CAPÍTULO 18

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Lee Soo Ah

— Eu deveria ir mais vezes lá. Aquele ambiente é realmente bom — comentou minha prima, sorrindo encarando o seu atual melhor amigo, o teto do meu quarto.

— Há dois dias você fica repetindo isso como se tivesse ido a uma sauna masculina cheia de homens musculosos e abdômen definido — falei, organizando minhas roupas no guarda-roupa.

— Sinto que devo pintar uma nova tela e abrir a galeria novamente.

— É quase impossível você gostar daquele tipo de ambiente — comentei, sem calcular minhas próprias palavras.

— E então, do que você gosta nele?

— É possível que pessoas agradáveis te tirem do caos de um ambiente.

Tive certeza de que ela me olhou com um olhar malicioso.

— Ah, então você — a interrompi — Srta. Artista, pensei que estivesse deprimida.

— Estou tentando me recompor, ainda não é e creio que nunca será fácil acordar tendo em mente a minha nova realidade, mas... Eu devo continuar vivendo, certo?

— Cha Tae Hoon te animou, não é?

— Soo Ah, quem é aquele jovem rapaz? De onde veio? Olimpo? Ou melhor... Ele é alguém que nem parece existir na mitologia grega.

— O que... — ela me interrompeu — Mas deveria ser adicionado às histórias.

Eun Mi havia ido ao hospital com a irmã mais velha para fazer alguns exames de rotina, então eu poderia chegar um pouco mais tarde, o que foi um ótimo pretexto para tentar levar minha prima à galeria.
O espaço era o mesmo de sempre, exceto pelo grande excesso de poeira no chão e sobre as artes que estavam expostas ali. Subimos a escada que nos daria acesso ao seu ateliê privado. Ela não esboçou nem um tipo de expressão de satisfação. Entrou séria e permaneceu daquela forma, eu ainda não sabia o motivo.

— Não deveríamos ter vindo aqui, Soo Ah — resmungou ela.

— Você sempre dizia que esse era o seu lugar favorito.

— Sim, era.

— Era?

— Quero dizer que minha mãe estava aqui quando eu decidi ter a minha própria galeria. Não me arrependo da ideia de construir este lugar, mas ainda me sinto frustrada.

— Tudo bem se sentir frustrada, afinal, nunca sabemos o que vai acontecer. Não temos controle sobre tudo.

— E eu detesto isso.

— Independente de tudo, você tem se saído bem.

Naquele momento, minha prima já estava vasculhando um pote médio de pinceis de precisão. Pegou um e logo se direcionou para o preparo de uma tinta.

— A verdade é que, eu não planejava voltar aqui tão cedo.

— Por quê não?

— Quando essa grande confusão aconteceu, eu simplesmente desejei ter as minhas mãos arrancadas. E desde então, não me senti mais digna de pintar novamente. Mas, você me trazer até aqui de volta, me fez relembrar de algo que se tornou muito significativo para mim — disse ela, mergulhando a ponta do pincel na tinta.

— Do que você se lembrou?

— No segundo período da universidade de Arte, um aluno novo entrou na minha classe. Ele era uma pessoa com deficiência, e por alguma razão específica que eu não ousei perguntar, o mesmo não tinha as mãos e boa parte dos braços. Todos ficamos impressionados com tamanha habilidade e talento único que os dedos dos seus pés ilustravam em uma tela em branco. Certo dia, mesmo com receio de que eu estivesse sendo intrometida demais, resolvi perguntar o por quê de querer pintar daquela forma, mesmo com tanta dificuldade — ela fez uma pequena pausa, já esboçando um desenho na tela.

O Mistério Em Seu OlharWhere stories live. Discover now