Capítulo 25 | Saltos

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— É claro que sua ex tinha quer ser uma cantora super mega famosa — Foram as suas primeiras palavras quando seguiu Leander para fora do salão em direção a garagem. Sentia um mal estar intenso e seus pés latejavam sob os saltos. Ela tinha vontade de sair correndo por aí descalça e livre. Seria totalmente deselegante, ela sorriu um pouco com o pensamento.

Leander bufou.

— Você vai ficar realmente assim? — questionou-a.

Jaíne olhou feio para ele, o ciúme fluindo através dela devia ser evidente pois a carranca de Leander suavizou e quando ele falou, seu tom era provocativo, com notas afetuosas.

— Ao contrário de você, eu tive algumas ex, você sabe — o celular dele tocou, interrompendo-o — Hum, esqueci de pegar um envelope. Você pode esperar um minuto aqui?

Jaíne assentiu mecanicamente. Enquanto Leander entra de volta na festa, ela dá a volta por trás do carro dele e espera. Fica ali parada, o vento remexendo seu cabelo, iluminado de leve pelas luzes da frente do salão de festas. Incomodada, se abaixa para tentar livrar os pés daquela tortura.

— Já vai? — alguém pergunta.

Jaíne vê de repente que Raphael está próximo dela, acompanhado de uma menina desconhecida e tem as chaves do próprio carro nas mãos. Jaíne se levanta abruptamente.

— Já. Não me sinto muito bem. Eu acho que foram pinas demais. Como eu poderia saber que esse drink delicioso de abacaxi e coco teria álcool? — confessou Jaíne com um rápido meneio de cabeça — Eu vou matar a Torres na segunda-feira.

Ele riu, acompanhado da mulher ao seu lado.

— Você vai ficar bem. Uma pequena ressaca, só isso — replicou Raphael em tom leve — Eu estou indo. Você está esperando alguém?

Jaíne sorriu e bateu suavemente no maserati de Leander. Rapha tinha acabado de terminar um namoro e pretendia se distrair essa noite, se a companhia dele fosse qualquer indício.

— Está tudo bem. Leander vai me levar. Não se preocupe.

Raphael franziu o cenho quando Jaíne cruzou os pés sobre o outro.

— Eu não sei como vocês mulheres aguentam ficar horas a fio nesses troços. Você precisa tirar essa coisa — ele disse e se abaixou para ver se era de alguma ajuda com os saltos.

— Tire suas malditas mãos daí! — Leander diz do nada. Suas palavras estão com raiva, na fronteira com a violência, e seus punhos estão apertados com força.

Jaíne pulou para longe do Raphael como se ele tivesse a queimado, até mesmo a dor nos pés foi incapaz de a impedir de fazer isso.

— Lee — disse Jaíne quando os olhos de Leander estavam brilhando castanhos, a raiva neles destinada ao outro homem. — Ele é meu amigo do outro dia. Raphael.

Então Leander olhou para ela, e aquela raiva fervente mudou para outra coisa. Ela se lembrou subitamente que Leander tinha um temperamento controlado, mas nunca tinha visto a prova disso. Apreensão se espalhou pelo seu subconsciente, tão afiada e pungente que ela disse ao Raphael:

— Eu vou ficar bem, obrigada. Nos vemos na segunda — Vá embora, pediu silenciosamente.

Raphael fica confuso, parecendo quase chocado por um minuto. Reconhecendo o tom sério de Jaíne, seu amigo não respondeu de imediato, olhando de Jaíne para Leander e depois de volta para ela, mas assentiu. Sabiamente.

— Nós nos falamos depois — ele disse e abraçou sua companhia ao seu afastarem.

Aborrecida, Jaíne cruza os braços mais junto ao peito e olha para seus benditos saltos antes de encarar Leander que agora anda em sua direção.

— Jaíne — Sua voz é baixa e ele parece bravo. Jaíne pode dizer que ele está fazendo o seu melhor para parecer controlado — Eu odeio brigas, mas não me teste.

Ela rola seus olhos.

— Ele só tentou me ajudar com os meus saltos — disse.

Ele negou.

— Não quero ver nenhum homem com as mãos em você outra vez.

Jaíne para e o encara. Ela vê algo em seu olhar que não está acostumada, mas não há dúvidas de que está lá. O ciúme, a possessividade. A mulher independente dentro dela acha que deveria ficar com raiva dessa atitude territorial, mas seu coração se recusa a ouvir. Jaíne também não estava mordida de ciúmes com a ex dele? Seria no mínimo hipocrisia critica-lo. Essa noite tinha sido um enorme episódio de ciúmes para ambos os lados. Os dois andavam inseguros demais um com o outro, percebeu. Ela respirou fundo e tenta deixar a coisa menos tensa:

— Não seja ridículo — repetiu as palavras dele daquela noite.

Ele não ri, apesar de ter captado a referência do que disse, e se abaixou para estudar seus saltos. Depois de um momento de hesitação, ele dá de ombros, agarra seus joelhos e de repente Jaíne estava sendo erguida no ar e sendo depositada no ombro dele. Chocada e com a boca aberta feito um peixe, ela deu um grito agudo.

— Leander! — a voz dela saiu esganiçada.

— Quieta — ele ainda parecia bastante chateado.

O barulho de trava soou, ele abriu a porta e com um gesto meio brusco, Jaíne foi depositada deitada no banco traseiro. Leander fechou a porta na cara dela e se sentou no banco da frente do motorista xingando baixinho. Jaíne se ergueu pelos cotovelos sem acreditar que isso estava acontecendo.

— Não acredito que você fez isso.

Ele parece estar nadando em pensamentos enquanto dá partida no carro, mas ele a olha pelo espelho retrovisor e diz:

— Eu também não.

— Isso não foi legal.

— Eu sei — ele respondeu de volta.

Jaíne suspirou.

— Eu acho que nós dois estamos tensos demais.

Leander olhou para a janela e começa a dirigir, deixando Jaíne encarando o teto do carro com um misto grande de emoção. 


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