CAPÍTULO 7

611 52 3
                                    

Lee Soo Ah

Jung Ah eonnie (é como as mulheres mais novas se dirigem às mulheres mais velhas) ainda estava dormindo quando acordei. Confesso que comecei a me preocupar depois de ver que ela já não estava de pé e arrumada para trabalhar na sua tão preciosa galeria de arte. Depois de fazer a minha higiene matinal e me vestir, mamãe bateu algumas vezes na porta do meu quarto com o objetivo de chamar a minha atenção para si.

— O que foi, mamãe? — perguntei, saindo do quarto.

— Devemos conversar na sala. Não será bom que Jung Ah escute — disse ela, com o tom de voz preocupado.

Fomos juntas a caminho da sala. Papai estava sentado no sofá e parecia nos esperar. Sua expressão era a mesma da mamãe: preocupada.

— O que houve? — indaguei.

Mamãe forçou sua mão em meu ombro como se dissesse para eu me sentar, então, eu o fiz.

— Soo Ah, você sabe por quê Jung Ah está aqui? — perguntou mamãe, dando início a conversa.

— Ela parecia triste ontem a noite. Não perguntei o motivo, imaginei que pudesse me contar quando estivesse disposta, mas me parece ser algo sério, pois ainda nem acordou para ir trabalhar — respondi.

— Meu irmão bebeu de novo — comentou papai, desviando seu olhar de mim.

— Jung Ah não sabe o que realmente aconteceu — disse mamãe.

— Meu irmão passou do limite outra vez. Ele acabou machucando minha cunhada. Eu e sua mãe acabamos de vir da delegacia.

— Delegacia? — indaguei, assustada. — E por que o tio bebeu de novo? Pensei que ele estava em tratamento.

— Minha cunhada e ele tiveram uma discussão. A casa está um caos. Fiquei sabendo pela cunhada que Jung Ah esteve lá assim que saiu da galeria, e que ficou assustada com o comportamento do pai, então logo veio para cá.

— E como está a tia? — perguntei, me referindo à mãe da minha prima.

— Está bem — respondeu o papai, parecendo duvidar de si mesmo. — Ela viajou. Diz querer passar um tempo fora de casa, e implorou que cuidássemos de Jung Ah enquanto ela organizava a papelada do divórcio.

— D-divórcio? — balbuciei. — Isso não pode acontecer, deve ter alguma coisa de errado nessa história. Jung Ah eonnie não pode... — não consegui terminar.

— Não é a primeira vez que isso acontece, Sweet Lee. Todas às vezes minha cunhada aguentou por causa da Jung Ah, mas agora, já passou do limite. Ela não quer um marido e um pai que chegue em casa com hálito de bebida e ainda por cima, use esse tipo de violência.

— Tudo vai ficar bem, querida — disse mamãe, forçando um sorriso. — Cuidaremos da Jung Ah pelo tempo que for necessário, certo? Faremos de tudo para que ela não se sinta desamparada.

Eu nunca vi papai tão decepcionado como naquele momento. Sua expressão de preocupação era tão intensa que eu me perguntava sobre quando aquela dor que também foi transmitida para mim, iria parar. Papai sempre foi alguém muito responsável e cuidadoso com sua família, mas a situação do meu tio havia se agravado precocemente de uma maneira tão desconfortável, que desta vez, ele preferiu estar do lado da justiça.

— Como vamos contar isso para Jung Ah eonnie? — perguntei, pensando na possibilidade.

— De qualquer forma, isso vai magoá-la — disse papai.

— A conheço muito bem. Ela se sentirá desconfortável e ficará com vergonha de vocês se eu contar.

— Então, eu o farei — decidiu mamãe.

O Mistério Em Seu OlharOnde as histórias ganham vida. Descobre agora