Capítulo 27 | Espera

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Pensar em como Leander reagiria com o que ela tinha decidido não era exatamente um incentivo para seu apetite, mas Jaíne estava sentindo-se nervosa e pensava em pedir a sobremesa mais tentadora que visse. Então meia hora e alguns quilômetros depois do fim do treino dele, Jaíne e Leander entravam através do corredor do shopping em uma hamburgueria, um lugar bonito, envolto em pedras cinza e bancos pretos metálicos. O lugar funciona a seu favor — há salada ali além dos hambúrgueres.

Jaíne examina o lugar enquanto Leander decide o que pedir no cardápio, sua pulsação acelerada suga quase todo o ar de seus pulmões, a deixando nervosa e sem fôlego.

O e-mail de aceitação do RH da empresa nova ecoa em sua cabeça mais e mais, a cada vez que pensava nisso. Tinha querido esperar o final de semana, mas sentiu-se um pouco culpada por não ter comentado ainda sobre a vaga com Leander.

Aceitar o emprego seria uma excelente escolha para sua carreira, finalmente ela poderia alcançar a experiência necessária na sua área. Porém, também significava que Jaíne ficaria presa por pelo menos um ano antes de tirar férias. Ou seja, nada de viagem pelo próximo primeiro ano.

Jaíne tinha quase certeza que Leander sabia que ela nunca tinha pensado seriamente em ir com ele para Rússia. Ele tinha que saber disso, certo? Não seria uma surpresa total.

— No que você está pensando? — Leander questiona depois de fazer os pedidos deles. A mão dele pulsa diretamente para a dela e um toque de tranquilidade percorre seus músculos. Uma das coisas boas sobre Leander é que ele pode ser um cara brincalhão e um pugilista letal quando a situação pedia, mas ele também sabia ler o seu rosto como ninguém.

— Eu fui a uma entrevista de motion designer — Jaíne diz.

Ele a observa em silêncio, os olhos percorrendo seu rosto. O coração de Jaíne pulsa forte entre as costelas, mas não desvia o olhar dele, apesar de querer.

— Eu não sabia que você estava procurando emprego — ele diz.

— Eu não estava — corrigiu.

Leander inclina a cabeça.

— Então simplesmente encontraram o seu currículo?

— Mais ou menos — respondeu Jaíne. — Eu fui indicada por um conhecido para essa vaga, por causa da minha formação acadêmica. Fui a entrevista sem nenhuma expectativa, mas recebi um e-mail na segunda me dizendo que fui aprovada.

— Você já aceitou?

Jaíne ergue o rosto para ele, a boca dela se abre como se quisesse que as palavras certas saíssem. Ao invés de responder, ela pergunta:

— Lembra quando eu disse que o nosso mundo era muito diferente?

Leander hesita, todo o ar está preso em um nó em sua garganta.

— Lembro — ele diz, sucinto.

Jaíne coloca a mão devagar na dele, os dedos ásperos de Leander engolem os seus.

— Eu não aceitei ainda, mas estou pensando seriamente em aceitar.

Ele move os dedos sob os dela e pergunta, com a voz baixa:

— Então isso é um não para Rússia?

Ela franze a testa.

— Não exatamente. Isso é um sim para minha carreira — Jaíne morde o lábio e a fina camada de tranquilidade que Leander a deu antes é destruída quando ele larga a sua mão.

— Isso parece um não para mim — ele diz, irritado.

— Eu ainda não aceitei — lembrou Jaíne, tentando qualquer coisa para suavizar o clima — Eu só estou pensando sobre isso. Tecnicamente eu tenho um prazo de dez dias para responder, depois tenho um mês de aviso prévio na Seventeen.

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