CAPÍTULO 17

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Lee Soo Ah

— Devo ir com você? — indagou minha prima, enquanto encarava o teto, deitada na cama.

Eonnie (é como as mulheres mais novas se dirigem às mulheres mais velhas), apenas volte para a galeria. Tenho certeza de que muitas pessoas estão sentindo falta das suas pinturas — comentei, enquanto amarrava o cadarço do meu tênis.

— Minha galeria era o tipo de espaço que servia vinho ou champanhe enquanto as pessoas olhavam as pinturas e ouviam uma boa música, claro que devem sentir saudade, mas não quero voltar para lá.

— É como dizer que não quer mais fazer aquilo que gosta. Você tem talento de sobra, e ainda é muito reconhecida. Por favor, não desista assim tão fácil.

Jung Ah sempre foi uma pessoa muito determinada, mas que também era um alvo muito fácil quando se tratava de sentir-se a pior pessoa do mundo quando algo dava errado. Ela sempre me ajudou o quanto pôde, o que me deixa muito feliz, o único problema é que eu ainda não encontrei um método exato para fazê-la se levantar da cama.

— Tudo bem, você pode ir comigo, mas só desta vez — falei, já pegando a minha bolsa.

— Te pago uma refeição depois — disse ela, já fora da cama, me jogando uma piscadela.

Mamãe foi nossa única companhia para o café da manhã, papai havia saído mais cedo para receber novas mercadorias na doceria, então pediu que mamãe se desculpasse por ele.

— E para onde as duas vão tão cedo? — indagou mamãe, como quem desconfiava de algo.

— Jung Ah eonnie está enjoada da sua rotina de macarrão instantâneo e cama, cama e macarrão instantâneo, então perguntou se podia ir comigo para a casa da Eun Mi. Tive que concordar, não gosto de vê-la assim — expliquei.

— Os pais da sua aluna vão concordar com isso? — mamãe me pareceu preocupada.

— A única coisa mais importante lá dentro, é que eu cuide bem da Eun Mi, o resto... Bom, nada mais importa.

— Está bem então. Agora, comam logo antes que a comida esfrie.

Cha Eun Woo

Eun Mi me acordou com a sua voz eufórica. Após dias, aquela foi a primeira vez em que ela levantou e se deparou comigo ainda em casa, dormindo.

Oppa (é como as mulheres mais novas se dirigem aos homens mais velhos/irmão mais velho), me ajude com a trança — pediu ela, balançando o cabelo solto.

Ri. Embora nossas irmãs fossem profissionais nisso, Eun Mi gostava de sentir a forma diferente como eu separava o seu cabelo e fazia uma trança, então a minha habilidade era indispensável em todas as ocasiões. Ela já trazia consigo um pente e um elástico, itens que facilitariam muito o meu trabalho.

Impossível não rir. Embora nossas irmãs fossem profissionais em penteados, Eun Mi gostava de me pedir para fazê-lo, dizia que gostava da maneira com a qual eu separava o seu cabelo delicadamente.

— Quando a professora Lee chegar, você ainda estará aqui? — perguntou-me Eun Mi.

— Eu não sei. Por quê?

— Não é nada — sorriu ela.

— Princesa Eun Mi, por acaso, você... contou a ela?

Eun Mi negou, mas não sei se senti um fio de alívio pairar sobre o meu corpo ou de arrependimento por Soo Ah não saber sobre o que eu sentia.

— Princesa Eun Mi, acha que a professora Lee pode se machucar, caso eu resolva contar a ela?

Aquele estava sendo o diálogo mais profundo entre mim e Eun Mi.

O Mistério Em Seu OlharOnde as histórias ganham vida. Descobre agora