ato XVI: too bad, but it's too sweet

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Se o dicionário coreano atualizasse as novas definições da palavra vergonha, ela com certeza seria Park Jimin.

Toda vez que pisco meus olhos, os pensamentos do corpo de Jungkook contra o meu, colados na parede do camarim, não deixam a minha mente em paz.

Pisco mais uma vez. Dessa vez são suas mãos, deslizando até as minhas, guiando meus dedos numa trilha torturante até o seu pênis duro, duro por mim.

Jungkook estava duro por mim, gemendo contra o meu pescoço, com os dedos apertando minha cintura.

Jesus Cristo, o que foi que eu fiz?

Inferno, nunca achei que meu ego fosse ter esse tipo de aumento após o acontecido no camarim. De fato, sei todos os jeitinhos de o deixar excitado, do jeito que ele gosta.

Entretanto, com Jungkook é diferente demais. Tenho o costume de sair com vários homens, beber na presença deles, esperar que eles façam o convite.

Jungkook ao menos faz o convite, é convencido demais. É convencido porque ele sabe que eu nunca negaria o contato do seu corpo contra o meu.

E sim, eu seria muito louco para negar esse tipo de coisa, muito mais louco por ele ser o meu ex. Por outro lado, seu corpo pega fogo quando está junto ao meu, seus quadris não possuem controle, sua cabeça de cima não pensa tão bem quanto a de baixo.

E eu gosto disso, gosto de o fazer perder o controle.

Jungkook era assim. Oito ou oitenta, não ficavamos na encruzilhada, no meio de assuntos mal resolvidos. Nós sempre resolvíamos tudo.

E agora, nós estamos aqui, ambos com ereções no meio das pernas, caminhando pelos fundos do teatro com a expressão de quem nunca encostou um dedinho no corpo do outro.

Completamente diferentes do jeito que era antes, mas, isso não nos torna ruins ou enferrujados. Nos torna maduros o suficiente para repensar nas consequências dos nossos atos.

Eu não posso fazer isso com ele, não posso fazer isso comigo. Já machucou o suficiente, não sei se aguento mais uma.

Não quero ter que aguentar mais uma.

Tenho medo do que possa acontecer comigo, com ele, após o acontecimento de alguma coisa mais íntima entre nós.

Talvez eu tenha, de fato, desenvolvido um transtorno pós traumático que envolvem medos durante relacionamentos, ou sobre o  aparecimento de sentimentos que já estiveram aqui uma vez.

Mas aqui, olhando pra ele, só consigo pensar no quanto estou ferrado, e no quão bonito ele fica quando está envergonhado. Mal consegue olhar no meu rosto, assim como não consigo o olhar de volta.

Ter ele ao meu lado nesse momento é mais torturante do que pensar no que eu faria quando o encontrasse, à caminho do trabalho.

— No que você está pensando? — Ele pergunta, um tanto acanhado.

— Em nada — Dou de ombros, abusando da minha capacidade em contar mentiras. — Talvez na revisão dos caminhos dentro do teatro, estou um pouco preocupado.

— Só isso mesmo? — Jungkook pergunta, estalando os dedos à cada passo.

— É — Respondo, engolindo em seco. — Só isso. Nada mais.

O clima não estava estranho, muito menos, tenso. Só estávamos um tanto sem graça, e eu, amedrontado por tudo que aconteceu num fleche de tempo.

Não quero ter que dar esperanças à Jungkook, mesmo que eu saiba que não é verdade. Não é a ele que eu alimento as esperanças, é a mim.

Criar esperanças e espectativas são as piores coisas que acontecem na vida de uma pessoa cheia de planejamentos.

Disorder  | Jikook (Incompleta)Where stories live. Discover now