Capítulo XXXVII - Uma vida por uma vida (Parte I)

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O céu rugia tão feroz quanto um leão. O vento uivava entrando pelas fendas nas paredes, a chuva deslizava por suas peles banhando-os em seu toque frio de morte. O céu estava negro em trevas, os raios cortavam o tecido negro sem nuvens como uma açoite cortando a pele de um escravo, os trovões estouravam a todo instante em um lamurio de uma viúva.

O cenário dentro da mansão era de uma verdadeira guerra entre mundos totalmente opostos, luz e trevas, dia e escuridão. Os estrondos da magia explodindo sobre os móveis eram a trilha sonora do lugar. Os gritos da batalha entre os seres de luz poderiam ser escutados a quilômetros, a garra dos demônios arranhando o mármore causavam arrepios, e enquanto os servos batalhavam em baixo, Alninaram lutava bravia contra a escuridão da alma perversa e corrompida pelas trevas de Elizabeth.

O corpo de Elizabeth parecia que não lhe pertencia mais, sua imagem estava totalmente mutada, fora de ser o dela próprio. A cada instante que se passava, sua imagem se tornava ainda mais disforme, como se de fato estivesse se transformando em outra coisa, talvez sua verdadeira imagem escondida pela carcaça que vestia. Seus olhos carregavam as profundezas de sua alma corrompida, sua pele estava pálida como um fantasma, suas veias estavam negras como se a própria maldição de Viktor houvesse corrompido a si mesma. Ao que o tempo passava, Alninaram podia sentir novas energias ruins adentrarem o local e se apossarem do corpo de Elizabeth gerando ainda mais energia para si. Estava difícil acreditar que poderia para-la. A energia dela era demasiada forte, ela emanava magia como suor em sua pele, no entanto, um suor bastante perigoso para todos no âmbito.

Elena se sentia cada vez mais longe, como se suas energias estivessem sendo drenadas de seu corpo. Ela se sentia tão fraca que ainda não entendia como ainda ousava respirar. Era como se estivesse presa, e mesmo fraca demais para lutar por sua vida, ela ainda assim estava presa por algo que não a deixava partir. No entanto, ela não saberia dizer o que era.

A respiração de Elena estava falha, sufocada como se algo estivesse sobre de seu peito. Sua boca estava seca, sua pele pálida, sua magia quase inexistente. Ela sentia como se sua magia se movimentasse dentro de si de modo que ela logo sentia a mesma deslizar sobre sua pele e lhe abandonar aos poucos. Infelizmente ela não podia usar de seus dons para curar-se, pois mesmo que ainda tivesse forças físicas para tanto, ela sabia que sua magia não resistiria muito tempo, assim como ela própria. Entretanto, mesmo debilitada, mesmo sentindo que morreria a qualquer segundo, ela não se preocupava consigo. Não, de fato não era seus ferimentos que mais lhe doía o íntimo de sua alma, mas sim o fato de ter falhado em sua missão de destruir Elizabeth. Embora o sangue lhe dissesse que aquela mulher perversa era sua irmã, ela não considerava em seu coração. Não depois que aquela maldita destruiu tudo que tinha, sua família, a vida feliz que levava, tudo que mais prezava em sua existência. Aquele monstro não era mais sua irmã e mesmo que tentasse vê-la de tal modo outra vez, ela sabia que falharia nessa tentativa.

Uma lágrima desceu pelo canto do olho dela, pousando sobre os fios dourados agora sujos de seu próprio sangue. Com uma careta, ela moveu sua cabeça sentindo uma dificuldade enorme em seu ato simples, e com tristeza e preocupação olhou ao longe o corpo de Elliot, embalado em seu sono profundo, sem qualquer conhecimento do pandemônio que havia se instalado dentro daquelas paredes. O corpo molhado pela chuva descansava pacífico, enquanto os cabelos desciam e ficavam grudados em sua testa. Elena sorriu ao comparar a imagem do homem ali adormecido com a imagem da criança inocente que um dia protegera acolhido entre seus braços. Ele era o único motivo de não ter sida corrompida pelo ódio que nutrira anos a fio por sua perversa irmã. E vendo aquela imagem, ela fechou os olhos quando sentiu novamente sua magia se agitar e se esvair de si. Mas nada importava, pois sabendo que seu menino estava bem, ela aceitaria a morte de forma pacífica.

Meu Imortal - A Maldição De ViktorWhere stories live. Discover now