CAPÍTULO 3

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Lee Soo Ah

Queria fazer algo diferente com meus alunos, fora das quatro paredes da sala de aula, então trilhei o caminho até a escola planejando algo legal. O pátio me pareceu um ambiente confortável para desenvolvermos algo divertido no estilo livre, então busquei pela manta que usávamos para atividades assim e forrei o chão. Levamos blocos de montar, nossos kits de praia que era composto por peças de modelagem e areia divertida, quebra-cabeças e bolinhas de pano. Me sentei com as crianças e então iniciamos nosso momento.

Depois de um tempo, ouvi quando o salto baixo da diretora cantarolou no chão do pátio, me levantei e caminhei até ela que preferiu os observar de longe.

- Professora Lee, o que as crianças estão fazendo fora da classe? - me perguntou.

- Estão tentando não ser escravas do nosso sistema árduo de aprendizagem - respondi, e ela me lançou o olhar de como quem acabara de ter o seu orgulho ferido. - É brincadeira, diretora Song.

- Não esperava que fosse - disse, em tom sério, se voltando para as crianças.

- É que a mesma rotina é cansativa. Crianças aprendem brincando, e podem fazer isso fora da sala de aula também.

- É, você realmente tem um jeito único de lecionar - mostrou um sorriso de canto. - Após finalizarem, organize as crianças na sala para comerem a sua refeição.

- Entendido.

Ao finalizar nosso momento, acompanhei minhas crianças de volta até a sala. A refeição chegou e todos começaram a comer. As observei por um instante, cada uma delas, tão pequeninas, mas já conseguiam usar bem a sua colher, ou o jeotgarak (hashi) infantil, com um leve esforço. Quando meus olhos chegaram até Eun Mi, senti um leve aperto no peito. Apenas remexia sua porção de comida, com o rosto baixo. Me aproximei dela, logo me abaixando ao seu lado.

- Eun Mi, está tudo bem? Você não está comendo.

Devagar, virou seu rosto para mim.

- Professora Lee, posso segurar a sua mão novamente? - perguntou, apertando o hashi infantil com a outra mão.

- Oh, claro.

Me sentei no chão, bem ao seu lado, correspondendo ao seu pedido. De todos os dias até agora, aquele foi o primeiro dia em que vi Eun Mi cabisbaixa.

- O que houve com a minha Cinderela?

Eun Mi balançou a cabeça.

- Cha Eun Mi, devo fazer cócegas em você?

- Tudo bem, eu conto! Hoje pela manhã, escutei meu irmão chorando quando passei pelo quarto dele.

- Chorando?

- Sim. Não gosto quando ele chora, penso sempre que devo ser uma irmã melhor.

Me admirava a tamanha preocupação de uma criança de apenas quatro anos.

- Eun Mi, não pense assim. Você não tem culpa de nada, tenho certeza disso.

Minhas palavras não a convenceram.

- Humm, após a refeição, o que acha de escrevermos uma carta para o seu irmão? Você pode até fazer alguns desenhos representando coisas que ambos gostam de fazer juntos.

- Oh, sério, professora Lee? - seu semblante começou a se reerguer.

- Claro. Mas antes, podemos fazer um combinado?

- Sim, o que é?

- O que acha de me dizer sempre quando estiver se sentindo triste? Assim, eu irei ouvi-la e me esforçar para ajudá-la. Combinado?

O Mistério Em Seu OlharOnde as histórias ganham vida. Descobre agora