Capítulo 23 - Arrependimento

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28 de Março de 2016 – Segunda-feira / 12h21min

Tão lindo e tão bom de papo... Não parecia que ia desgraçar a minha vida, mas desgraçou! Foi apenas mais um na lista de canalhas. E já estou cansada de ver essa lista só crescer.

Eu estava tão bem... Quieta, na minha. Curtindo em paz a minha solidão. E olha que quando estou de bem comigo e com a vida, sei curtir MUITO BEM a minha solidão. Não preciso de homem algum para ser feliz. Obrigada. Aliás, não preciso de ninguém, pois sei ser feliz sozinha!

Mas por que veio desgraçar a minha vida? Por quê? Se foi você quem me procurou... Por que me fez de trouxa?

Ah como eu sou idiota!

Não! Eu não sou idiota. VOCÊ que é idiota. Eu me apaixonei por um idiota. Em poucas semanas!

Fiquei me perguntando como deixei isso acontecer e chegar aonde chegou. Fiquei me culpando. Culpando-te. Mas cheguei à conclusão que o nosso fim não foi culpa de ninguém. A nossa culpa foi começar algo sem futuro. A gente nunca daria certo mesmo...

Eu queria um companheiro de aventuras enquanto você queria uma boneca inflável. No entanto eu descobri isso tarde demais, só depois que a minha vida estava arrasada. Você queria nudes do meu corpo enquanto eu queria nudes da tua alma.

Você me fez roer as unhas enquanto escrevo esse desabafo. Estragou aquele sertanejo que eu ouvia no rádio. A blusa cinza daquela noite está jogada no chão do quarto. E o teu número no meu celular ainda está desbloqueado.

Estou esperando... Esperando você dar algum sinal de vida que me faça sorrir e suspirar, que permita o retorno das borboletas no estômago. Se bem que acho que tais borboletas não saíram de mim, pois ainda tenho esperanças que você perdoe aquela minha grosseria para que eu perdoe as tuas canalhices.

Você deve estar aguardando que eu peça perdão. Não é?! É, acho que não. Pretensão demais acreditar que alguém no nível da tua canalhice esteja aguardando meu clamor de perdão. Mas não estou em paz comigo. Fui grossa em um momento de extremo estresse emocional. Você merecia, mas perdi minha paciência na hora e no local errado.

29 de Março de 2016 – Terça-feira / 08h11min

Sonhei contigo. Que merda! Não deveria. Não depois de ter passado horas rolando na cama brigando com o meu fino lençol. Ele não é o teu corpo grande sobre mim. Sinto falta.

Por volta de duas da madrugada desejei levantar, vestir um short jeans e a minha blusa branca com zíper frontal, ir à tua casa tocar a tua campainha e te agarrar pelo pescoço. Você fecharia a porta e...

- Jéssica. – falou Dona Shirlei, minha patroa. Interrompendo meus pensamentos eloquentes.

- Oi, senhora. – respondi enquanto terminava de lavar os pratos do café da manhã.

- Meu carro está com um barulho muito estranho. Você pode dar uma olhada? Se for muito sério pode levar a uma oficina. – Ela abriu a carteira e colocou o cartão de crédito sobre a mesa.

- Posso sim, senhora. – Enxuguei as mãos em uma toalha e olhei pra ela.

- Vou trabalhar no Nissan e você fica com o Corolla por hoje. Qualquer coisa você me liga.

Eu chegava ao trabalho às 6hs da manhã, levava os meninos ao colégio, voltava para ajeitar o almoço e arrumar algo, ia novamente ao colégio para buscá-los, à tarde continuava a arrumar a casa, fazer jantar, lavar e passar roupa. Eu fazia milagre com o tempo. E entre um milagre e outro, havia as obrigações externas. Fazer a feira, levar as crianças ao médico quando tinham consultas ou adoeciam, e também ajeitar o carro sempre que dava problema. Era pesado, mas eu devia gratidão a Dona Shirlei e Ricardo. Precisava do emprego e eles me ajudaram a tirar minha carteira de habilitação.

Sexta às OitoWhere stories live. Discover now