggie, pois apesar de ter todos aqueles títulos, ser uma das pessoas mais importantes do reino e etc.... quem mandava naquela casa era a minha esposa.

— Eu tenho uma sugestão! Que tal uma fogueira no quintal, onde podemos assar linguiças e salsichas enquanto continuamos a história? — Perguntou a minha Maggie.

— É disso que eu estou falando! — JP se colocou de pé rapidamente pulando de um pé para o outro. — Quero ver contra quem você lutou! Fez os machados de luz e.... — Ele começou a acertar golpes no ar sozinho, sendo acompanhado depois pelo primo, fazendo com que os dois se embrenhassem em uma batalha épica. Olhei para Maggie que fez apenas um gesto com a mão para deixa-los ali, se levantando para pegar nosso jantar.

— Vamos lá fora acender a fogueira! — Disse para o meu neto mais velho.

Saímos, percebi que ao contrário da manhã cinzenta o dia havia sido bonito, pois a noite estava estrelada. Acabou que a ideia de Maggie seria boa.

— Eu nunca conheci ninguém que morreu. — Fiquei impressionado com a afirmação de Arthur. — E agora com todas essas histórias que o senhor está contando.

— O que tem? — Perguntei, estimulando o garoto a manter o raciocínio.

— Não tem a menor possibilidade de eu ter o mesmo nível de poder do que vocês naquela época.

— Arthur, mesmo em Soleria, nos acordávamos e trenávamos. Todo dia, sem exceção, nem que fosse fisicamente, uma corrida para a vila do fogo, uma batalha com Ragnar, ou no meu caso muitas e muitas horas na sala de magia do meu pai. — O menino me observou. — Mesmo não tendo noção, naquela época éramos fortes o suficiente para todos os oponentes que enfrentamos.

— Eu percebo isso. — O menino olhou para o próprio punho. — E vejo que a força que vocês possuíam vinha da amizade e não dos treinamentos. Pois em mais de uma vez, você disse se levantar mesmo não tendo mais força, apenas para salvar seus amigos. Agora mesmo com essa história da luta do Cielo, mesmo ele não querendo parar na Ilha, ele lutou até o fim! — Balancei a cabeça positivamente.

-Você está certo. Espero que tenha a oportunidade de colocar tudo o que importa em jogo e que lute com forças que desconhece possuir. É uma sensação incrível.

-Mas eu não tenho amigos iguais aos seus.

-Como não? Você não daria a vida por JP? Ou por Elric?— O menino me encarou.

— Sim! — Disse com um pequeno sorriso. — Com certeza!

— Então! Não se pressione tanto, tenho certeza de quando chegar a sua hora, você irá me superar facilmente. — O menino sorriu com aquilo.

— Você deve estar triste não é. — Ele me pegou de surpresa com aquilo. — Eu conhecia o tio Rick, não tão bem quanto Elric, mas mesmo assim eu gostava dele. Eu acho a morte algo muito engraçado.

Soleria - A Canção de Dama Luaحيث تعيش القصص. اكتشف الآن