Eu poderia admitir que todos duvidassem  de mim, menos ela. Como que a mulher que eu amei, me dediquei, fiz planos e me jurava amor eterno na primeira oportunidade duvidava de mim, do meu caráter e de quem eu era. Me perguntava todos os dias como Jade não tinha me dado nem mesmo o benefício da dúvida em vim aqui, tentar me ver, conversar e esclarecer as coisas comigo mesmo sabendo de tudo que a família dela já tinha sido capaz para me prejudicar? Pelo contrário, me condenou sem direito a defesa ou explicação.

— Ouviu, o que eu disse? Você tem visita — Levantei a cabeça interrompendo meus pensamentos quando ouvi a palavra visita sair da boca do policial e meu coração pulsou forte imaginando ser Jade.

— Visita de quem? — Consigo balbucia em um fio de voz sentindo a esperança brotar novamente.

— Você vai ver pessoalmente. — O policial diz se aproximando. — Mas precisa estar na cela para garantir a integridade física do visitante. Vamos, levante-se! — Ordenou pegando em meu braço bruscamente.

No momento seguinte fui jogado em uma cela e o policial desapareceu pelo longo corredor deixando-me sozinho com uma expectativa gigantesca dentro de mim. Algum tempo depois, vejo a figura de um homem imponente se aproximando vagarosamente destruindo de vez minhas ilusões.

— Era exatamente assim que desejava te ver, Heitor Souza. —  Diz Joaquim em tom sarcástico chegando bem próximo das grades revelando sua figura. — Acabado, destruido e bem longe de tudo que me pertence. — Balbucia.

— Foi você quem armou tudo isso, não foi? — Indaguei num sussurro sentindo o ódio percorrer meu corpo.

Ele elevou a cabeça para trás e soltou uma longa gargalhada demonstrando o tamanho da sua felicidade em me ver naquela cela.

— Eu sei que foi, seu desgraçado! — Berrei tentando o alcançar através das grades. Um dia você vai me pagar. Todos vocês vão!

Seu sorriso cessou e ele recuou alguns passos enquanto seus olhos gélidos dançavam por meu rosto.

— A polícia fez um ótimo trabalho com você. — Diz, analisando-me calmamente de cima a baixo. — O que te fez pensar que eu o deixaria fazer parte da minha família? Acha mesmo que eu permitiria um pobretão como você dentro da minha empresa?

— Onde está Jade? — Resolvi engolir o sarcasmo dele e mudar completamente o rumo da conversa.

— Muito bem! Não se preocupe com ela, inclusive não se importa nem um pouco de você estar aqui nessa situação. — Sorriu. — Ah essa altura Jade deve está pegando o próximo voo para Maldivas, ela resolveu viajar para esquecer os últimos acontecimentos. — Falou verificando as horas no relógio de pulso. — Minha filha sempre foi assim, volúvel, desapegada, fraca. Como pode perceber, você nunca significou absolutamente nada para ela.

— Desgraçado... — Rosno entre dentes. — Um dia eu vou sair daqui e nossos caminhos vão se cruzar novamente seu miserável.

— Está me ameaçando? — Joaquim perguntou sem mover um único músculo. — No que depender de mim você vai apodrecer nessa cadeia ou você acha que alguém vai se lembrar de um pobre, miserável como você?

— VOCÊ É UM LIXO DE SER HUMANO,  JOAQUIM ALBUQUERQUE! PODRE! — Vocifero batendo nas grades com o punho cerrado.

— Lixo? Não sou exatamente eu que estou preso por roubo em condições miseráveis. — Debocha. — Bom, acho que não tenho mais nada o que fazer aqui. — Fala com altivez  — Só vim lhe dar meus sinceros cumprimentos Heitor Souza. — Ele semi cerrou os olhos e sorriu de forma maquiavélica ao se aproximar das grades e desferir uma cuspida diretamente no meu rosto, dando-me as costas e desaparecendo pelo longo corredor.

Predestinados/Relançamento❤️Where stories live. Discover now