Sou interrompido dos pensamentos com meu celular vibrando em cima da mesa. Encarei o visor e vejo brilhar o nome de Blanca, secretária particular e cuidadora de Xavier.

— Alô, Blanca, pode falar? — Indaguei em espanhol. 

— Heitor desculpa incomodar, mas infelizmente precisei entrar em contato para avisar que sr. Xavier passou mal novamente e foi levado às pressas para o hospital.

— O que houve? Para qual hospital levaram? — Perguntei em alerta.

— Eu não sei explicar direito, Sr. Heitor. Ele acordou bem disposto, se alimentou pela manhã e logo depois recebeu a visita de um homem desconhecido, que nunca tinha visto antes na mansão. Depois que a visita foi embora passou mal de repente e o trouxemos rapidamente para o hospital central.  —  Ela revelou trazendo-me inquietação. — Venha logo Heitor, Sr. Gonzalez chama por você a todo momento.

— Estou indo agora mesmo, Blanca! — Falei aflito. — E Pablo já está sabendo?

— Sim, ele disse que também está a caminho.

— Ok, estou chegando! —  Encerrei a ligação pegando as chaves do meu carro apressado.

Xavier estava com a saúde muito debilitada. Descobrimos a cerca de 2 anos que o coração estava frágil, a ponto de parar. Fiquei desesperado com a possibilidade e procurei o melhor especialista na área de cardiologia e a cerca de 6 meses ele tinha sido submetido a uma cirurgia para implantação de um cateter no coração. No entanto, continuava sentindo dores, acompanhadas de falta de ar terríveis que acabavam por deixá-lo hospitalizado. Mas tinha certeza que deveria ser somente mais uma crise e daqui pouco meu velho amigo deixaria o hospital para voltar para o conforto do seu lar e poderíamos voltar a desfrutar de sua presença. Nada iria acontecer a ele, não agora, diante da realização do seu maior sonho. Ele mais que ninguém merecia assistir tudo que estava acontecendo e comemorar quentinho tomando seu melhor vinho como gostava de fazer todas as noites em frente a lareira.

Cheguei ao hospital e estacionei meu carro apressado. Entrei aflito e pedi informações na recepção. No corredor vejo Blanca e Severo. Respectivamente cuidadora e motorista de Xavier angustiados, absortos em seus  pensamentos.

— Como ele está?

— Infelizmente o estado dele é considerado grave — Disse Blanca com os olhos rasos de lágrimas.

— Calma, ele vai ficar bem! — Falei  esperançoso. — Xavier é forte, vai sair dessa. — Deixei ambos no corredor e entrei no quarto.

Cheguei próximo ao seu leito e percebi o quanto ele estava debilitado. O que de imediato faz meu coração apertar em agonia. Xavier era minha única família aqui na Espanha, o homem que eu devia tudo que sou, que confiou em mim, que me ensinou tudo que eu era hoje e que devia minha vida. Era como um verdadeiro pai para mim.

— Heitor, que bom que está aqui. — Ele balbacia com dificuldade ao abrir os olhos e notar minha presença.

Me aproximei ainda mais e segurei sua mão.

— O que está fazendo nesse hospital, Xavier? Tínhamos combinado uma taça de vinho ao anoitecer, lembra-se? — Questionei com um nó na garganta, sem conseguir conter a emoção.

— Perdoe seu velho amigo, tem coisas que vão além de nossas vontades. — Retirou a máscara de oxigênio para que conseguisse se comunicar com mais clareza.

Predestinados/Relançamento❤️Where stories live. Discover now