Lute por nós

Capítulo 23 | Entrevista

— É só uma entrevista — disse Jaíne a si mesma quatro dias depois, enquanto esperava que a recepcionista interfona-se para o diretor de arte — É só uma entrevista.

Jaíne olhou a seu redor e notou que em seu nervosismo, tinha ignorado a presença de outros dois candidatos e nem sequer lhes acenou com um bom dia.

Quando a empresa de Dênis ligou solicitando uma entrevista alguns dias depois, Jaíne ficou um minuto inteiro encarando o celular pensando se não estava cometendo um erro. Mas ela disse a si mesma que faria a entrevista sem expectativas e então veria no que daria depois. Se Dênis não houvesse mentido, ele não trabalharia tecnicamente com ele. Conviver com o ex noivo não seria um problema então.

Jaíne não deveria ter se sentido mal em esconder isso de Leander, mas algo bem no fundo dela sempre pulsou com a ânsia de poder conseguir um trabalho na área dela. O fato de ser alvo de fofoca na Seventeen por namorar o patrão deles só a fazia sentir-se mais certa sobre essa entrevista. Se tudo ocorresse bem, Jaíne não seria mais funcionária de Leander. Isso seria ótimo.

— Jaíne Lopez? — Chamou a secretária do balcão.

— Sim?

— O Sr. Heber a aguarda, entre por favor — ela disse.

— Obrigada — Jaíne disse enquanto entrava na sala do Sr. Heber — Com licença — disse ela, ao entrar.

— Claro, entre e sente-se por favor, senhorita Lopez.

O Sr.Heber tinha ombros largos e uma barriguinha de chope. Deixou o cabelo abundante ficar grisalho e os fios brancos dançavam na brisa em volta de um rosto calmo e sério.

— Senhorita Lopez, estamos impressionados com seu portfólio. Apesar da sua pouca experiência na área.

Jaíne sorriu.

— É um portfólio acadêmico — ela disse.

— Sim, mas muito bom — elogiou o Sr. Heber — O que atraiu você em nossa empresa?

Jaíne sabia muito sobre a empresa do ex, mas decidiu ser o mais profissional possível. Ela disse:

— A Sams é bastante conhecida como uma das empresas que mais investem em tecnologia e design. Acredito que seria uma ótima oportunidade na minha área.

Ele assentiu e perguntou:

— Quais seus objetivos em termos de desenvolvimento profissional?

— No momento eu busco experiência profissional como designer motion e futuramente almejo o cargo de direção de artes.

Sr. Heber riu, pois era o cargo dele.

— Por que deveríamos contratá-la?

Jaíne moveu as mãos.

— Eu sou muito boa. Todas as minhas notas foram máximas. Ganhei uma vaga na minha instituição de ensino pelo meu histórico acadêmico, mas não é exatamente na minha área.

— Você nos foi indicado pelo nosso funcionário mais antigo. Dênis do setor financeiro, não é isso? Você são amigos?

Jaíne hesitou.

— Dênis e eu nos conhecemos desde sempre.

Ele sorriu para Jaíne e ela soube que tinha conquistado o entrevistador. A entrevista não durou mais que vinte minutos. Foram lhe feitas mais perguntas típicas de entrevistas de trabalho, mas Jaíne sentiu confiança no modo como ele se despediu dela lhe dizendo que mandaria notícias em dois dias.

Quando chegou na seventeen encarou o diretor com um misto de confiança e mistério. Se Deus quisesse, ela conseguiria essa vaga.