CAP.08- O chamado a Vila Azul

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— Pode deixar mais um pouco. — Dizia o príncipe segurando o corpo da menina, enquanto o velho mago a puxava. — Imagina, eu teria feito por qualquer um. — Respondeu o príncipe, anulando as reclamações do velho mago, que continuava a puxar o braço da menina enquanto o príncipe dava pequenos tapas em sua mão. — Viu que Buks fazia pequenos corações com a mão atrás da menina, mandando-lhe beijos, dando a Rick uma enorme vontade de rir.

— Eu apenas queria passar aqui para te dizer isso. — Encerrou a menina, se retirando do quarto junto ao velho mago branco.

— Você já viu o Tai? — Perguntou Rick.

— Ainda não, passei aqui primeiro, para depois passar lá. — Respondeu o anão. — Mas soube que ele está muito mal, acho que gastou muita energia, dizem que ele fez a solidificação da luz.

— O que é isso? — Perguntou o menino.

— É a maior magia da sua Guilda, seu imbecil! Nem isso você sabe. — Resmungou o anão. — Dizem que ele solidificou os machados de Ragnar e que cortou a cabeça do Dragão. Não consigo acreditar que na maior aventura de nossa geração, você não me chamou. — Continuou Buks com raiva.

— Não deu tempo, foi tudo muito em cima da hora. — Sorriu o príncipe. — Quem sabe na próxima. Agora quero que me ajude a ir à casa de Tai, quero vê-lo.

— Ninguém vai nos deixar passar, você ainda está muito fraco.

— Por isso que vamos fugir. — Respondeu Rick com um maligno brilho no olhar.

€€€

Desde que eu havia sido deixado em casa, Gaiga mantinha-se em extrema concentração para curar todos os danos a mim impressos. Eu só cheguei com vida em casa, devido os primeiros socorros prestados por Abil e sua irmã, que estancaram grande parte das hemorragias que possuía. A explosão havia me causado grande dano e apesar de toda a magia, empregada ali, ainda era impossível dizer se viveria ou não.

Um dia inteiro havia se passado, desde que os líderes nos trouxeram naquelas condições e desde então Rick e eu estávamos sendo curados magicamente, pelos melhores magos de todo o reino. Foi uma noite longa, porém para o líder branco não existia pausa. Tinha que fazer o máximo possível para manter seu filho vivo. Não sabia o que aconteceria caso isso não ocorresse.

A torrente de luz prateada podia ser vista ao longe, por uma noite inteira ela subiu aos céus o que gerava uma montanha de boatos em todo o país. Muitos diziam que o príncipe havia libertado uma fera, que iria destruir toda a ilha, outros diziam que o príncipe havia morrido nas mãos do povo do Norte entre outros absurdos.

Tudo parecia uma grande bagunça e em condições normais, Gaiga iria me matar com suas próprias mãos. Porém, quando me viu naquele estado um nó se atou em sua garganta, inexplicavelmente seus olhos se encheram de lágrimas e só pode abraçar com toda força o meu corpo inanimado. Teve que ser contido por outros magos brancos, que sabiam da emergência da situação e começaram o círculo de cura.

Não teve tempo para os relatos, mas sabia que eu havia matado o Dragão e naquele instante se deixou sorrir. Pela primeira vez sentia aquela sensação com o próprio filho, o orgulho da realização de algo grandioso.

Não saiu do meu lado a noite toda e quando os magos viram que já tinham feito o suficiente e já se recolhido para descansarem, escutou a porta ranger e ao olhar para trás, viu o príncipe sendo amparado pelo anão. Uma raiva tomou seu peito ao ver o moleque que havia tramado a situação ao qual seu filho havia se ferido. Porém a abandonou, percebeu que mesmo naquele estado deplorável ele estava preocupado com o amigo. Invejou mais uma vez a mim, queria ter um amigo como aquele. Decidiu então se dar um descanso. Levantou-se e por um instante ficou tonto, não percebeu quanto se esforçou utilizando uma pesada quantidade de magia por tanto tempo. Passou a mão na cabeça do príncipe, dando-lhe um amigável sorriso.

Soleria - A Canção de Dama LuaWhere stories live. Discover now