Em um movimento automático, suas testas estavam juntas, assim como as pontas dos narizes que se tocavam.

— Eu te amo, Caetano. — Os dedos dentro dos fios escuros acariciavam a nuca de Ana enquanto deleitavam-se com suas respirações misturadas e o silêncio nada incômodo que se instalara no quarto. Ana sabia que nunca, em sua existência, houve alguém que fazia seu coração mudar de ritmo como Vitória fazia, com ou sem intenção. A cacheada era dona de cada descompasso causado dentro de si. Durante o beijo, os dedos de Vitória só se perderam ainda mais em meio ao cabelo de Ana, enquanto a outra mão, apoiada no colchão, sustentava seu corpo. Ana se desfez do lençol que cobria o corpo que afirmava ser o mais belo que seus olhos já viram, traria o calor de volta com seu próprio. Passou uma de suas pernas sobre as de Vitória e a fez encostar na cabeceira depositando todo o peso do seu corpo contra o da morena. Já nuas, devido a estarem prestes a repetir o que tinham feito uma hora atrás, as mãos buscavam tocar novamente cada milímetro que alcançassem, e quanto mais contato conseguiam, mais queriam. Ana juntou suas mãos, entrelaçando seus dedos em cada lado da cabeça de Vitória, se afastando em seguida e a olhando tão entregue, com seu cabelo escuro e curto bagunçado sobre a fronha, seus lábios avermelhados como consequência do beijo ávido, seu peito que subia e descia devido à respiração ofegante. Cada linha, cada curva da mulher que amava, era seu caminho trilhado para sua plena satisfação. Sorriu sozinha com seu pensamento sobre o quanto de sorte tinha, o sorriso involuntário que refletiu nos lábios de Vitória. Sem soltar suas mãos, passou a beijar o colo de Vitória, aproveitando-se de cada mínimo espaço permitido para ser amado.

Por conta das suas posições, seus sexos coincidiam já mostrando o anseio por prazer, e o movimento do quadril de Ana que se intensificava aos poucos, seguindo o tempo ditado pelas mãos de Vitória, que se soltaram para segurá-lo, era só uma fração do que causava reações indefinidas. Os lábios de Vitória, e sua língua, vez ou outra seus dentes, proporcionavam prazer nos seios de Ana, em uma troca de atenção. Prazer para si, nessas horas, era proporcionado até mesmo pelos gemidos gradativos e a voz rouca que emitia palavras e frases curtas carregadas de sensualidade. Por Vitória ter dito explicitamente o que queria, Ana inverteu as posições, deixando as pernas da namorada aos lados das suas, ouvindo, bem próximo ao seu ouvido, a satisfação da outra mulher ao deslizar para dentro dela seu dedo médio e o anelar de sua destra. Vitória movimentava seu quadril conseguindo ainda mais contato. Era comum os ombros de Ana ficarem com marcas causadas pela namorada sempre que estava perto de atingir seu ápice, e Vitória não hesitou em deixar em sua pele alva só mais uma lembrança da noite.

Ana diminuiu a intensidade dos movimentos que seus dedos faziam e tirou-os quando o corpo de Vitória relaxou sob o seu.

— Hey. — Sussurrou. Estava apoiada em seus cotovelos de modo que ainda ficava sobre Vitória, essa que tinha seus olhos fechados e a respiração alterada, mas abriu-os e arqueou as sobrancelhas aguardando a morena falar.

— Fala, Caetano.

— Você é linda. — As três palavras de Ana fizeram o coração de Vitória disparar.

— Você é a única que acha isso. Mas obrigada.

— Eu enxergo beleza em cada mínimo detalhe seu. Você é beleza, Vitória Falcão, em todos os sentidos. — Colocou para trás da orelha o cabelo de Vitória que estava prestes a cair sobre seu rosto. O sorriso que recebera por sua sinceridade era daqueles que a fazia derreter. - Você sabia que não existe mulher hétero perto de você ? - Logo Ana escutou a gargalhada alta de Vitória.

— Não exagere Ninha — Soltou outra gargalhada lembrando no que a morena disse— E por isso que você se apaixonou por me senhorita Ana Clara?

— E eu sou apaixonada em cada mínimo detalhe seu, sabia? Daqui para frente, quero que tenha em mente que em cada vez que eu disser que te amo, estarei dizendo sobre cada coisa que compõe você como um todo, seja interna ou externamente, até mesmo as imperceptíveis. Você é o ser mais lindo que poderia ter cruzado o meu caminho.— A mão de Vitória estava pousada sobre a face de Ana, e seu polegar a acariciava. Sorriu ao perceber que os olhos dela estavam ficando marejados.

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