Capítulo 22

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3 dias depois

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3 dias depois..

O anúncio da chamada do único terminal de ônibus da cidade de lagoa Santa, interior de Goiás rumo ao Rio de janeiro traz lágrimas aos olhos da minha mãe. Ela me puxa para um último abraço de despedida que a fazem esticarem os lábios em um sorriso singelo.

— Mãe, está tudo bem. — Sorrio tentando acalmar a mulher mais dramática que conheço.

— Nunca estivemos tão longe meu menino. Sinto medo dessa viagem tão longa e com tantos desafios pela frente, filho!

— Vai dar tudo certo! — Murmuro, apertando-a em meus braços. — Quando eu voltar, vai ser para leva-los daqui para uma vida melhor. Eu vou vencer, eu juro! Ainda vai ouvir falar muito do seu filho, mãe.

Eu sei! — Ela diz se afastando dos meus braços. — Cuide-Se Heitor, amo você e desejo sorte na busca pelos seus sonhos. — Dona Darlene faz o sinal da cruz diante de mim.

— Amém! Também te amo mãe, vou ficar bem. — Suspirei fundo e também puxei meu pai para um abraço. Esse em tom mais forte e confiante.

— Vai e vença! — Se afastou para encarar meus olhos e segurou meu rosto com ambas as mãos. — Nunca se esqueça dos ensinamentos do seu velho pai. Seja honesto, forte e corajoso sempre!

— Serei pai! Sempre farei o melhor. — Assinto em uma promessa silenciosa. — Um dia eu volto, me esperem. — Minha mãe faz menção de me seguir, mas meu pai segura sua mão e a puxa para um abraço, enquanto eu sigo em direção ao ônibus.

Enquanto o ônibus se afasta, observo meus pais ficarem cada vez mais longe, juntamente com a pequena cidade na qual eu nasci e passei por tantas privações ao longo da infância. Entretanto, carregava comigo uma única certeza em meu coração, eu venceria, sem passar por cima de ninguém, seria forte e corajoso como meu pai que seguia fielmente os ensinamentos bíblicos, mas sem perder o caráter, a dignidade e a essência de ser quem eu era.

— Acorda, Heitor Souza! — Sou acordado bruscamente ao receber uma grande quantidade de água fria em cima de mim, enquanto eu cochilava num canto qualquer de uma espécie de sala de confissão na delegacia que fui levado a três dias.

Sinto minhas pálpebras pesadas, os olhos inchados, assim como dores intensas por todo meu corpo e na cabeça e dificuldades reais para respirar devido a surra que eu tinha sido submetido covardemente por 3 policias que me espancaram com intuito de eu assumir a culpa pelo roubo na cerâmica. No entanto, eu seguia negando e assim seria até a morte se fosse preciso, o que vinha os deixando cada vez menos tolerantes comigo. Eu jamais assumiria um crime que não cometi e já não me importava com as sessões de torturas na qual estava sendo submetida. Já estava morto e sem perspectiva nenhuma na minha vida que a morte para mim seria um ganho, uma espécie de alívio. Principalmente para não pensar em Jade e na decepção que eu estava sentindo em relação a ela.

Predestinados/Relançamento❤️Where stories live. Discover now