— Desfaz essa cara de enterro, ela vai vir. — Cruzou os braços.

— Obrigada. — Agradeceu pela bebida e suspirou. — Ela não responde minhas mensagens.

— Ela só está atrasada, venha, vou te apresentar a alguns amigos. — Letícia a puxou em direção a uma rodinha de pessoas no meio do jardim e fez as devidas apresentações. Estavam em um assunto que fugia dos entendimentos da morena, portanto, apenas observava calada ao lado da amiga que estava mais animada que nunca. Percebeu o olhar de um das amigas de Letícia, qual foi apresentada como Clarissa. Seus olhares se encontraram e ela recebeu um sorriso de canto. Jamais negaria que ela era linda e poderia até ser interessante, mas sua mente estava demasiadamente ocupada por estar preocupada com outra pessoa para se importar.

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— Você não pode sair assim sem dar satisfações ao seu marido. — isabel interviu assim que Vitória colocou a mão na maçaneta para sair de casa. Ela havia questionado o tempo todo onde a filha iria nesse horário, muito bem arrumada e sozinha. Apareceu em sua casa os convidando para um jantar em família, uma desculpa sem fundamento para mais uma vez tentar manipular sua própria filha.

— Ele não é meu marido. — Falou pausadamente sem olhar para a mãe.

— Vocês ainda são casados! — Alterou o tom de voz.

— No papel!

— Enquanto estiverem casados no papel vocês ainda são casados! Eu vim até a sua casa para jantarmos juntos, você não vai a lugar algum. — Disse retirando a mão de Vitória da maçaneta. Ela cerrou os punhos e olhou para sua mãe e Luis. Se fosse demonstrar toda a raiva que estava sentindo, certamente causaria uma discussão ainda maior, e era o que menos precisava.

— Deixe ela ir, não é a primeira vez que isso acontece. — Luis colocou a mão no ombro de Isabel, que olhava para a filha como se ainda tivesse algum domínio sobre ela.

— Vocês dois se merecem.— Sua mão alcançou a maçaneta de volta e só então percebeu o quanto estava tremendo, seu corpo inteiro estava tenso. Parou do lado de fora e procurou se acalmar antes de ir para a casa de Letícia, a qual já nem sentia mais tanta vontade de ir. Gostaria de um lugar calmo, porém iria mesmo assim, até porque, um dos seus lugares calmos estava lá. Assim que desbloqueou o celular, já dentro do carro, para ver o endereço, viu que haviam inúmeras mensagens de Ana e uma chamada perdida, foi como um peso tirado de cima de si quando notou a preocupação da morena, ao menos ainda tinha pessoas que prezavam seus sentimentos. A veria em minutos e já estava atrasada, então voltou a guardar o celular sem responder. Assim que colocou os pés no local da festa, Letícia empurrou Ana com o cotovelo e indicou com a cabeça para Vitória.

— Eu disse que ela viria. — Sorrindo, levou Ana consigo para receber a médica. — Hey, atrasada.

— Hey, me perdoe pelo atraso. — Sorriu. — Feliz aniversário. — A abraçou por segundos e assim que se separaram, lhe entregou o presente.

— Obrigada, e obrigada de novo por ter vindo. Sinta-se a vontade, é como a casa da Aninha. — Se afastou deixando as duas sozinhas.

— Aconteceu o que dessa vez? Você está bem? — Ana soltou como um suspiro.

— O de sempre, escape. Estou bem na medida do possível.

— Luis? Sua mãe?

— Ambos.

Ana passou seu braço pelo braço de Vitória, a levando até a mesa onde estava antes que por sorte ainda continuava vazia.

— Quer falar sobre? — Disse assim que se sentaram.

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