Capítulo 24

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Madri, Espanha, dias atuais


Heitor

Analisei empolgado o contrato sobre minha mesa que ainda necessitava de uma última leitura e assinatura. Minutos depois enfim assinei o contrato de milhões de dólares da mais nova filial da exportadora Gonzalez em solo americano. Nos últimos anos tínhamos conseguido grandes feitos e agora atingimos o ápice com a nossa mais nova conquista.

Arrastei a cadeira para trás e me levantei, alcancei uma garrafa de whisky e enchi o copo com o líquido âmbar, fui até a janela,  observando a vista panorâmica do centro de Madri.

O escritório da exportadora ficava muito bem localizado, no coração da capital. Rodeado por fabulosos arranha-céus, era lar de grandes lojas, empresas, restaurantes, shoppings e vários outros empreendimentos que atraía turistas do mundo inteiro. Era uma cidade nostálgica e muito boa para viver. Talvez, hoje eu sairia para comemorar, afinal tínhamos motivos de sobra para isso. Era uma pena que Xavier não gozasse mais de tanta saúde, para aproveitar também, mas eu faria questão de avisá-lo pessoalmente da realização do seu tão almejado sonho. Enfim, depois de muitas negociações eu havia conseguido e minha única satisfação era dar essa alegria a ele.

Xavier, foi como um pai para mim, durante todos esses anos que estou na Espanha e se não fosse por ele, certamente teria desistido e continuaria no Brasil sendo humilhado por todo tipo de pessoas, como os Albuquerques, por exemplo. Encarei o horizonte, em uma tentativa falha de apagar todo o ódio que eu sentia quando o assunto era a família Albuquerque. Ainda conseguia sentir a textura da saliva de Joaquim em meu rosto e chegaria o dia que o faria pagar caro por toda a humilhação que fui submetido. Devolveria a ele com juros e correção cada degradante na mesma moeda e o faria chorar lágrimas de sangue. Quanto a Jade, sentia um desprezo muito grande e um misto de sentimentos contraditórios que muitas vezes nem eu mesmo conseguia explicar, mas principalmente raiva de mim por não ter conseguido arrancar o amor que corroía meu peito por todos os dias da minha vida e que nem o tempo foi capaz de apagar. Mesmo lutando com todas as minhas forças para odiar, ainda sim sabia que a amava. Que ela estava impregnada em mim. Jade, havia me estragado para o amor e transformado meu coração em uma pedra de gelo, que em baixas temperaturas queimava qualquer um que chegasse perto. Tinha morrido para tal coisa e por isso sempre me mantive só. Dela eu só queria distância. Entretanto, também não seria poupada por ter sido conivente com o pai e ter me abandonado quando eu mais precisei. No fundo Jade era igual Joaquim, todos os Albuquerques eram podre de espírito e mesquinnhos de coração. Nenhum deles teria clemência e quando chegasse o momento certo de me vingar, eu faria sem peso nenhum na consciência. Todos me pagariam. Jade, o primo, Rocha e principalmente Joaquim Albuquerque. Eu acabaria com o que eles mais prezavam no mundo. O Império Albuquerque iria ruir. A empresa, era meu principal objetivo e não demoraria para que eu enfim colocasse meus planos em prática e conseguisse destruir aquele lugar.

Estava acompanhando de perto tudo que envolvia a Cerâmica e sabia que eles vinham passando por uma crise financeira, desde que lançaram a última linha de louças com matéria prima de baixo valor, visando economizar nos custos, o que comprometeu a qualidade do produto final. Sabia também, que as louças estavam encalhadas nas prateleiras e que não exportavam mais com a mesma frequência de anos atrás. A cerâmica de Albuquerque estava a ponto de quebrar devido a má administração de recursos e se não tivesse um plano rápido de recuperação seria inevitável não acontecer o que eu tanto almejava. Entretanto, tal coisa só poderia se concretizar através das minhas mãos.

Predestinados/Relançamento❤️Where stories live. Discover now