CAP.28 - Soldadinhos de Chumbo.

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— Engraçado?

— Sim, pois a pessoa está ali por uma grande quantidade de tempo e muitas vezes você nem se importa tanto com ela. Não que você não goste dela, ou algo do tipo, mas por saber que no dia seguinte ela ainda vai estar ali. — Ele parecia organizar um raciocínio em sua mente e eu sorri daquilo. — Mas ai chega o dia em que ela simplesmente some. Desaparece. E você percebe que nunca mais vai escutar a voz daquela pessoa, nunca mais irá sentir seu cheiro, ou sorrir de suas piadas. Isso é muito triste. — Sacudi a cabeça positivamente. — Ou seja tudo o que você faz na sua vida é esperar a morte! E essa é a parte engraçada. — Eu o observei por um momento. — A vida é engraçada e a morte é triste, melhor dizendo.

— Realmente é triste! No começo fica um vazio gigantesco em seu peito, uma sensação de perda gigantesca. Depois fica a saudade, parece que você realmente entende que aquela é uma situação imutável e que apenas precisa aceitar. Depois vem a parte agradável.

— Parte agradável?

— As lembranças de tudo o que você passou com a pessoa. É impossível você não lembrar com carinho de todas as histórias e simplesmente não colocar um sorriso bobo no rosto.

— Assim como você colocou ao falar do seu pai! — Arthur sorriu para mim. — Quando disse que ele tinha seus momentos.

— Exatamente! — Nesse momento Maggie trazia bacias com Salsichas e linguiças, enquanto os outros dois meninos vinham se empurrando e sorrindo da peleja mítica que acabaram de ter.

— Eu lutaria até a morte por vocês. — Arthur disse aquilo para si mesmo, não notando que eu o havia escutado. Sorri e percebi que ele era um bom menino.

Chegando na batalha de Ulthred, tomei um susto com seu oponente. Tratava-se de um homem de origem nórdica, com uma longa cabeleira negra que seguia abaixo dos ombros. Possuía um rosto até que amigável, mas que me chamou a atenção, era que o inimigo usava uma armadura de chumbo, igual ao do nosso companheiro. Porém, possuía pedras Esmeraldas a enfeitando, de maneira rústica, ao contrário da belíssima armadura de Zephir.

Ao nos notar, percebi o homem virar o queixo para Rick e eu, fazendo com que nosso amigo nos olhasse pela primeira vez.

— Qual dos dois é o príncipe? — Perguntou de maneira tranquila, aumentando o nosso estranhamento.

— O mais magrinho. — Respondeu o viajante. — Porém, eu respeitaria o outro, pois ele é o campeão do Thor deste ano. — O oponente fez uma expressão de surpresa, puxando de dentro da armadura o seu próprio martelo de campeão do torneio.

— Eu acredito que o velho tenha facilitado este ano. — O clima parecia amigável entre os dois, mas o cenário mostrava que estava tendo uma batalha ali.

— Rick, este é Toria — Disse Ulthred.

— Toria do Pântano, Guerreiro Esmeralda, a seu dispor! — Completou ele para a nossa surpresa.

— Ele foi meu mestre. — Completou Ulthred sem perder o inimigo de vista.

— E o que ele está fazendo aqui então, como você disse os soldados de chumbo deveriam nos proteger. — Disse o príncipe.

— Uma coisa que eu não contei para vocês. É que eu sou o último soldado de chumbo. — Toria fechou o rosto nesse momento. — Meu mestre matou a todos os outros, quando se rebelou contra o elfo eterno. E quando todos pensavam que ele estava morto, aqui o encontramos.

Não tínhamos pegado todos os detalhes da situação, mas pelo o pouco que tínhamos visto esse Toria devia ser um grande filho da puta. Matou todos os amigos e agora estava contra tudo o que sempre havia lutado.

Soleria - A Canção de Dama LuaWhere stories live. Discover now