O Mistério Em Seu Olhar

CAPÍTULO 20

Cha Eun Woo

Depois de um dia cheio na empresa, eu só queria descansar um pouco, mas meus planos foram por água abaixo quando as famosas batidas da minha irmã mais velha quase soou como um sino de igreja na minha porta.

— O que deseja, noona (irmã mais velha)? — Abri e dei as costas, indo em direção à minha cama.

— "O que deseja, noona?" — repetiu ela, em deboche. — Afinal, o que foi aquilo na doceria?

— Aquilo, o quê?

— Você praticamente arrancou Eun Mi das mãos da Soo Ah.

— Ah, isso.

— Por que não admite que está com ciúmes e sente falta da Eun Mi?

— Porque é a primeira vez em que o papai sente orgulho de mim — me sentei na cama. Ela fez o mesmo.

Minha irmã respirou fundo e me abraçou logo em seguida, e ao dar leves tapinhas nas minhas costas, ela também resolveu dizer que estava tudo bem se eu quisesse chorar ao menos uma vez. Eu não chorei, porque... Eu não era o mesmo, não queria mais ser o mesmo fraco de antes, e me senti no dever de esconder isso da minha melhor amiga.

— Se te faz sentir melhor, estou aliviada de que seja Soo Ah a pessoa de quem você gosta — sorriu ela, se afastando de mim.

— E qual é a diferença? Nunca vou ter coragem o suficiente para me confessar da maneira certa.

— Tive inúmeras experiências mas, não é preciso se confessar da maneira certa quando é o seu coração que ama, e não a sua cabeça. Cha Eun Woo, amar alguém não faz de você um fraco, faz de você alguém capaz de reconhecer os valores da vida.

— E você reconheceu isso quando Min Hyuk hyeong (é como os homens mais novos se direcionam para os homens mais velhos) foi embora?

— Sabe que sou muito mente aberta, mas prefiro não falar das minhas drásticas experiências. Contudo, é verídico dizer que, sim, eu reconheci isso.

— Você está querendo me dizer para me preocupar menos com a empresa e passar mais tempo ao lado da Soo Ah?

— Quero dizer que precisa ser você mesmo quando quiser demonstrar o que sente.

— Noona, por que algo em mim sempre me diz que vou machucá-la se finalmente disser ou reconhecer o que sinto?

— Se realmente a ama, você não vai machucá-la.

Não era tão simples.

— A propósito, quando vamos comprar mais jaquetas de couro? — sorriu Eun Ah.

— Tenho peças que sequer usei — falei, com a voz caída. — Não preciso de mais.

— Então vamos comprar mais argolas. Afinal, eu também preciso de brincos.

— Não preciso, noona.

— Tudo bem então — disse, acariciando minha cabeça, bagunçando meu cabelo. — E quanto àquela ladra de namorados? Ainda te perseguindo?

— Hum? Song Na Yeong?

Ela confirmou.

— Agora me chama de presidente Cha, sorrindo de orelha a orelha e me compra café todos os dias.

— Qual tipo de café ela te leva?

— Latte (é uma bebida de café expresso com uma quantidade generosa de espuma de leite no topo).

— Droga, é o seu café preferido.

Concordei, finalmente rindo.

— Escute, a partir de agora, você vai recusar o café, e se ela perguntar o motivo, diga que o médico te proibiu de tomar cafeína. Entendido?