CAPÍTULO 16

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Lee Soo Ah

O comportamento das irmãs gêmeas foi completamente mudado, ambas parecem estar tentando suportar a presença uma da outra, mesmo que Eun Ju deteste isso. Cha Eun Ah que sempre revisava o conteúdo da universidade quando chegava em casa, agora disponibiliza esse tempo para se divertir com Eun Mi uma vez que percebeu o quanto iniciar certa discussão trouxe decepções, principalmente para a sua irmã mais nova. Tae Hoon apenas está seguindo o seu cotidiano, mas de forma que não crie problema algum a fazer com que Eun Ah se sinta injustiçada. E Cha Eun Woo... Começo a pensar que Eun Mi realmente estava certa ao dizer que o irmão também parecia distante.

— Professora Lee, o que vamos estudar hoje? — perguntou-me Eun Mi.

— Você tem estudado muito esses dias, e está tendo um ótimo desempenho. O que acha de apenas brincarmos hoje?

— É uma boa ideia. Do que devemos brincar?

Pensei um pouco.

— Do que sente falta de brincar? — perguntei, mesmo temendo que certa brincadeira fosse algo específico do irmão mais velho, e que só poderiam fazer isso juntos.

— Não sinto falta de nenhuma brincadeira. Acho que... Eu não estou gostando de brincar mais.

— Hum? O que houve? Você é uma criança, deve aproveitar a sua infância, fazendo as coisas que gosta.

— Professora Lee, poderia conversar com o meu irmão e trazer ele de volta para mim?

Aquilo era algo realmente complicado.

— Bom, eu posso tentar.

— Não diga para ele que eu te contei, mas, meu irmão gosta de você, então eu acho que ele vai te escutar.

— O quê? Cha Eun Woo gosta de mim?

— Ele me contou há algum tempo, é um segredo. Mas, penso que você também deveria saber.

— Está tudo bem, obrigada por me contar — ri.

A abracei enquanto pensava na possibilidade e no compartilhamento do mesmo sentimento. Era inevitável admitir que Cha Eun Woo estava se tornando alguém diferente, mas não porque queria, e sim porque via naquela situação uma nova forma de ser alguém reconhecido pelo pai. Porém, Eun Woo não sabia que quanto mais perto do pai, mais distante de si mesmo e das irmãs ele estava.

Algo incrível aconteceu naquele fim de tarde, Cha Eun Woo pareceu ter ouvido os meus pensamentos e chegou em casa totalmente disposto a abraçar e brincar com Eun Mi.

— O que acha de brincar com o seu irmão mais velho? — perguntou ele, enquanto segurava Eun Mi no colo.

— Eu não quero brincar. Eu e a professora Lee passamos o dia estudando. Estou cansada, oppa.

Foi difícil ter que ver Eun Mi mentir para o irmão pela primeira vez. Então eu pensei: É realmente sufocante viver daquela forma. Eles tinham tudo, menos o essencial. Os bisbilhotei durante alguns segundos enquanto descia vagarosamente a escada. Cha Eun Woo quem mais se pronunciou uma vez que sua irmã apenas negava suas propostas de diversão. Resolvi acelerar os passos e fazer com que ambos notassem a minha presença.

Annyeonghaseyo (olá, termo educado) — o cumprimentei, fazendo uma pequena reverência.

Cha Eun Woo

Tive certeza de que se eu resolvesse cumprimentá-la de volta sem antes respirar durante três segundos exatos, eu poderia balbuciar no mesmo instante depois de vê-la sorrir radiantemente para mim. Passado os segundos, resolvi fazer o mesmo.

Annyeonghaseyo, professora Lee.

Oppa, você pode me colocar no chão? — perguntou Eun Mi, com o semblante desanimado.

— De jeito nenhum. Professora Lee, o que acha de brincarmos nós três, juntos?

Lee Soo Ah

Fiquei um pouco surpresa com aquela sugestão.

