Capítulo 3 | Luta

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No sábado Jaíne tinha dois problemas: o telefone e o local. Não sabia o número do celular dele, nem Leander tinha anotado o seu número, então como marcariam um local? Seu horário na Seventeen terminava às 19h e só se encontrariam dali a uma hora, então achou melhor esperar por ali mesmo.

— Quer uma carona? — O professor Rafael enfiou a cabeça do lado de dentro da sua sala. Há muito que o diretor já tinha ido embora, então era só ela por ali.

— Não, obrigada. Marquei algo por aqui mais tarde.

— Há. Entendi. Um encontro.

Jaíne riu nervosamente para o aspecto alegre do colega.

— Eu não sei se podemos chamar isso de encontro, mas suponho que seja. Obrigada por oferecer a corona, aceito outro dia.

Jaíne demorou cerca de dez minutos a sair da Seventeen, mas quando saiu, sentiu-se satisfeita em aspirar o ar puro e poder caminhar por algum tempo na praia. Mesmo que fosse noite, os quiosques eram movimentadíssimos, então ela aproveitou o tempo livre e andou no calçadão.

Para o encontro, Jaíne preferiu o básico. Um macacão preto acinturado com suaves brincos nas orelhas, deixando o pescoço e o colo livres. Não tinha feito nada de especial no cabelo além do normal, mas tinha tido o cuidado de secá-los com o secador e não só ao vento, então eles caiam suavemente sob os ombros, lisos.

Jaíne era, em muitos sentidos, uma mulher básica, não só fisicamente como em suas ambições. Sua vida era honesta, familiar e rotineira com sua frequência cardíaca sempre constante. Apesar de ser inteligente com um senso de humor negro, já lhe disseram, mais de uma vez, que seu corpo era bonito.

Porém, Jaíne era honesta demais consigo mesma para acreditar que um homem como Leander Silva estivesse interessado nela. Não fazia sentido nenhum esse encontro. O que uma mulher como ela teria que ver com um homem rico como ele?

Pensando sobre isso, resolveu parar em um dos quiosques e pedir uma água, estava de volta ao calçadão desfrutando de sua água, quando o carro preto e branco surgiu ao seu lado na pista.

— Te achei — Leander disse com um sorriso, e o sorriso era malicioso e torto, que a faz pensar que o homem era brincalhão. Mas, caramba, se não era a coisa mais charmosa que ela já viu.

Jaíne inclina seu corpo para o lado, entra no veículo e lhe devolve o sorriso e não sabe ao certo porque estavam com o mesmo sorriso no rosto.

— Como você me achou? — Questionou ela.

— Esquecemos de trocar os números, então supus que esperaria por mim na Seventeen. Estava indo para lá quando a vi do outro lado da rua.

Jaíne observou o movimento da rua.

— Você tem uma vista boa então. Isso aqui está lotado.

— É, eu tenho uma boa visão — era uma indireta, pois os olhos castanhos deles a estudaram com cuidado quando um sinal fechou. Ele ergue os olhos assim que ela o pega em sua linha de visão. Uma reação normal seria ele ficar envergonhado por ter sido pego, mas ele apenas piscou.

Jaíne franziu os lábios num sorriso oculto.

— Obrigada.

Por que foi analisada tão diretamente, Jaíne resolveu observar Leander. Ele estava com uma camisa branca justa, revelando a Jaíne mais músculos que tinha imaginado nele com aquele casaco de capuz. Os jeans permaneciam nas calças, mas agora eram jeans pretos novos e um tênis branco e preto. Com os braços descobertos, Jaíne descobriu que ele possuía uma tatuagem em forma de leão no braço que a camisa escondia uma parte. Ele era, muito possivelmente, o homem mais bonito que Jaíne já viu.

Lute por nósWhere stories live. Discover now