Capítulo 10 | Namorada

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Leander podia exibir sorrisos arrogantes na maior parte do tempo, mas no ringue de luta em um treino de academia, na tarde seguinte, ele era um homem de dar medo com o semblante fechado e letal.

Ela estava observando o adversário de Leander oscilar quando ele cobriu a distância entre ele, e deu um soco certeiro que o fez cair por mais de dez segundos. Sob a roupa de luta, mesmo com a temperatura extremamente fria do ar condicionado, sua pele estava coberta de suor.

Jaíne encolheu-se com o último golpe dele. Estava assistindo havia uma hora, observando o combate corpo a corpo dele. Então, examinou as tatuagens nos braços de Leander, o brilho da pele morena. Parou o escrutínio quando chegou aos músculos em forma de "V" que surgiam da parte de baixo da cintura de seu calção.

O seu celular tocou, e foi bastante oportuno. Jaíne atendeu no segundo toque.

— Alô?
— Jaíne? Sou eu.
Semicerrou os olhos com a voz conhecida ao celular, se afastando para que atende-se num lugar mais reservado e longe dos ouvidos alheios.

Ainda lutando, agora com um novo oponente, Leander estava fazendo o melhor para não parecer que bisbilhotava.

Jaíne forçou um sorriso para ele, que não foi notado em seu tom cortante ao murmurar:

— Quem lhe deu meu número, Dênis? — Jaíne havia jogado o chip fora um dia depois que eles terminaram, como prova de que jamais voltaria a ler as mensagens antigas ou se quer receber uma ligação dele. Pelo outro lado da linha, ouviu-o suspirar.
— Calminha aí, Jaíne. Foi a Fátima. Surgiu uma vaga de Motion Designer10 aqui na agência, você não gostaria de se candidatar?

— Não.

— Eu sei que é a vaga que você queria, e eu não estou mais no Flamengo, para início de conversa. Você nem vai me ver lá. Eu só percebi que essa vaga era para você e estou perguntando se quer uma indicação. Farei isso, pelos velhos tempos.
— Como é arrogante em pensar que não estou aceitando por sua causa. Mas quer saber? Você tem razão. É por sua causa sim.

— Qual o seu e-mail profissional?

Jaíne contou dois segundos antes de dizer.
— Jaínelopez@gmail.com
— Ok, vou passar para o RH.
— Ok, obrigada por lembrar-se de mim — provocou — Tchau!
E apertou com força o botão para encerrar a chamada.

Uma leve tosse surgiu atrás dela. Jaíne apenas se virou com a mão tapando a boca.

— Que susto você me deu!
— Desculpe, você estava no telefone? Parecia nervosa.
Jaíne o encarou inexpressivamente.— É uma vaga nova na empresa de um conhecido, ele achou que eu poderia me encaixar bem.
— Você pretende se demitir da Seventeen por minha causa? — Leander cruzou os braços sobre o peito nu, e o movimento fez os músculos de seu estômago se contraírem.

— Não pretendo pedir demissão, mas se esta vaga realmente vingar, seria uma boa para minha carreira. Sem contar que ainda me sinto desconfortável com a fofoca do pessoal da empresa a meu respeito.

Os lábios de Leander se contraíram.— Nós estamos namorando. Vão falar mais ainda.

Ela fez uma careta.

— Não me lembre.

Ainda com o peito nu, ele falou:

— Podemos conversar sobre isso depois. Por enquanto vou dar um pulo no banheiro e vou tomar um banho.

Jaíne encarou as costas morenas dele com o semblante um tanto apreensivo. Não pretendia trabalhar sob o mesmo teto que Dênis de forma alguma, mas seria loucura se dispensa-se uma vaga dessa para o seu currículo.

Lute por nósWhere stories live. Discover now