CAP.18 - Apolônios se apaixona.

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Desde o encontro com o prisioneiro do mundo inferior, Apolônios se sentia doente. Vivia fraco, suas intensas sessões de treinamento com as tropas de Ragnar pareciam inúteis e isso só aumentava o número de reclamações do general em seus ouvidos.

— Parece que você conseguiu se tornar mais inútil do que sempre foi! — Reclamava o General. — Ainda queria ir nas caravanas. O que um imbecil como você faria para proteger os príncipes? — O General sabia que aquilo era um ponto fraco para o rapaz e utilizava esse argumento sem piedade. — Você hoje está na guarda do rei, é um aprendiz e mesmo assim está servindo na porra do castelo como um cuidador de nosso prisioneiro. Acredito que o serviço de limpar as fossas seria melhor para alguém como você. — Era notório que o velho guerreiro não gostava do rapaz, mesmo sendo um parente distante.

— Deixe-me tentar novamente. — Dizia o rapaz sem fôlego.

— Vou deixar pelo simples prazer de te ver apanhar novamente — o rapaz treinava com outro soldado mais experiente, já havia sido derrubado duas vezes com violentos golpes em sua cabeça, mas mesmo assim teimava em se provar, mostrar o seu valor. — Podem começar!

O guerreiro mais experiente girou sua espada para a esquerda, sendo rapidamente esquivado por Apolônios, que fintou e deu um golpe lateral crescente vindo pela direita, parecia ser um golpe em cheio nas costelas do oponente, que no último minuto subiu o escudo em dissimulada falta de equilíbrio.

— Está mais lento hoje, amigo do príncipe. — Ironizou o soldado, dando-lhe um preciso golpe no pescoço, fazendo com que o rapaz entrasse em uma crise de tosse desesperadora.

— Muito bem! Para vocês dois por hoje é só. Vão se trocar e descansem, Apolônios, se for para mostrar esse desempenho ridículo é melhor nem aparecer amanhã. — Berrou o General para o rapaz ainda no chão tentando recobrar o ar que teimava em lhe escapar.

Alguns momentos depois, já era capaz de se colocar de pé para se trocar nos lavabos da área de treinamento do interior do castelo. Mas antes se permitiria ter um momento de prazer. Seu nome era Emma, uma jovem na faixa dos 19 anos, com cabelos castanhos claros e olhos da mesma cor. Parecia ter um corpo moldado a mão e tinha a gargalhada mais gostosa do mundo, pelo menos para ele.

Arrancou uma flor discretamente de um canteiro e, ao invés de se dirigir aos lavabos, foi direto para a cozinha do castelo onde a menina trabalhava junto a mãe. Escondeu-se atrás da pesada porta de madeira e fez pequenos ruídos tentando chamar a sua atenção.

— Emma, seu namorado está aqui novamente. — Berrou uma roliça mulher, mexendo em um pesado caldeirão. Ao entender o que se passava, a menina deu um olhar frio para a interlocutora da notícia e se dirigiu a porta onde o rapaz a esperava.

— Lhe trouxe isso! — Apolônios mostrou a flor um tanto quanto amassada por estar guardada em seu bolso.

— Outra flor! — Disse ela em um ânimo forçado. — Obrigada.

— De nada, linda. Para você eu daria todas as flores do mundo. — Respondeu o rapaz com um brilho em seu olhar.

— Não precisa. Tem notícias de Roger?

— Não. Ragnar me manteve aqui para proteger o castelo, pois não sei se você sabe, a invasão do mundo inferior será aqui em Soleria e o general decidiu manter os mais fortes guerreiros ao seu lado. — O rapaz estufou o peito enquanto se gabava para a moça, sempre olhando as suas reações de acordo com o que falava.

— Eu escutei que você foi rapidamente dispensado quando tentou se alistar. — Respondeu a menina com uma expressão de desdém.

— As pessoas falam muitas besteiras. — Corrigiu o rapaz irritado. — Mas vamos mudar de assunto. Hoje à noite, vamos fazer algo? — Nesse minuto a menina olha para trás e vê a roliça mulher lhe fazendo um sinal de sim com a cabeça.

Soleria - A Canção de Dama LuaWhere stories live. Discover now