CAP.26 - O namoro real.

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Alguns dias após a festa de promoção dos soldados, Emma não saia mais da companhia do rei. Ambos davam longos passeios nos jardins do castelo, jantavam juntos e observavam as estrelas e a lua no terraço. A fofoca corria solta por todo o castelo, porém, Gerard parecia não dar ouvidos para aquilo, queria somente a companhia da menina que enchia seu coração de alegria.

Já Apolônios a cada dia parecia pior, vivia na enfermaria de Sieguifried. As dores de cabeça eram insuportáveis, começava a alucinar e não conseguia mais manter uma linha de raciocínio. Alguns outros guardas apresentavam os mesmos sintomas e Gaiga percebeu que o assunto era sério, quando Jorg, o carcereiro, se jogou de cabeça do terraço do castelo, deixando uma visão sombria para todos aqueles que viram a cena.

Enquanto os dois magos brancos investigavam o que acontecia com os guardas, Derfel parecia horrorizado com o que acontecia em todo o reino.

— Maria, não é possível que ninguém esteja vendo o que está acontecendo. — Dizia batendo a mão no tampo de madeira da mesa, no bar da anã.

— Me diga o que está acontecendo? — Perguntou a anã.

— O prisioneiro, ele está fazendo algo eu tenho certeza.

— Mas as masmorras são forradas de chumbo, é impossível ele fazer qualquer tipo de magia dali.

— Eu lembro de Ulthred ter falado que a magia dos seres do mundo inferior ser diferente da nossa. Eles não têm magias de elementos, ele falou algo a respeito de controle de mentes entre outras coisas. Amiel está fazendo algo Maria, eu tenho certeza! — mais uma vez bateu a mão na mesa.

— Ragnar me falou que você estava cismado com o prisioneiro, mas parece que sabe de algo. — O mago negro encarou a anã quando a mesma falou o nome do General, porém nada falou a respeito.

— Não é cisma Maria. Desde que esse animal está no castelo, sinto no ar um cheiro adocicado, enjoativo, algo que eu não sei explicar. Ele está por trás do que está acontecendo com os guardas do castelo, eu tenho certeza. E você sabe o que é pior? Gerard desce as masmorras praticamente todos os dias para conversar com ele, por horas!

— Ele está recolhendo informações, Derfel.

— Não está! — Bateu pela terceira vez a mão na mesa e deu um longo gole no caneco de cerveja, Maria olhava ao redor e alguns clientes já estavam com os olhos e os ouvidos abertos para aquela conversa que eles estavam tendo, precisava ser ágil e mudar o foco do assunto para algo menos polêmico.

— Mas pelo menos Gerard parece feliz. Ele está conhecendo uma menina, não é?

— Outra coisa ridícula, a porra do Gerard está maluco. O que Magda vai pensar? — Ao falar aquilo a anã quase se jogou para tampar a boca do líder negro.

— Cuidado com o que você fala em público, Derfel. — Sussurrou a anã, com certa frieza na voz. — Gerard merece ser feliz da maneira que for, Magda não está aqui por ele nem pelos meninos.

— Porque ela não pode! Logo você vem me falar a respeito de amores impossíveis, Maria? — A raiva transbordava de Derfel, estava visivelmente bêbado e cada vez falava mais alto.

— Não, apenas não fico me fazendo de coitado pelos cantos, só porque coisas ruins aconteceram para mim. — Respondeu a anã com magoa na voz.

— Desculpe Maria, mas não é possível. Como que do nada ele se apaixona? A menina é um pouco mais velha do que os meninos. Ele sempre teve a esperança de Magda voltar. E se ela voltar?

— Se ela voltar... ele seguiu a sua vida, Derfel. Assim como você deveria seguir a sua. Você é bonito, tem prestigio de ser um líder de guilda, a vida pode ser mais do que você e Agnes. Daqui a pouco ela irá casar e ter a sua própria família e você irá fazer o que?

— Cuidar dos netos? — Disse sorrindo após outro grande gole de cerveja. — Eu acredito que não conseguiria me relacionar novamente, acho que eu nem quero.

— Mas deveria, ainda tem muito que viver meu amigo, se permita ser feliz.

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Meu pai corria de um lado para o outro, os guardas cada vez estavam piores, entre eles Apolônios que alucinava copiosamente a respeito do amor perdido da menina de seus sonhos. Por mais poderosa que fosse o poder de cura do líder branco, ele simplesmente não entendia o que acontecia com os guardas ali presentes.

— Os verifique novamente Sieguifried, temos que encontrar algo. — Dizia aos berros.

— Já verifiquei todos mais de uma vez, Gaiga. — Respondia o velho mago. — Eles não estão doentes.

— Então como você explica aquilo? — Meu pai apontou para um jovem soldado que batia com a cabeça na parede, abrindo um grande corte na testa por onde o sangue descia feito cascata.

— Não sei! — Berrou o velho mago.

No mesmo instante meu pai olhou para os aprendizes de magias curativas. Viu o espanto no rosto de todos ali presentes, pois os dois maiores magos da Guilda branca não sabiam o que estava acontecendo. Sabia que no dia seguinte os comentários estariam rolando soltos na Cidade. Fechou os olhos por um instante e se xingou baixinho, ele precisava fazer algo a respeito.

— O mago negro! — Berrou Apolônios. — É culpa do mago negro. — Nesse momento, Gaiga encarou Sieguifried que apenas deu de ombros, sabendo que seria inútil questionar o rapaz que delirava.

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Nos jardins, o rei passeava com Emma que já usava roupas muito melhores das que ela possuía antigamente. A menina parecia uma rainha coberta de ouro e joias. Possuía o sorriso mais feliz do mundo sendo cortejada animadamente pelo soberano de Soleria.

— O senhor é muito gentil! — Dizia ela sorrindo, após um elogio.

— Digo apenas o que meus olhos vêem.

— Obrigada, então. — Fingiu uma falsa vergonha a menina.

— Emma, eu venho há alguns dias querendo lhe falar algo. — Respirou fundo o rei. — Eu sei que sou mais velho do que você, mas eu não consigo tirar esse sorriso de minha boca. — A menina corou de verdade nesse momento, aquilo era melhor do que qualquer outra coisa que ela poderia sonhar. — Eu gostaria de saber se existiria interesse de nos conhecermos melhor, apesar de todo esse tempo que estamos passando juntos.

— Conhecer melhor? — A vitória da menina tinha que ser completa, ela queria que o pedido fosse feito, que as palavras flutuassem pela boca dele e só assim ela sentira que venceu.

— Sim, como você é ingênua! Estou te pedindo em namoro, doce Emma. — O coração da menina bateu mais forte nesse momento, mas não era por amor e sim pela vitória derradeira. Deitando o rei em sua cama, ela saberia que não teria mais volta. Tinha todas as artes da sedução em sua manga, não houve homem que se deitou com ela que não ficasse apaixonado, lhe prometendo céu e terra para tê-la em seu lar. Mas ela sabia que tinha potencial para mais, ela era digna de alguém com posses, com prestígio. Mesmo assim, nunca em seus sonhos mais arrogantes se imaginou com o próprio rei. E ali estava ele declarando suas intenções de leva-la para a sua cama.

— Senhor rei... — Começou a menina.

— Gerard para você, minha querida.

— Eu... aceito!

Soleria - A Canção de Dama LuaWhere stories live. Discover now