Capítulo 21 - Onde errei?

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O que eu sentia naquela madrugada de sábado até podia ser carência, mas havia ido ao carro de Jonas porque, além disso, estava com certa expectativa. Não queria assumir nem uma coisa, nem outra. A única coisa que havia me passado a mente quando levantei da cama e me arrumei para encontra-lo no estacionamento de onde eu morava, é que eu não poderia perder essa oportunidade. Há tanto tempo queria reencontrá-lo...

Depois de tudo aquilo que aconteceu no carro, encontrava-me deitada em minha cama novamente, ainda vestida com a mesma roupa a qual vestira para encontrar-me com o rapaz dos olhos verdes, calça jeans; uma camiseta cinza; e um cardigã branco. Ainda sentia frio, mas meu corpo estava aquecido pelo edredom e pelo fogo que emanava dos poros da minha pele juvenil. Fitava, assustada, o teto do meu quarto clareado pelas luzes externas que transpassavam a janela. Ofegava.

- O que eu fiz de errado dessa vez? – pensei, já com a certeza de que Jonas não me ligaria ao amanhecer e que talvez não enviasse nem mesmo uma mensagem de consideração àquela história. Segurei o choro até pegar no sono, enquanto reprimia as chamas ardentes do fogo da paixão e recordava de quando o conheci até o momento presente.

Não esperava conhecer alguém que, fisicamente, se encaixasse tão bem ao meu gosto. Alto, moreno, olhos verdes, sorriso impecável e um corpo "normal". Apesar dos vários atributos quanto à aparência facial, eu nunca gostei muito de homens musculosos, preferindo sempre aquele meio-termo entre o magro e o gordo, normalmente considerado "fofinho", mas que eu pensava em caixa alta: GOSTOSO! E Jonas era isso. Sim, TUDO isso!

Àquela época não coloquei expectativas, pois estava afobada com os estudos. Com o tempo eu e Jonas fomos deixando de nos falar e não dei por falta das conversas com aquele que preenchia fielmente os requisitos físicos para ser meu amado.

Entendam, queridos. Não era a questão de estética visual, e sim questão de toque, arrepio, conexão.

*~*~*

Trouxa e marcada!

Ao amanhecer daquele sábado olhei-me no espelho e vi meus lábios machucados e o pescoço marcado pela voracidade de um Jonas que eu desconhecia.

E agora? Não posso sair de casa assim! Não posso nem sair do quarto sem antes fazer alguma coisa... Estou marcada. Por quanto tempo?! Por quantos dias ficarei assim? – pensei, diante do espelho.

Jonas não ligou! Nem mesmo mensagem mandou.

Mas eu sou diferente. As outras ficam esperando a mensagem, mas eu não vou esperar. Eu posso mandar antes dele. Por que não? Ah, não. Não vou mandar não. Ele que mande... Já fui idiota demais em permiti-lo fazer o que fez.

Arrumei-me e saí com umas amigas. Claro que, só após cobrir com maquiagem as marcas deixadas por Jonas. Vi-me linda, fotografei-me e não resisti. Enviei uma mensagem com minha foto, acreditando que o par de olhos verdes fosse dar um mínimo de atenção, fosse elogiar-me. Mas não. Ele respondeu horas depois apenas dando boa noite e sem marcar reencontro.

No dia seguinte, à tarde, tentei novamente, enviando um "Oi" o qual foi secamente respondido. Oh garota trouxa, viu?! Fato é que por volta das 20hs cansei de esperar e na hora da raiva digitei: "Olha, se você não quiser mais nada, pelo menos avisa, mas ficar me deixando no vácuo não dá." Enviei e arrependi-me no ato, mas já era tarde para voltar atrás, ainda mais depois que Jonas respondeu: "Ok."

Foi aí que eu tive certeza que fiz besteira. Não em enviar aquela mensagem, mas antes, muito antes. Talvez quando disse que as coisas haveriam de acontecer conforme a minha vontade... Ou quando assumi ser virgem e que permaneceria assim até o casamento... Ou quando me joguei para cima de Jonas e o permiti tocar partes íntimas do meu corpo... Não. Eu errei quando, ao receber a ligação dele às 23:30hs daquela sexta-feira, deixei-me levar pela esperança de uma oportunidade, tomei banho e desci para encontrar-me com o rapaz no estacionamento em seu carro.

Sexta às OitoWhere stories live. Discover now