— É uma ótima ideia. O que acha, princesa Eun Mi?

Ela tentou esconder um sorrisinho.

— Podemos fazer chocolate quente, montar uma barraca no meu quarto e lermos histórias?

Cha Eun Woo concordou. E após tantos dias, Eun Mi finalmente nos mostrou o seu belo sorriso singelo e verdadeiro. Ela, sem dúvidas, estava feliz de novo.

Cha Eun Woo

Me senti um pouco envergonhado de preparar o chocolate quente com Eu Mi e Soo Ah me olhando sem nenhum desvio. Soo Ah é uma boa cozinheira, então me sentia sendo avaliado o tempo todo, o que foi bem difícil para mim. Assim que terminei o chocolate, o despejei sobre as três canecas que eu havia colocado em cima do balcão, e claro, eu não podia me esquecer dos marshmallows, que era o ingrediente complementar favorito de Eun Mi.

— Parece bom — comentou Soo Ah, se referindo ao chocolate quente que já tinha em mãos.

— Professora Lee, meu irmão é realmente bom em fazer chocolate quente — disse Eun Mi, já experimentando o seu chocolate.

E mais uma vez me vi envergonhado só porque Lee Soo Ah concordou com Eun Mi. Após limpar a pequena bagunça, nós três subimos para o quarto de Eun Mi e montamos a nossa tradicional barraca com cobertores grossos por dentro, livros e vários travesseiros. Eu realmente estava agradecido pelo fato do Xiumin hyeong (é como os homens mais novos se dirigem aos homens mais velhos) concordar em concluir algumas tarefas da empresa enviando alguns arquivos para nossos departamentos separadamente no meu lugar. Sei que foi uma tarefa difícil para ele, e em troca daquele pequeno e complicado favor, eu recebi como recompensa o privilégio de ver a minha irmãzinha sorrir novamente para mim.

Eun Mi dormiu em meus braços com apenas quatro páginas lidas por mim de um livro sobre fantasia. Eu sabia quando ela mentia, desviava o olhar abaixando a cabeça sem pensar duas vezes, e foi o que fez mais cedo. Me senti culpado por aquilo. Eu quis recompensá-la com todas as coisas possíveis naquele momento, mas pensei que se eu ao menos fizesse ela sorrir uma vez, seria o suficiente para aquele dia, porque eu quem havia feito aquilo e ela também havia me retribuído.

— Irmão da Cha Eun Mi.

Olhei para Soo Ah, devagar.

— Sim?

— Eun Mi tem reclamado de sua ausência.Não tem tido vontade de brincar e se começa, logo desanima. Diz que está abandonando ela aos poucos, assim como os pais. Não quero fazê-lo se sentir mal, mas, me sinto incomodada por Eun Mi ser uma criança que já não quer mais brincar só porque o irmão que ela admira tanto está ocupado demais fora de casa.

Como eu deveria me pronunciar sobre aquela situação?

— Isso se torna até engraçado. Antes eu passava mais tempo fora de casa, e mesmo assim brincava com ela todos os dias. Agora fico boa parte do tempo sentado em uma cadeira no escritório da empresa – mesmo sem fazer nada –, e não tenho mais tempo para ela. Professora Lee, eu não quero me tornar alguém ruim para ela... eu não quero deixar de ser a pessoa e o príncipe quem ela tanto admira. Não sei o que faço. Pode me ajudar mais uma vez?

— E como posso ajudá-lo desta vez?

— Mesmo que seja um incômodo para você, insista sempre para que eu me faça cada vez mais presente, não só na vida dela, mas também na vida das minhas outras irmãs. Não... ou melhor, pode me prometer isso?

Lee Soo Ah

Aquilo era como: Prometa me ajudar a fazer Eun Mi ser alguém mais feliz?

— Eu prometo! 

O Mistério Em Seu OlharWhere stories live. Discover now