CAP.10 - O viajante e o prisioneiro.

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Devia passar um pouco da hora do almoço, quando o príncipe chegou até a vila azul. Por todo o canto as pessoas se encontravam alarmadas com o que acontecia. Alguns poucos, que haviam ouvido rumores a respeito de sua morte, cutucavam os outros e apontavam em sua direção, os animais marinhos eram dignos de maior atenção.

Chegando ao porto do local, viram uma multidão de pessoas horrorizadas com o que acontecia. Realmente a imagem era chocante, centenas de Hydras se esticavam para fora do mar, o tamanho dos animais era absurdo, passando e muito o Dragão de metal. O rei, junto a seus líderes já se encontrava frenético, tomando as decisões necessárias. Os dois meninos conseguiam enxergar os animais a uma boa distância, porém a cada passo que davam aquilo parecia mais verdadeiro. Conseguiam ver melhores detalhes dos monstros marinhos e conseguiam ver o quão fácil seria para eles causarem o caos.

Rick estava perplexo, enquanto Buks estava animado com a possibilidade de um combate épico. A aventura perdida havia alimentado sua alma com os sonhos dos bobos, repletos de glória e reconhecimento de poder. Chegaram próximos ao pai do príncipe e o viram alarmado gritando ordens.

— Eu já falei que não quero ninguém próximo ao porto! Onde está Ragnar com o exército? -Berrou a dois mensageiros, que tentavam, em vão, retirar as pessoas das proximidades. — Preciso de todos que possuam habilidades de combate prontos para a ação. Sonny, Maria acredito que a comitiva de vocês já esteja chegando também. — Continuou a berrar o rei alarmado com a situação. A anã apenas fez um sinal com as mãos, seguido por um muxoxo não dando muita atenção ao rei, estava boquiaberta com a quantidade de animais a se lançar para cima. Sabia que nem com todo o contingente da ilha seriam capazes de enfrentar aquilo.

— Rick? O que está fazendo aqui? — O príncipe não havia percebido, mas seu irmão estava no porto, junto de Apolônios, que o olhou com cara de deboche e Drake, que mantinha-se alerta prestando atenção em tudo o que acontecia.

— Você é maluco? Deveria estar em repouso. — Disse o rei se virando e percebendo o filho mais novo. Chegou perto e o abraçou com força. — Como está se sentindo? — O menino não foi capaz de responder.

Ao ver o tamanho dos animais de perto ficou incrédulo com a existência daquilo, havia largado o cavalo na entrada da Vila azul e rumado a pé até o porto analisando cada situação que ali acontecia. Achava que o Dragão fosse a criatura mais aterradora do mundo, mas alí estava algo que o transformava em um pequeno animal de estimação.

— Nós matamos o Dragão, pai. — Disse o príncipe sem retirar os olhos das criaturas. — Ele servia para esse propósito, nos proteger. Agora quem poderá nos proteger?

O rei olhou para o horizonte, viu a imensidão dos diferentes tons de azul, que faziam o contraste entre o céu e o mar. No meio daquela bela paisagem, as criaturas de tamanho horrendo, seguiam se expondo sem pudor algum. Ele não tinha idéia do que fazer, sabia apenas que precisava pensar rápido.

Aqueles animais permaneciam no mar que banhava Soleria, por centenas de anos, impedindo o avanço pelo mar. Eram conhecidos por sua ferocidade e violência, ávidos destruidores de navios e tomadores de vidas, fazendo com que muitos órfãos da vila azul olhassem para os animais com um misto de horror e fúria.

Mais pessoas chegavam em curtos espaços de tempo. Enquanto isso o rei fazia milhares de cálculos e estratégias, que deixavam sua cabeça cansada, tamanha era a velocidade com que as ideias iam e vinham. Tentava entender o que realmente estaria acontecendo. "Se tratava de um ataque? " Rapidamente eliminou essa ideia, pois se realmente esta fosse a intenção, seus súditos já teriam sido massacrados. Olhou lentamente para o filho e depois para a direção da Floresta do Desconhecido, onde a luz prateada Vinda do corpo do Dragão de Metal ainda fugia para o céu. "Deve existir alguma relação. Mas qual? "

Soleria - A Canção de Dama LuaWhere stories live. Discover now