Capítulo 16

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POV Paul

Vic anda pelo quarto e se senta na cama:

- Senta aqui na minha frente...

Tiro meu chinelo e faço o que ela pede. Então continua:

- Bom, antes que você me pergunte cadê todo mundo: Conversei com a Linda hoje enquanto você dormiu... altos conselhos sabe? Sua mãe não estava junto... ainda bem né kk? E aí concluímos que eu e você precisávamos ter essa conversa... então ela chamou sua mãe para dar uma volta pela cidade e foram agorinha mesmo. Rachel e Amber estão no hospital assistindo alguma cirurgia...e cá estamos nós dois!

Me ajeito pegando uma almofada e continuo prestando atenção:

- Certo rsrs! Minha mãe nem desconfiou de nada?

- Não, muito pelo contrário... acho que já fazia um tempo que ela queria espairecer...

Vic se ajeita, encostando na cabeceira de sua cama. Me dá mais uma almofada e me olha:

- Então, podemos ter essa conversa?

- Podemos...

Ela respira fundo e começa:

- Sabe Paul, desde o dia que eu te vi naquele hospital, todo sujo, todo machucado e naquela correria louca, eu tinha certeza que dali em diante minha vida mudaria em alguma coisa... você foi um paciente desafiador e eu tirei coragem de onde não tinha para te dar os primeiros socorros... eu fiquei lá até o final e nem entendia o porque... fiquei naquele centro cirúrgico assistindo e aprendendo muito, mas acima de tudo torcendo por você que mesmo naquela situação e mesmo sem nunca ter te visto, eu sentia que você era uma boa pessoa e que nada justificava o que você estava passando naquele momento... conheci sua mãe na pior hora, a qual ela chegou desesperada e chorando... conheci a Linda, aquela maluca, suja de sangue por ter chego lá e sido a primeira a te ver daquele jeito e   já temendo pelo pior... mas os dias foram passando e fui te conhecendo mais ainda, mesmo sem ter trocado uma palavra com você... soube da sua história, soube o quanto você lutou e persistiu para chegar aqui em Nova York e estudar... soube da Dakota...a, a Dakota... a garota que mudou sua vida em tão pouco tempo mas que deixou um buraco enorme nesse teu peito...

Observo atentamente as palavras dela enquanto um filme passa pela minha cabeça. Então ela continua:

- Não a julguei e jamais farei isso, pelo menos eu acho... ela teve as razões dela e jamais eu vou me intrometer nisso... só você nesse rostinho lindo, sabe o que fez, o tanto que lutou e o tanto que se doou por ela. Ninguém aqui sabe medir isso, já que ninguém sentiu isso. E eu vi o sofrimento dela lá dentro do hospital, algumas poucas vezes que a encontrei. Vi que chorou por você e até o jeito estranho que agia, como se tivesse  se escondendo de alguém. Mas, acima de tudo, ela fez a escolha dela. Ela foi embora. E mesmo com um baita remorso diante daquelas lágrimas, ela não vai voltar... e sabe porque? Hoje naquela loja, era ela... eu a vi no momento em que fui pegar algumas roupas para provar e...

- Era ela??? Tem certeza???

Fico surpreso e ao mesmo tempo inconformado com aquela imagem que vi. 

- Sim, eu tenho certeza Paul... e ela estava tão inquieta... mesmo tendo tudo aquilo que uma mulher deseja, ela estava mal. Nem o vestido caro que ela vestia, nem a sandália, nem os anéis que brilhavam de longe, davam brilho que ela precisava. E naquele momento, quando eu voltei até você, eu senti que precisava de proteger mais do que todos os dias naquele hospital. Eu me apeguei a você e não quero que você sofra por qualquer que seja a situação e muito menos por ela, que mesmo lá te vendo, fez de tudo para não chegar perto de você... eu sei que só o tempo cura e esse tempo grande que você ficou no hospital em coma, nem conta já que infelizmente estava fora de si... mas eu quero começar um tempo novo com você...  

O RecomeçoWhere stories live. Discover now